"Burlesque", de Steve Antin, estreia da cantora Christina Aguilera como atriz, é construído com alguns ingredientes mais que batidos em filmes do gênero: a loirinha divertida e sonhadora, que joga para o ar o avental de garçonete num bar do interior, para viver o sonho de ser cantora em Los Angeles.
Mesmo que Ali, a personagem interpretada pela cantora, não tenha enfrentado tantas dificuldades, sua alma está impregnada pelo sofrimento: trabalhando como garçonete no Burlesque, um bar de strip-tease em Los Angeles, a incansável garota não sossega até convencer a proprietária, Tess - a Diva das Divas Cher, afastada do cinema desde 2003, quando fez "Ligado em Você" e aqui no pior papel de sua carreira notável no cinema, disparado - a contratá-la como dançarina de sua companhia, que diverte os frequentadores do bar.
DivulgaçãoCher e Aguilera, em cena do filme
O passo seguinte é convencê-la de que pode cantar, porquê só a personagem de Cher tem esse privilégio - as demais coristas apenas interpretam os números coreografados por Tess com figurinos de Sean - Stanley Tucci - numa direção de arte, coreografias e iluminação que nem disfarçar serem descaradamente copiados de "Cabaret" (1972), de Bob Fosse.
Mas "Burlesque" não é "Cabaret", muito menos o fantástico "Moulin Rouge" (2001), de Baz Luhrmann, e nem Aguilera é Liza Minnelli ou Nicole Kidman, que não só cantam como interpretam divinamente.
Tudo isso joga contra esse musical de Steve Antin: seu filme não mergulha nos dramas e desafios dos personagens - Tess também é uma sofredora, está afundada em dívidas e prestes a perder o clube, mas o diretor prefere seguir a máxima de que o show tem de continuar, apesar de tudo.
Só que, aqui, o problema é que o tal show se estende por intermináveis 116 minutos, com a apresentação de sucessivos números de dança, que servem de aperitivo para o momento mais aguardado, quando Aguilera finalmente será autorizada a cantar, e ela consegue esse privilégio de forma inesperada, ao entoar à capela um blues de Etta James - a magnífica "Tough Love" - com uma linda voz que comove a plateia.
É o melhor momento, dela e do filme.
A boa recepção à performance da cantora serve de estímulo para Tess reformular os números musicais de seu cabaré, colocando Ali como protagonista.
É aí que entra Nikki - Kristen Bell - a competitiva dançarina que era destaque da companhia, mas caiu em desgraça por causa da bebida e agora vê em Ali uma rival perigosa, só que a loirinha não quer prejudicar ninguém, só pensa em fazer o que mais gosta, cantar.
Se a mocinha não diz nunca a que veio, o que dizer de Nikki, a vilã? Desaparece na trama mal costurada do filme.
Enquanto os números musicais prosseguem, e como o filme parece que nunca acaba, ainda dá tempo para criar uma história romântica para Ali, assediada por um construtor e frequentador do bar, Marcus - Eric Dane, de "Grey's Anatomy" - e também pelo garçom Jack - Cam Gigandet - com quem divide o apartamento onde mora.
"Burlesque" venceu um Globo de Ouro - melhor canção original - "You haven't seen the last of me" - e está indicado a várias categorias do Framboesa de Ouro - aquele que premia os piores do ano.
Eu, se fosse a Cher, continuaria com meus shows em Las Vegas, onde a Diva sempre tem casa lotada.
Voltar às telonas só por voltar?
É muito pouco para uma atriz maravilhosa como ela, ganhadora de um Oscar por "Feitiço da Lua" (1987).
Confira o trailer do filme:
*****
"BURLESQUE"
Título original: Burlesque
Diretor: Steve Antin
Produção: Screen Gems / Columbia
Distribuição: Sony Pictures
Elenco:
Mesmo que Ali, a personagem interpretada pela cantora, não tenha enfrentado tantas dificuldades, sua alma está impregnada pelo sofrimento: trabalhando como garçonete no Burlesque, um bar de strip-tease em Los Angeles, a incansável garota não sossega até convencer a proprietária, Tess - a Diva das Divas Cher, afastada do cinema desde 2003, quando fez "Ligado em Você" e aqui no pior papel de sua carreira notável no cinema, disparado - a contratá-la como dançarina de sua companhia, que diverte os frequentadores do bar.
DivulgaçãoCher e Aguilera, em cena do filme
O passo seguinte é convencê-la de que pode cantar, porquê só a personagem de Cher tem esse privilégio - as demais coristas apenas interpretam os números coreografados por Tess com figurinos de Sean - Stanley Tucci - numa direção de arte, coreografias e iluminação que nem disfarçar serem descaradamente copiados de "Cabaret" (1972), de Bob Fosse.
Mas "Burlesque" não é "Cabaret", muito menos o fantástico "Moulin Rouge" (2001), de Baz Luhrmann, e nem Aguilera é Liza Minnelli ou Nicole Kidman, que não só cantam como interpretam divinamente.
Tudo isso joga contra esse musical de Steve Antin: seu filme não mergulha nos dramas e desafios dos personagens - Tess também é uma sofredora, está afundada em dívidas e prestes a perder o clube, mas o diretor prefere seguir a máxima de que o show tem de continuar, apesar de tudo.
Só que, aqui, o problema é que o tal show se estende por intermináveis 116 minutos, com a apresentação de sucessivos números de dança, que servem de aperitivo para o momento mais aguardado, quando Aguilera finalmente será autorizada a cantar, e ela consegue esse privilégio de forma inesperada, ao entoar à capela um blues de Etta James - a magnífica "Tough Love" - com uma linda voz que comove a plateia.
É o melhor momento, dela e do filme.
A boa recepção à performance da cantora serve de estímulo para Tess reformular os números musicais de seu cabaré, colocando Ali como protagonista.
É aí que entra Nikki - Kristen Bell - a competitiva dançarina que era destaque da companhia, mas caiu em desgraça por causa da bebida e agora vê em Ali uma rival perigosa, só que a loirinha não quer prejudicar ninguém, só pensa em fazer o que mais gosta, cantar.
Se a mocinha não diz nunca a que veio, o que dizer de Nikki, a vilã? Desaparece na trama mal costurada do filme.
Enquanto os números musicais prosseguem, e como o filme parece que nunca acaba, ainda dá tempo para criar uma história romântica para Ali, assediada por um construtor e frequentador do bar, Marcus - Eric Dane, de "Grey's Anatomy" - e também pelo garçom Jack - Cam Gigandet - com quem divide o apartamento onde mora.
"Burlesque" venceu um Globo de Ouro - melhor canção original - "You haven't seen the last of me" - e está indicado a várias categorias do Framboesa de Ouro - aquele que premia os piores do ano.
Eu, se fosse a Cher, continuaria com meus shows em Las Vegas, onde a Diva sempre tem casa lotada.
Voltar às telonas só por voltar?
É muito pouco para uma atriz maravilhosa como ela, ganhadora de um Oscar por "Feitiço da Lua" (1987).
Confira o trailer do filme:
*****
"BURLESQUE"
Título original: Burlesque
Diretor: Steve Antin
Produção: Screen Gems / Columbia
Distribuição: Sony Pictures
Elenco:
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