A cabeleireira Ariadna Thallia Arantes, de 26 anos, não esconde o orgulho por ter sido a primeira participante transexual do reality show "Big Brother Brasil", da TV Globo - participa agora de uma espécie de "repescagem" com outros quatro eliminados do programa; um deles voltará domingo ao "reality".
Divulgação / GloboAriadna Thallia
A modelo Lea T., de 28 anos, que nasceu Leandro Cerezo, entrou para a história da São Paulo Fashion Week no último domingo, ao desfilar para o estilista Alexandre Herchcovitch e rompeu preconceitos País afora: após ser a estrela da campanha da Givenchy, está no ranking do site models.com, entre as tops mais importantes do mundo.
Karel Losenicky/Way Model/DivulgaçãoA modelo Lea T.
Longe dos holofotes, contudo, os transexuais vivem uma situação nada glamourosa.
Eles enfrentam obstáculos para ter acesso à saúde, à educação e ao mercado de trabalho.
A maquiadora e Diva dos palcos paulistanos Gretta Sttar, 55 anos, conta que sentiu o preconceito ao comprar seu apartamento.
“Quando toda a papelada estava pronta, o subsíndico viu o meu nome de registro, masculino, e disse que eu não poderia morar lá”, lembra.
Arquivos do KlauA maquiadora e performer Gretta Sttar
Desempregado, o educador infantil Alexandre Santos, 38 anos, se apega no apoio da família para encarar a situação.
“Daqui a pouco vão criar um condomínio só para nós. Quero ter o direito de ir e vir como qualquer cidadão”, diz.
Para o psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, ainda há muita ignorância em relação a travestis e transexuais por parte dos profissionais de saúde.
“No meio médico existe a crença de que o travesti é um marginal ou de que o transexual é imoral.”
Mesmo diante desse quadro, especialistas dizem que houve avanço em relação ao tema desde 1997, quando o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou, ainda em caráter experimental, a cirurgia de troca de sexo.
“Antes, essa população não era vista, vivia na marginalidade social. Desde então, mudou muito o padrão de inserção social”, diz Saadeh.
A partir de agora, um novo avanço: o Hospital Pérola Byington passará a fazer operações de retirada de mamas, útero e ovários no caso dos transexuais que queiram se tornar homens.
Santos já está na fila do Pérola, e diz que só pensa em se livrar do constrangimento de ser chamado de Alexandra, nome que consta em seu documento, nas salas de espera dos consultórios médicos.
“É muito constrangedor, pois minha fisionomia é totalmente contrária ao nome. Parece que fazem de propósito”.
Ele lembra que é seu direito, garantido pelo decreto estadual nº 55.558 de 2010, ser chamado pelo nome social que escolheu.
No Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais (Ambulatt) do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, criado em 2009, transexuais não correm o risco de passar por situações embaraçosas: a equipe, composta por clínicos, endocrinologistas, proctologistas, psiquiatras e psicólogos, é treinada justamente para evitar isso.
“Podemos receber qualquer pessoa que não se sinta adequada ao corpo”, explica a assistente social Maria Filomena Cernicchiaro, diretora do ambulatório.
Segundo ela, a instituição atende 550 pessoas e oferece assistência à saúde geral do paciente, suporte psicológico e tratamentos específicos – como o de hormonioterapia, além da triagem e preparação para as cirurgias de troca de sexo.
Maria conta que, para evitar a discriminação, “muitos transexuais e travestis só procuram os serviços de saúde quando o problema já é muito grave”.
Segundo ela, “é uma vida inteira sofrendo preconceito, inicialmente da família e dos amigos, e da escola, de todos os serviços que a pessoa precisa procurar.”
A transexual Keila Simpson, vice-presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), lembra que, além da criação de mais serviços médicos especializados, é preciso que as escolas também se adaptem para receber esse público.
“Os travestis e transexuais não estão na escola porque ela não os acolhe. Assim, eles não se formam e não se preparam para o futuro, ficando à margem do mercado de trabalho”, afirma.
Divulgação / GloboAriadna Thallia
A modelo Lea T., de 28 anos, que nasceu Leandro Cerezo, entrou para a história da São Paulo Fashion Week no último domingo, ao desfilar para o estilista Alexandre Herchcovitch e rompeu preconceitos País afora: após ser a estrela da campanha da Givenchy, está no ranking do site models.com, entre as tops mais importantes do mundo.
Karel Losenicky/Way Model/DivulgaçãoA modelo Lea T.
Longe dos holofotes, contudo, os transexuais vivem uma situação nada glamourosa.
Eles enfrentam obstáculos para ter acesso à saúde, à educação e ao mercado de trabalho.
A maquiadora e Diva dos palcos paulistanos Gretta Sttar, 55 anos, conta que sentiu o preconceito ao comprar seu apartamento.
“Quando toda a papelada estava pronta, o subsíndico viu o meu nome de registro, masculino, e disse que eu não poderia morar lá”, lembra.
Arquivos do KlauA maquiadora e performer Gretta Sttar
Desempregado, o educador infantil Alexandre Santos, 38 anos, se apega no apoio da família para encarar a situação.
“Daqui a pouco vão criar um condomínio só para nós. Quero ter o direito de ir e vir como qualquer cidadão”, diz.
Para o psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, ainda há muita ignorância em relação a travestis e transexuais por parte dos profissionais de saúde.
“No meio médico existe a crença de que o travesti é um marginal ou de que o transexual é imoral.”
Mesmo diante desse quadro, especialistas dizem que houve avanço em relação ao tema desde 1997, quando o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou, ainda em caráter experimental, a cirurgia de troca de sexo.
“Antes, essa população não era vista, vivia na marginalidade social. Desde então, mudou muito o padrão de inserção social”, diz Saadeh.
A partir de agora, um novo avanço: o Hospital Pérola Byington passará a fazer operações de retirada de mamas, útero e ovários no caso dos transexuais que queiram se tornar homens.
Santos já está na fila do Pérola, e diz que só pensa em se livrar do constrangimento de ser chamado de Alexandra, nome que consta em seu documento, nas salas de espera dos consultórios médicos.
“É muito constrangedor, pois minha fisionomia é totalmente contrária ao nome. Parece que fazem de propósito”.
Ele lembra que é seu direito, garantido pelo decreto estadual nº 55.558 de 2010, ser chamado pelo nome social que escolheu.
No Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais (Ambulatt) do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, criado em 2009, transexuais não correm o risco de passar por situações embaraçosas: a equipe, composta por clínicos, endocrinologistas, proctologistas, psiquiatras e psicólogos, é treinada justamente para evitar isso.
“Podemos receber qualquer pessoa que não se sinta adequada ao corpo”, explica a assistente social Maria Filomena Cernicchiaro, diretora do ambulatório.
Segundo ela, a instituição atende 550 pessoas e oferece assistência à saúde geral do paciente, suporte psicológico e tratamentos específicos – como o de hormonioterapia, além da triagem e preparação para as cirurgias de troca de sexo.
Maria conta que, para evitar a discriminação, “muitos transexuais e travestis só procuram os serviços de saúde quando o problema já é muito grave”.
Segundo ela, “é uma vida inteira sofrendo preconceito, inicialmente da família e dos amigos, e da escola, de todos os serviços que a pessoa precisa procurar.”
A transexual Keila Simpson, vice-presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), lembra que, além da criação de mais serviços médicos especializados, é preciso que as escolas também se adaptem para receber esse público.
“Os travestis e transexuais não estão na escola porque ela não os acolhe. Assim, eles não se formam e não se preparam para o futuro, ficando à margem do mercado de trabalho”, afirma.
PERSONALIDADE E CORPO EM PERFEITA SINTONIA
O transexual é o homem ou a mulher que tem uma identidade de gênero diferente do sexo com o qual nasceu.
Diferentemente do que ocorre com o travesti, o transexual geralmente tem o desejo de se submeter a uma intervenção cirúrgica para adequar seus órgãos sexuais à sua personalidade.
O psiquiatra Danilo Baltieri, coordenador do Ambulatório de Transtorno da Sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC, diz que nem sempre é tão fácil estabelecer diferenças entre
travestis e transexuais.
“Nos EUA, por exemplo, já não se usa mais esses dois termos. Tudo é incluído na categoria de ‘transtorno de identidade de gênero', para evitar essa confusão”.
Alguém que tenha nascido mulher, mas que se identifique como homem - caso de Alexandre Santos- é um homem transexual.
Já aquele que nasceu homem, mas tem personalidade feminina - caso de Gretta Sttar - é uma mulher transexual.
Para o homem transexual, além da cirurgia de retirada das mamas, ovários e útero, também existe a possibilidade de um procedimento de construção do pênis.
Essa cirurgia, chamada de neofaloplastia, ainda é considerada experimental no Brasil.
Já a mulher transexual tem a opção de fazer a neocolpovulvoplastia, que é a transformação
do pênis em uma vagina, já realizada por meio doSUS.
O procedimento consiste na retirada do pênis e dos testículos, construção de uma cavidade vaginal com a pele do pêni,s e formação dos lábios vaginais com a pele do saco escrotal.
*****
Matéria da jornalista Mariana Lenharo, publicada no "Jornal da Tarde" de domingo, 30.01.
Diferentemente do que ocorre com o travesti, o transexual geralmente tem o desejo de se submeter a uma intervenção cirúrgica para adequar seus órgãos sexuais à sua personalidade.
O psiquiatra Danilo Baltieri, coordenador do Ambulatório de Transtorno da Sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC, diz que nem sempre é tão fácil estabelecer diferenças entre
travestis e transexuais.
“Nos EUA, por exemplo, já não se usa mais esses dois termos. Tudo é incluído na categoria de ‘transtorno de identidade de gênero', para evitar essa confusão”.
Alguém que tenha nascido mulher, mas que se identifique como homem - caso de Alexandre Santos- é um homem transexual.
Já aquele que nasceu homem, mas tem personalidade feminina - caso de Gretta Sttar - é uma mulher transexual.
Para o homem transexual, além da cirurgia de retirada das mamas, ovários e útero, também existe a possibilidade de um procedimento de construção do pênis.
Essa cirurgia, chamada de neofaloplastia, ainda é considerada experimental no Brasil.
Já a mulher transexual tem a opção de fazer a neocolpovulvoplastia, que é a transformação
do pênis em uma vagina, já realizada por meio doSUS.
O procedimento consiste na retirada do pênis e dos testículos, construção de uma cavidade vaginal com a pele do pêni,s e formação dos lábios vaginais com a pele do saco escrotal.
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Matéria da jornalista Mariana Lenharo, publicada no "Jornal da Tarde" de domingo, 30.01.
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Comentário escolhido:
ADOREI A MATERIA, VENHO DE UMA FAMILIA DE QUATRO TRANSEXUAIS E SENTIMOS NA PELE TODAS AS DIFICULDADES SITADAS.
DESDE UMA SIMPLES COMPRA DE UM APARTAMENTO ATé O CONSTRANGIMENTO NOS ATENDIMENTOS HOSPITALARES, NUNCA SABEM COMO NOS CHAMAR, SE ENCONTRAMOS PESSOAS DESPROVIDAS DE PRECONSEITOS E COM O CORAçäO ABERTO A ACEITAR AS DIFERENçAS SEMPRE SOMOS BEM RECEBIDAS MAS INFELIZMENTE NEM SEMPRE é ASSIM.
MAS PELO MENOS EM SäO PAULO ISSO JA ESTA MUDANDO AGORA é LEI TEMOS O DIREITO SIM DE SERMOS CHAMADAS PELO NOME QUE CONDIZ COM NOSSA APARECIA FISICA.
NA éPOCA DA MINHA TIA (SAMANTHA 50 ANOS TRANSEXUAL) ERA UMA VERDADEIRA CAçA AS BRUXAS, QUANDO ELA IA AO CIMEMA ERA A ULTIMA A ENTRAR, QUANDO O FILME JA HAVIA COMEçADO E A PRIMEIRA A SAIR PARA Ñ SOFRER AGREçöES NAS RUAS DA PEQUENA CIDADE.
TEMPOS DIFICEIS AQUELES, ESTOU MUITO FELIZ EM VER TRANSEXUAIS EM PROGRAMAS DE TV E NAS PASSARELAS DE TODO O MUNDO, MESMO QUE A PASSOS DE FORMIGAS ACREDITO QUE TUDO ESTA MUDANDO E MATERIAS COMO ESSA NOS FAZ ACREDITAR QUE EXISTE SIM LUZ NO FIM DO TUNEL.
ADOREI A MATERIA, VENHO DE UMA FAMILIA DE QUATRO TRANSEXUAIS E SENTIMOS NA PELE TODAS AS DIFICULDADES SITADAS.
DESDE UMA SIMPLES COMPRA DE UM APARTAMENTO ATé O CONSTRANGIMENTO NOS ATENDIMENTOS HOSPITALARES, NUNCA SABEM COMO NOS CHAMAR, SE ENCONTRAMOS PESSOAS DESPROVIDAS DE PRECONSEITOS E COM O CORAçäO ABERTO A ACEITAR AS DIFERENçAS SEMPRE SOMOS BEM RECEBIDAS MAS INFELIZMENTE NEM SEMPRE é ASSIM.
MAS PELO MENOS EM SäO PAULO ISSO JA ESTA MUDANDO AGORA é LEI TEMOS O DIREITO SIM DE SERMOS CHAMADAS PELO NOME QUE CONDIZ COM NOSSA APARECIA FISICA.
NA éPOCA DA MINHA TIA (SAMANTHA 50 ANOS TRANSEXUAL) ERA UMA VERDADEIRA CAçA AS BRUXAS, QUANDO ELA IA AO CIMEMA ERA A ULTIMA A ENTRAR, QUANDO O FILME JA HAVIA COMEçADO E A PRIMEIRA A SAIR PARA Ñ SOFRER AGREçöES NAS RUAS DA PEQUENA CIDADE.
TEMPOS DIFICEIS AQUELES, ESTOU MUITO FELIZ EM VER TRANSEXUAIS EM PROGRAMAS DE TV E NAS PASSARELAS DE TODO O MUNDO, MESMO QUE A PASSOS DE FORMIGAS ACREDITO QUE TUDO ESTA MUDANDO E MATERIAS COMO ESSA NOS FAZ ACREDITAR QUE EXISTE SIM LUZ NO FIM DO TUNEL.
UM SUPER BEIJO
MARCELA VOLPATO - Zurich - Suíça
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