sábado, 10 de abril de 2010

GIOTTO, CARAVAGGIO E PICASSO

Pessoal:

Vamos passear pelo mundo das Artes?

Giotto "secreto" é encontrado em capela de Florença

Restauradores usando raios ultravioletas redescobriram magníficos detalhes originais das pinturas de Giotto na capela Peruzzi, na igreja Santa Croce, em Florença, que tinham ficado ocultos durante séculos.

Foto: Alessandro Bianchi/Reuters
Restauradores examinam um quadro de Giotto

"Descobrimos um Giotto secreto", disse Isabella Lapi Ballerini, diretora do Opificio delle Pietre Dure, de Florença, um dos mais respeitados laboratórios de restauração de arte no mundo.

Mais de uma dúzia de restauradores e pesquisadores iniciaram no ano passado um projeto ambicioso de "diagnóstico não invasivo" para averiguar as condições da capela de 12 metros de altura, que Giotto pintou por volta do ano 1320.

O objetivo do estudo, financiado em parte por uma doação da Fundação Getty, de Los Angeles, era colher informações sobre a capela de 170 metros quadrados. As informações seriam usadas para orientar uma restauração futura.

Durante o projeto, que durou quatro meses, restauradores trabalhando sobre três andares de andaimes de aço descobriram que, quando olharam as pinturas sob luz ultravioleta, puderam enxergar detalhes espantosos que não são visíveis ao olho nu.

"Foi algo realmente surpreendente", disse Cecilia Frosinini, coordenadora do projeto que estudou as cenas das vidas de São João Evangelista e São João Batista.

"Sabíamos que poderíamos obter resultados muito interessantes do diagnóstico científico, mas, quando olhamos as pinturas sob a luz ultravioleta, de repente essas pinturas muito gastas, estragadas por restaurações antigas, ganharam vida nova", disse ela, apontando para uma cena e usando óculos de proteção.

Acredita-se que as pinturas feitas por Giotto na capela lanciforme exerceram grande influência sobre Michelangelo, que nasceu quase 140 anos após a morte de Giotto e que pintou a Capela Sistina no início do século 16.

Os restauradores de hoje estão enxergando os detalhes que Michelangelo viu quando admirou as pinturas de Giotto, visto como um dos artistas que lançou as sementes do Renascimento italiano.

"As cenas voltaram a ser tridimensionais. Pudemos ver os efeitos de chiaroscuro", disse ela. "Havia corpos sob as vestimentas. Eles se tornaram tridimensionais. Tornou-se possível enxergar as dobras das roupas, as expressões dos rostos."

A capela Peruzzi foi imortalizada na cena do livro "Um Quarto com Vista", de E.M. Forster, em que a jovem Lucy Honeychurch é apresentada aos trabalhos de Giotto por seu futuro marido, George Emerson.

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Novos estudos e reedições desfazem mitos sobre Caravaggio

No balneário italiano de Porto Ercole, historiadores estão afundados nesta semana em ossadas e caveiras do século 17, à procura dos restos mortais do pintor Michelangelo Merisi, o Caravaggio.

Ao mesmo tempo, desde fevereiro filas se estendem por quarteirões em Roma, para ver os quadros deixados pelo artista que virou sinônimo do barroco, tema dessa exposição que já arrastou 240 mil pessoas à Cidade Eterna.

Morto há exatos 400 anos - não se sabe se de febre repentina ou se assassinado por algum desafeto - Caravaggio não deixou vestígio, cartas, diários ou anotações, a não ser a obra revolucionária que foi capaz de construir em 38 anos de vida.

Sempre deixado à sombra dos mestres renascentistas, ele voltou ao centro da história da arte italiana só no século 20, mas sofreu com leituras truncadas de sua obra até agora.
Novos estudos que acabam de sair no exterior, um catálogo completo de suas pinturas lançado pela editora Taschen e um livro da historiadora alemã Sybille Ebert-Schifferer, tentam desconstruir os mitos em torno da figura polêmica do artista que inventou o "chiaroscuro" e injetou doses hipertrofiadas de drama na pintura ocidental.

Por aqui, e no rasatro dessa reabilitação histórica, sai no segundo semestre, pela Cosac Naify, a primeira edição brasileira do clássico do historiador Roberto Longhi sobre o pintor.
Em "Caravaggio" - escrito na década de 1950 - o italiano conseguiu renovar o interesse pelo artista, sem pesar a mão nos detalhes sórdidos de sua vida privada, como o fato que Caravaggio matou um homem numa briga de rua, e que usou mendigos, prostitutas e andarilhos como modelos para suas representações de narrativas bíblicas - passagens de vida que os filmes feitos sobre o artista carregam com fortes tintas.
Mas a ideia que vigorou entre alguns historiadores de que ele tentou ser um agente provocador, crítico ferrenho Igreja Católica - e só por isso, eu a-do-ro ele! - e talhado para a vida fora da lei, pode deixar de ser o mais importante, diante de uma nova análise de suas obras.

Divulgação
"Judite e Holoferne", de Michelangelo Merisi, o Caravaggio

"Uma distorção é pensar que ele era esse boêmio de levada estranha, que deixou sua vida influenciar o modo como pintava suas peças religiosas", afirma Sebastian Schütze, autor de "Caravaggio".
"Ele estava muito envolvido na cultura da Contrarreforma, pintava para os cardeais mais importantes."

Tanto que seu uso de gente comum vestindo roupas da época para montar suas alegorias bíblicas fazia parte da operação do Vaticano de levar a vida eclesiástica ao cotidiano de um povo que perdia a fé.

"Não era para fazer escândalo que usava esses modelos", diz Ebert-Schifferer. "Estava atendendo pedidos do clero."

Também perde força a ideia de um Caravaggio imediatista, que registrava na tela os traços de seus personagens sem muita elaboração posterior.
Ao mesmo tempo em que se tornou célebre por usar modelos vivos e menosprezar estudos, Caravaggio não podia ter arquitetado cenas tão complexas sem maior planejamento prévio.

Sob nova luz, fica claro que o artista tentou travar um diálogo com Michelangelo e Leonardo Da Vinci, opondo às composições clássicas suas cenas de caráter teatral transbordante.

"Ele estudava os modelos, depois transformava suas formas, tinha uma tipologia de faces", diz Ebert-Schifferer.
"Na composição, havia sempre uma invenção, por exemplo, o sangue que esguicha do pescoço de Holoferne não cairia daquele jeito, ele não poderia ter observado um decapitado no ateliê."

Mas enquanto novos estudos tentam desligar sua vida de excessos à leitura de seus quadros, um detalhe ainda destoa do conjunto.
Quando retrata Davi segurando pelos cabelos a cabeça de Golias derrotado, faz do rosto do gigante um autorretrato.
Em vez de se colocar na pele de um herói, Caravaggio prefere a tragédia, sinal de que viveu uma vida sob ameaça.

Um grande artista, e um dos meus favoritos.

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"Guernica" vai ficar no museu Rainha Sofia de Madri

Armestre/AFP
"Guernica",de Pablo Picasso, no Museu Rainha Sofia, em Madri, Espanha

O quadro "Guernica" de Picasso, ambicionado pelo Museu do Prado e reclamado no País Basco, permanecerá no Museu Rainha Sofia, segundo o centro madrileño de arte contemporânea e pelo governo espanhol.

"Guernica" é uma obra emblemática e central da coleção de arte contemporânea do museu e o estado de conservação, considerado muito delicado, exclui qualquer deslocamento, anunciou o conselho de administração da Rainha Sofia.

"'Guernica' pertence ao Rainha Sofia e está bem onde está", declarou a ministra da Cultura, Angeles González-Sinde.

Pintado por Pablo Picasso em Paris em 1937 para protestar contra o bombardeio no mesmo ano da cidade basca de Guernica pela aviação nazista - e por isso considerado sua obra prima - o quadro viajou muito pela Europa e Estados Unidos, já que o artista, antifranquista até a medula, nunca permitiu que a obra voltasse à Espanha enquanto Franco estivesse no poder.

Assim, durante muito tempo ficou exposto no Museu de Arte Moderna de Nova York, onde foi restaurado, antes de entrar na Espanha - já democratizada em 1981 - , primeiro no Prado e depois no Rainha Sofia, desde 1992, onde está desde então.

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Obra renegada pelo autor, Picasso "sexual" será exposta em Nova York

E por falarmos do mestre Picasso, o Museu Metropolitan de Nova York informou ontem que vai expor uma obra do artista que, segundo o comunicado, "envolve certa carga sexual". A obra foi renegada pelo próprio pintor, e ficou guardada nos porões do museu durante os últimos 28 anos.

Em uma exposição que começa no próximo dia 27, o Met exibirá a obra, batizada de "Cena Erótica", que mostra uma mulher nua sentada em uma cama e com a cabeça enfiada entre as pernas um rapaz, vestido apenas com um suéter e deitado em um travesseiro. Ou seja, o Mestre Picasso imortalizou a imortal "Chupetinha"!

"Foi uma piada entre amigos", disse Picasso (1881-1973) a seu companheiro Pierre Daix sobre a obra, pintada no início do século XX e que, no final do mês, estreará nas galerias do museu nova-iorquino junto a outras 300 pinturas do artista espanhol.

Divulgação
"Cena Erótica", de Picasso - Aqui no Brasil, chamamos de "Chupetinha" mesmo...

O Met expôs o quadro em 1982 e seus responsáveis afirmaram que ele não foi exibido novamente por não considerá-lo suficientemente bom, além de terem negado que sua temática sexual tenha algo a ver com isso.

A exposição acontecerá até o dia 1º de agosto e coincide com outras mostras do Mestre na cidade, como a da galeria Marlborugh - sobre a visão de Picasso sobre as mulheres - , ou a do Museu de Arte Moderna (MoMa - sobre seu processo criativo nos primeiros anos do século 20.

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