Depois da Palma de Ouro por “Gosto de Cereja” em 1997 e o prêmio de atriz para Juliette Binoche em 2010 - em “Cópia Fiel”, rodado na Itália - o iraniano Abbas Kiarostami, um dos diretores mais importantes do mundo hoje, viajou para o outro lado do mundo.
Neste ano, ele compete em Cannes com “Like Someone in Love”, rodado no Japão apenas com atores japoneses.
“Like Someone in Love” é um irmão próximo de “Cópia Fiel” no seu fascinante jogo sobre a identidade humana e as relações entre pessoas que mal se conhecem.
Divulgação
Cena de "Like Someone In Love"
Uma garota de programa espera clientes num bar da moda e logo mais, ela deve encontrar a avó que acaba de chegar a Tóquio para visitá-la.
Mas seu cafetão a obriga a ir visitar um cliente, um professor idoso culto e retraído - ela pensa que ele quer sexo, mas na verdade só quer companhia.
Ela dorme na casa dele, e no dia seguinte ele lhe dá uma carona até a faculdade, onde conhece sem querer o namorado possessivo da moça.
O rapaz o toma pelo avô dela, o professor assume o papel, e assim começa aquele jogo parecido ao de “Cópia Fiel”: o espectador tem que montar um quebra-cabeça a partir da imagem que cada personagem faz dos outros personagens.
AFP Photo/Valery Hache
Os atores Ryo Kase e Tadashi Okuno, o diretor iraniano Abbas Kiarostami e a atriz Rin Takanashi posam o Festival de Cannes, hoje pela manhã
Como o Irã vive numa ditadora mais que repressiva, Kiarostami começou a buscar as produções internacionais.
Para este, ele inspirou-se em seus mestres Kurosawa, Mizoguchi e principalmente Yasugiro Ozu.
“Durante anos eu brincava com minha equipe que um dia iria filmar no Japão”, contou.
“Trabalho para que o meu imaginário chegue a todos os meus espectadores independente da geografia. Meus filmes são a prova de que os seres humanos se parecem todos, apesar das diferenças. Se eu não pudesse encontrar um denominador comum entre japoneses, iranianos e franceses, não poderia dirigir este filme”.
Durante muito tempo, Kiarostami pensou em batizar o filme de “The End”, mas percebeu que o filme não tinha nem começo nem final definido.
“Percebi que é isso que sempre acontece na vida real”, explicou.
O novo título foi tirado de uma canção de jazz da Diva Ella Fitzgerald - que toca numa cena-chave do filme.
Confira o trailer de "Like Someone in Love":
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Com Thiago Stivaletti, do UOL, em Cannes
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