sábado, 12 de fevereiro de 2011

FESTIVAL DE BERLIM: COMO FOI O SÁBADO

Confira o que aconteceu hoje, no Festival de Cinema de Berlim:


VIOLÊNCIA EM NY COM ATRIZ DE "PRECIOSA" DISPUTA O URSO DE PRATA

A cineasta nova-iorquina Victoria Mahoney apresentou neste sábado no Festival de Berlim seu primeiro longa-metragem, "Yelling to the sky", um filme que fala da violência entre os jovens de Nova York em plena era Obama.

O longa, que está na disputa pelo Urso de Prata, se passa num colégio onde estudam mestiços e afroamericanos, e onde se vê uma foto do presidente Barack Obama na sala do diretor.
Mas, nas ruas, as coisas não parecem ter mudado e a violência e a venda de drogas imperam.

A jovem Sweetness, interpretada pela carismática Zoé Kravitz, é agredida por um bando de jovens vizinhos e companheiros de escola, comandados pela intransigente Latonya, interpretada pela atriz Gabourey Sidibe, conhecida por seu papel em "Preciosa".

Sweetness é passiva e sofre a perseguição até que, de repente, resolve abandonar os estudos e vender drogas, se aliando com pessoas que colocam sua liberdade em perigo.

CONFIRA O TRAILER DO FILME:


"A violência e o abuso não dependem de quem é branco ou negro, essa situação existe em muitos lugares. Quis mostrar os conflitos inerentes à condição humana, mas, para mim, esse filme não trata especialmente sobre dor e violência e sim sobre a busca de Sweetness por ser alguém, por encontrar seu destino", explicou Mahoney à imprensa.


FILME PERUANO ABRE A MOSTRA JUVENIL

O Peru abriu neste sábado com o filme "Las Malas Intenciones" a participação latino-americana na mostra juvenil do Festival de Berlim - serão exibidos ainda filmes argentinos, venezuelanos, brasileiros, chilenos e paraguaios.

O longa-metragem da diretora Rosario García-Montero - o relato de uma menina solitária que não compreende o mundo que a rodeia - foi apresentado na primeira parte da mostra "Generation" em um grande teatro abarrotado de espectadores especializados e um público jovem.

DivulgaçãoA diretora Rosario García-Montero instrui a menina Fátima Búntinx durante as filmagens

Com quase duas horas de duração, o filme explora o rico universo interior de Cayetana - Fátima Búntinx - uma menina de 9 anos que luta sem sucesso para que os adultos reparem nela.

No entanto, sua mãe - grávida e viciada em Valium - seu pai biológico, seu pai adotivo e seus familiares próximos se encontram muito ocupados com o dia a dia para cuidar da menina.

"Não sou invisível!", grita Cayetana em uma das últimas cenas de um longa-metragem repleto de metáforas e ligações internas.
Diante da falta de compreensão daqueles que a rodeiam, a protagonista desenvolve um mundo no qual sua imaginação consegue encaixar as peças soltas do quebra-cabeças da realidade que não entende.

A mostra "Generation", que conta com uma seleção de cerca de 60 títulos de 23 países, acolhe principalmente longas-metragens que contam com protagonistas crianças ou adolescentes, ou estão dirigidas a um público juvenil.

A América Latina também está representada nesta popular mostra por outras quatro produções, tanto longas quanto curtas-metragens.

Entre os primeiros estão "El chico que miente", uma co-produção entre Venezuela e Peru, da diretora Marité Ugás, e o filme brasileiro "Ensolarado", de Ricardo Targino.

Já as obras latinas de curta duração incluem "Blokes", da diretora chilena Marialy Rivas, e "Calle última", do paraguaio Marcelo Martinessi.

a América Latina tem um papel relevante na 61ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim,principalmente por contar com dois filmes na seção oficial, que concorrem ao Urso de Ouro.

SITUAÇÃO DE IMIGRANTES NA ALEMANHA VIRA COMÉDIA

A jovem cineasta alemã Yasemin Samdereli - nascida em Dortmund e filha de pais turcos - conta em tom de comédia as dificuldades de integração dos filhos de imigrantes na sociedade alemã contemporânea no filme "Almanya", exibido neste sábado (12) no Festival de Berlim, fora de competição.

Getty Images

As produtoras Annie Brunner e Ursula Werner, a roteirista Nesrin Samdereli, a diretora Yasemin Samdereli e o produtor Andreas Richter, do filme "Almanya - Welcome to Germany"
(12/02/2011)

"Almanya", que tem o subtítulo "Willkommen in Deutschland" (bem-vindo à Alemanha) é a forma como os turcos chamam o país.

O filme, com roteiro de Nesrin Samdereli, irmã da cineasta, mostra a evolução da situação destes estrangeiros procedentes de Istambul e Anatolia, que ajudaram na concretização do "milagre alemão" - o longa se passa em 1964, quando o imigrante de número um milhão foi recebido na então Alemanha Ocidental.

As irmãs Samdereli relatam a história do "milhão e um", Huseyin Yilmaz, e de sua família, ao longo do período de 45 anos, que termina com o discurso de agradecimento do neto de Huseyin - a terceira geração - à chanceler Angela Merkel.


"SLEEPING SICKNESS" ATACA ASSISTENCIALISMO E É O PRIMEIRO CONCORRENTE ALEMÃO AO URSO DE OURO

"Sleeping Sickness"
é o primeiro concorrente alemão a ser exibido na edição 2011 da Berlinale.

Inspirado nas memórias do diretor Ulrich Köhler, cujos pais trabalharam na África, e em clássicos como "No Coração das Trevas", de Joseph Conrad, o filme conta a história de um médico francês de origem africana que vai para Camarões em visita de inspeção a um projeto financiado pela Organização Mundial de Saúde.

Ao chegar lá, encontra o médico alemão responsável pelo projeto, em uma situação de completo caos.

Getty Images

Os atores Jean-Christophe Folly, Pierre Bokma, Jenny Schily Hippolyte Girardot ao lado do diretor Ulrich Koehler (de camisa cinza), elenco do filme "Sleeping Sickness (12/02/2011)

O filme dividiu a plateia de jornalistas que assistiu ao filme esta manhã no Berlinale Palast - muitos aplaudiram e uma parte igualmente grande assobiou e deu risadas do fim enigmático.

Na entrevista coletiva que se seguiu, com a presença de Köhler e dos atores Pierre Bokma, Jean Christophe Folly, Jenny Schily e Hippolyte Girardot, essa divisão de avaliação apenas se acentuou: m uitas perguntas eram antecedidas, como de costume, por elogios, mas houve quem acusasse o filme de ser "confuso" e, para fazer uma analogia com a metáfora do título, "sonolento".

O diretor alemão se defendeu como pode, dizendo que sua intenção principal era mostrar como o assistencialismo europeu na África pode ser ao mesmo tempo benéfico e nocivo, moralizante e corruptor.
"Minha intenção era mostrar como funciona o mundo desses estrangeiros que prestam assistência na África", disse ele, cujos pais trabalharam anos no Zaire. "Sempre me perguntei como essas pessoas conseguem viver em um ambiente em que eles vivem como privilegiados. Certamente, é muito difícil querer abandonar benesses como salários altos, casas enormes, funcionários."

É justamente nessa situação que se encontra Ebbo, personagem de Bokma, quando o filme começa.

Ele está prestes a ser substituído e voltar para a Alemanha coma mulher e a filha, mas, por razões que o filme não explica deliberadamente, ele permanece.

E o ponto de vista muda subitamente para Nzilla, interpretado por Folly, que chega da França para avaliar outro projeto no qual o médico alemão trabalha, supostamente para erradicar a "doença do sono", uma patologia endêmica em países africanos.

Repleto de metáforas que envolvem lendas locais, mudanças narrativas, elipses inexplicáveis, "Sleeping Sickness" tem pelo menos o dom da ousadia, no sentido de que faz tentativas onde apenas cineastas como o tailandês Apichatpong Weerasethakulse aventuraram com algum sucesso.

Para um júri presidido por Isabella Rossellini e com o cineasta Guy Madin como integrante essa tentativa pode bastar.

FILME MEXICANO/ARGENTINO LOTOU A PLATÉIA

O filme que foi apresentado como mexicano na mostra competitiva do Festival de Berlim, quem diria, é praticamente argentino.

Apesar de ter sido produzido por México, França, Polônia e Alemanha, "El Premio", que teve a primeira sessão ontem e lotou os 1,8 mil lugares do Friedrichstadt Palast na tarde deste sábado (12), foi dirigido por uma argentina, Paula Markovitch, e conta uma historia também argentina.

Não podem ser chamados de falastrões os argentinos, portanto, se disserem que têm dois filmes na restrita competição de Berlim, que seleciona apenas 16 títulos do mundo todo - e que não tem nenhum brasileiro.

Markovich levou à tela uma historia autobiográfica: "El Premio" acompanha os dias de uma menina de sete anos que, por razões que não consegue compreender, tem de viver com a mãe num lugar isolado.

A vida da garota na escola e a amizade com as crianças da pequena localidade ocupam parte da narrativa.

Como de pano de fundo estão, porém, o fantasma da opressão e os pequenos e grandes crimes que o exército argentino cometeu.



YOUTUBE INVADE BERLIM, COM SUA APOSTA DE MOSTRAR PESSOAS COMUNS

O YouTube marcou presença neste sábado pela primeira vez em um festival internacional de cinema, com a exibição na Berlinale de "Life in a day", um relato multicultural e colaborativo da vida de pessoas comuns em um dia qualquer.

Uma sacerdotisa hindu em Bali, um coreano que cruza o planeta de bicicleta, um menino engraxate peruano, um fotógrafo afegão e uma menina catalã que sobe até o topo de um castelo - estes são alguns dos ingredientes do projeto, com o qual o YouTube quis celebrar seu quinto ano de existência.

Para produzir o filme, proposto pela popular plataforma digital, foi solicitado que voluntários de todo o mundo gravassem fragmentos de sua rotina no dia 24 de julho, e que os enviassem para que fosse feita uma fotografia da humanidade em um determinado instante.

"Foi assombroso. Recebemos 81 mil vídeos de 192 países, cerca de 4.500 horas de gravações, a maioria de amadores. Acabamos selecionando uns 1.200 clipes de vídeo de todo o mundo", explicou à Agência Efe o codiretor e editor do longa-metragem, Joe Walker.

"Life in a day", que contou com a direção do escocês Kevin Macdonald - de "O Último Rei da Escócia" - pretende mostrar contrastes entre ricos e pobres, crianças e idosos, sortudos e azarados e destacar o que une a humanidade.

Confira o teaser:


"Não queríamos dar uma lição de moral ou parecer um anúncio de Coca-cola, mas desejávamos demonstrar que, no final das contas, as pessoas se importam com as mesmas coisas, que têm medo das mesmas coisas", apontou Walker.

O relato de uma mulher recém-operada entre a vida e a morte, a história de outra que tem seu marido - um soldado americano - desdobrado no Afeganistão, e a mulher obesa que aparece em roupas íntimas dizendo que tem medo de seu corpo são alguns desses momentos impactantes.

Após a avalanche de gravações que receberam de todo o mundo, uma equipe de editores demorou dois meses para assistir a todo o material.

Em seguida foram necessárias mais três semanas para selecionar os melhores vídeos e, por último, mais seis semanas para concluir a montagem final.

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Com Agências Internacionais

Redação Final: Cláudio Nóvoa

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