segunda-feira, 5 de abril de 2010

SE O PROBLEMA NÃO EXISTE, AS "OTÔRIDADES" INVENTAM UM!

Pessoal:

O último verão foi inesquecível para quem mora em São Paulo.
Choveu uma estupidez sobre a cidade nos últimos meses.
Medições disseram que foi o janeiro mais chuvoso da história.
Outras fontes falaram que o volume de água ficou um tantinho abaixo do registrado no longínquo janeiro de 1947.

Se os especialistas ainda divergem, é certo que o verão de 2009-2010 colocou a cidade frente a frente com sua inviabilidade.

Vivemos, com intensidade talvez inédita, a experiência do colapso urbano.
Foram dias de muitos transtornos, sucessivos traumas, vários deles previstos e até aguardados, o velho clichê da crônica da tragédia anunciada.

Se São Pedro nunca caprichou tanto, o poder público se revelou especialmente relapso.

Ainda no dia 10 de fevereiro, depois de ver a cidade castigada durante quase dois meses, o prefeito Bolinha Kassab chamou de "ridícula" e "vergonhosa" a sujeira de um piscinão que vistoriava de helicóptero.
Na mesma época dessa tardia indignação oficial, centenas de moradores do Jardim Pantanal, na zona leste, vivendo havia mais de 60 dias sob as águas, protestavam em frente à prefeitura.
Como estarão hoje esses coitados?

No início de janeiro, lí que, dos 180 endereços que haviam alagado na capital desde dezembro, quase 40% eram novos ou não constavam das áreas atingidas nos últimos dois anos.

O Tietê voltou a inundar e até um peixe foi encontrado no túnel Tribunal de Justiça, que ficou submerso!
Foi a jóia da coroa do humor negro, o desgoverno da nossa Veneza improvisada.

Manutenção adequada, investimentos estratégicos, planejamento urbano -as providências de curto, médio e longo prazos são conhecidas há muito tempo pelas autoridades.

Foto: Arquivo

Marginal do Rio Tietê: depois de anos, voltou a ficar alagada

E como sempre acontece, em se tratando de nossos queridos governantes, sempre prestativas quando o tema é o bem estar da população, nos próximos meses o tamanho e a gravidade do problema vão ser progressivamente esquecidos.

Até que dezembro venha de novo mostrar que não é mais possível tratar as enchentes como um trauma de verão, que vem e passa, ou que algum anjo toque o coração do sem noção que governa a cidade.

Agora, se o problema das enchentes vai ficar esquecido até o próximo verão, nossas "ôtoridades" deram um jeitaço de nos arrumar outro problemão, nas "maiores obras viárias do país" - segundo a propanda tucana, que nos bombardeou seguidas vezes, até no mesmo intervalo comercial.

O trecho sul do rodoanel e a ampliação das pistas da marginal tietê foram inaugurados literalmente nas coxas, sem pintura no asfalto, sem placas e sem iluminação, só para que o Serra Nomuro pudesse cortar a fita e posar para as fotos e os vídeos - que os tucanos aproveitarão na próxima campanha presidencial - antes de largar o osso do governo paulista.

Passo sempre pela ponte da Casa Verde, e observo dali as pistas da marginal, nos dois sentidos.
Na semana passada, ví diversos acidentes, que não teriam acontecido se a obra tivesse sido entregue pintada, com as placas informativas e, principalmente iluminada.

Foto: Folha de S.Paulo

Trecho sul do rodoanel: sem sinalização, os acidentes graves acontecem

Se os paulistanos estão nesses dias literalmente perdidos - e não existe ainda um GPS que dê jeito nessa bagunça que a dupla Bolinha/Norumo é responsável -, o que dirá os viajantes que chegarem a Sampa por esses dias?
Ontem mesmo, precisei instruir um casal de Araraquara que, perdido, saiu da marginal e entrou no bairro, em busca de ajuda.

As obras são importantes, mas desde que sejam entregues totalmente prontas.

Desse jeito, o povo fica é com raiva do Bolinha e do Nomuro, e não votarão mais neles nem pra fiscal de quarteirão.
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Acompanhe também a coluna acima em vídeo/áudio:

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