Já se vão 15 anos, quando o crítico Amir Labaki cismou de reunir, na tela, os documentários produzidos no Brasil e no mundo.
Cartaz da edição desse ano
A partir daí, o Festival É TUDO VERDADE - que no primeiro ano apresentou 40 brasileiros inscritos - nesta edição viu esse número saltar para 450 - entre curtas, longas e médias-metragens -, que, somados os filmes vindos do exterior, dá um total de 1.200 títulos.
Divulgação
"Segredos da Tribo", de José Padilha, abre o "É Tudo Verdade" no Rio
Em 2009, os documentários responderam por 45% das estreias nacionais.
E esse número expressivo é resultado direto das novas tecnologias.
O Diretor Silvio Tendler, que nos anos 1980 vendeu milhões de ingressos com os documentários "O Mundo Mágico dos Trapalhões" e "Jango",gastava, nessa época, mais de R$ 300, apenas em negativo, para filmar dez minutos de entrevista. E ele diz:
"Hoje, com R$ 10, você compra uma fita que grava um hora."
Almir Labaki identifica outro fator, como a "valorização do discurso não ficcional".
Na era dos celulares que registram o que acontece à nossa volta, e de crise das chamadas grandes narrativas, o documentário, e sua tentativa de roçar o real, teriam adquirido uma contemporaneidade quase involuntária.
"A aceitação maior do documentário deve-se também à introdução de linguagens antes consideradas estranhas no âmbito do cinema", diz Lucas Bambozzi, que, ao migrar da videoarte para o documentário, trouxe novas texturas para as imagens.
"Ouso dizer que o documentário ocupou um espaço tão significativo que influenciou a ficção", diz Maria Dora Mourão, professora da Escola de Comunicações e Artes da USP.
Cartaz da edição desse ano
A partir daí, o Festival É TUDO VERDADE - que no primeiro ano apresentou 40 brasileiros inscritos - nesta edição viu esse número saltar para 450 - entre curtas, longas e médias-metragens -, que, somados os filmes vindos do exterior, dá um total de 1.200 títulos.
Divulgação
"Segredos da Tribo", de José Padilha, abre o "É Tudo Verdade" no Rio
Em 2009, os documentários responderam por 45% das estreias nacionais.
E esse número expressivo é resultado direto das novas tecnologias.
O Diretor Silvio Tendler, que nos anos 1980 vendeu milhões de ingressos com os documentários "O Mundo Mágico dos Trapalhões" e "Jango",gastava, nessa época, mais de R$ 300, apenas em negativo, para filmar dez minutos de entrevista. E ele diz:
"Hoje, com R$ 10, você compra uma fita que grava um hora."
Almir Labaki identifica outro fator, como a "valorização do discurso não ficcional".
Na era dos celulares que registram o que acontece à nossa volta, e de crise das chamadas grandes narrativas, o documentário, e sua tentativa de roçar o real, teriam adquirido uma contemporaneidade quase involuntária.
"A aceitação maior do documentário deve-se também à introdução de linguagens antes consideradas estranhas no âmbito do cinema", diz Lucas Bambozzi, que, ao migrar da videoarte para o documentário, trouxe novas texturas para as imagens.
"Ouso dizer que o documentário ocupou um espaço tão significativo que influenciou a ficção", diz Maria Dora Mourão, professora da Escola de Comunicações e Artes da USP.
Tanto a professora quanto Labaki defendem que, hoje, o cinema brasileiro encontra mais invenção e novidade no documentário que na ficção.
Documentarista das antigas, Vladimir Carvalho abraça essa visão, e vai além: "Me parece que, aqui, a ficção ou é milionária ou é voltada para o próprio umbigo. No documentário, o diretor é obrigado a se vincular ao real."
Menos compromissado com resultados comerciais, o documentário também é, naturalmente, um terreno mais propício a passos arriscados.
Pena que nós ainda não tenhamos por aqui um fenômeno como o do norte-americano Michael Moore, que arrecada milhões de dólares.
Documentarista das antigas, Vladimir Carvalho abraça essa visão, e vai além: "Me parece que, aqui, a ficção ou é milionária ou é voltada para o próprio umbigo. No documentário, o diretor é obrigado a se vincular ao real."
Menos compromissado com resultados comerciais, o documentário também é, naturalmente, um terreno mais propício a passos arriscados.
Pena que nós ainda não tenhamos por aqui um fenômeno como o do norte-americano Michael Moore, que arrecada milhões de dólares.
Os 38 documentários nacionais lançados no cinema em 2009 tiveram, ao todo, 390 mil espectadores, e as 46 ficções somaram 15 milhões.
A média de permanência de um documentário em cartaz também é mínima, já que poucos ultrapassam as duas semanas.
Claudio Manoel, diretor de "Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei" - que fez 70 mil espectadores graças a um boca a boca merecidíssimo -, diz que, após mais de um ano tentando lançar o filme, encontrou várias portas trancadas.A média de permanência de um documentário em cartaz também é mínima, já que poucos ultrapassam as duas semanas.
"Conseguimos apenas 22 salas em todo o país, um número gigantesco para documentários. A luta para atingir mais praças foi árdua e inglória. Capitais como Vitória possuem, no máximo, uma sala dita de "arte". Na época do lançamento, na capital capixaba o cinema "artístico" exibia "Se Eu Fosse Você 2"."
Com tudo isso, ainda acho inacreditável que a TV brasileira continue ignorando solemente esse fenômeno.
A presença de tantos títulos nas salas de cinema se deve muito à virtual omissão da TV aberta ou fechada frente aos documentários, com exceção do Canal Brasil e das TVs públicas. "Na Europa, no Canadá e, em menor escala, nos EUA, a TV é um parceiro essencial do documentário", diz Labaki.
Aqui, essa história poderia ser outra, bastava nossas TV - que passam tanta porcaria em todos os horários - quererem.
É TUDO VERDADE
Quando: em São Paulo, abertura ao público na sexta; no Rio, no sábado
Onde: em diversas salas, confira em www.etudoverdade.com.br
Quanto: Gratuito
Apoio:
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