O diretor inglês Danny Boyle estreou no cinema em 1994 com "Cova Rasa", um filme com uma história bizarra sobre amizade, traições e sangue - quase um conto macabro.
Depois veio, em 1996, "Trainspotting", um filme que ajudou a difundir sua reputação de cineasta indie, de talento e gosto pela subversão - tanto temática quanto narrativa.
Mas, em mais de 15 anos de carreira, o diretor caiu num conformismo, rendendo-se a fórmulas fáceis - como "Quem Quer Ser um Milionário?" e "Caiu do Céu" - até veículos para grandes astros - Leonardo Di Caprio, no auge, logo após "Titanic", com "A Praia", seguramente o pior filme da carreira do bom ator que Di Caprio é.
Assim, Boyle nunca mais esteve à altura do seu começo promissor e, aqui, continua ladeira abaixo.
Antes, é necessário diferenciar entre a história - verídica - do verdadeiro Aron Ralston e a que Boyle mostra em "127 Horas" - que estreia nessa sexta (18) em circuito nacional e concorre a 6 Oscars - entre eles, melhor filme e ator, para James Franco.
DivulgaçãoJames Franco, em cena de "127 Horas"
Na realidade, Ralston ficou 127 horas com o braço preso entre duas rochas, num cânion, em Utah, e teve de amputá-lo sozinho para conseguir sobreviver uma terrível história que, em 2003, saiu em jornais do mundo todo e, mais tarde, virou um livro de memórias.
No filme, um engenheiro por formação, e aventureiro por natureza, Ralston - interpretado por James Franco - passa o final de semana escalando montanhas, e poucos incidentes cruzam seu caminho: um par de garotas - interpretadas por Kate Mara e Amber Tamblyn, que têm pouca experiência e também estão explorando a mesma região.
O filme se ocupa delas por pouco tempo. Os três se divertem numa piscina natural dentro de uma caverna, mas depois o protagonista segue sozinho.
Minutos mais tarde, cai numa fenda e uma rocha desliza por cima dele, prendendo seu braço, e começa aí suas 127 horas de agonia que dá título ao filme.
Para retratar isso, Boyle se vale de alguns malabarismos e muita pirotecnia, tentando segurar 90 minutos de um homem contra a natureza - para criar o filme, o diretor tinha material em que se apoiar, o vídeo-diário que o próprio Ralston manteve naqueles dias, além do próprio sobrevivente para contar a sua história.
Essa é uma trama que beira o existencialismo - o toque de aventura se esvai logo no começo. É a história de um homem no limite que não pode fazer outra coisa para matar o tempo a não ser pensar em sua vida, lembrando-se da infância e dos pais - Treat Williams e Kate Burton.
Mas Boyle é um diretor que não se contenta em narrar: divide a tela em três, usa imagens aceleradas e outros recursos que, no fim, só diluem a força que a narrativa tem a oferecer.
Flashbacks ecoam pela mente de um Ralston quase agonizante que, entre uma tentativa e outra de se libertar, pensa na família, nos amigos e em tudo que está perdendo, preso entre duas rochas.
Há dois anos, Boyle ganhou o Oscar de direção com "Quem Quer Ser um Milionário?" - outra história de um jovem que triunfa contra as adversidades graças ao amor.
Sim, porque por mais que esteja enterrado nas entrelinhas, há um componente estranho de romance aqui, pois, afinal, o protagonista só toma as medidas mais drásticas depois de uma premonição sobre seu futuro caso consiga escapar dali.
É inegável que há um certo sadismo num filme em que transforma em um espetáculo visual uma amputação a sangue frio, é verdade que Boyle não espetaculariza o clímax, mas, nem por isso evita a grandiloquência - especialmente com a trilha de A.R. Rahman - quando finalmente decide transformar Ralston numa espécie de herói involuntário, que passa a valorizar a vida depois de ter chegado perto da morte.
Se você tiver estômago fraco, nem vá ver: a cena da amputação é de vomitar, e existem inúmeros relatos, lá de fora e aqui no Brasil, de espectadores que passaram muito mal nas salas de cinema - na preestreia, ví vários casos.
Claustrofóbico - e filmado contínuamente, sete dias por semana, em cenário que recria perfeitamente o cânion, para que Franco e equipe técnica mergulhassem de cabeça na história - a obra pode ser chamado de cinema graças a James Franco, um ator acima da média, que está simplesmente estupendo - se eu fosse eleitor do Oscar, votava nele para "Best Actor".
Já para "Best Director"...
Confira o trailer do filme:
*****
"127 HORAS"
Título original: 127 Hours
Diretor: Danny Boyle
Produção: Everest Entertaiment
Distribuição: Fox Searchlight
Elenco:
James Franco
Kate Mara
Amber Tamblyn
Sean Bott
Clémence Poésy
Gênero: Drama, Suspense, baseado em fatos reais
Duração: 94 min.
Ano: 2010
Data da Estreia: 18/02/2011
Cor: Colorido
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
País: EUA, Reino Unido
COTAÇÃO DO KLAU:
Depois veio, em 1996, "Trainspotting", um filme que ajudou a difundir sua reputação de cineasta indie, de talento e gosto pela subversão - tanto temática quanto narrativa.
Mas, em mais de 15 anos de carreira, o diretor caiu num conformismo, rendendo-se a fórmulas fáceis - como "Quem Quer Ser um Milionário?" e "Caiu do Céu" - até veículos para grandes astros - Leonardo Di Caprio, no auge, logo após "Titanic", com "A Praia", seguramente o pior filme da carreira do bom ator que Di Caprio é.
Assim, Boyle nunca mais esteve à altura do seu começo promissor e, aqui, continua ladeira abaixo.
Antes, é necessário diferenciar entre a história - verídica - do verdadeiro Aron Ralston e a que Boyle mostra em "127 Horas" - que estreia nessa sexta (18) em circuito nacional e concorre a 6 Oscars - entre eles, melhor filme e ator, para James Franco.
DivulgaçãoJames Franco, em cena de "127 Horas"
Na realidade, Ralston ficou 127 horas com o braço preso entre duas rochas, num cânion, em Utah, e teve de amputá-lo sozinho para conseguir sobreviver uma terrível história que, em 2003, saiu em jornais do mundo todo e, mais tarde, virou um livro de memórias.
No filme, um engenheiro por formação, e aventureiro por natureza, Ralston - interpretado por James Franco - passa o final de semana escalando montanhas, e poucos incidentes cruzam seu caminho: um par de garotas - interpretadas por Kate Mara e Amber Tamblyn, que têm pouca experiência e também estão explorando a mesma região.
O filme se ocupa delas por pouco tempo. Os três se divertem numa piscina natural dentro de uma caverna, mas depois o protagonista segue sozinho.
Minutos mais tarde, cai numa fenda e uma rocha desliza por cima dele, prendendo seu braço, e começa aí suas 127 horas de agonia que dá título ao filme.
Para retratar isso, Boyle se vale de alguns malabarismos e muita pirotecnia, tentando segurar 90 minutos de um homem contra a natureza - para criar o filme, o diretor tinha material em que se apoiar, o vídeo-diário que o próprio Ralston manteve naqueles dias, além do próprio sobrevivente para contar a sua história.
Essa é uma trama que beira o existencialismo - o toque de aventura se esvai logo no começo. É a história de um homem no limite que não pode fazer outra coisa para matar o tempo a não ser pensar em sua vida, lembrando-se da infância e dos pais - Treat Williams e Kate Burton.
Mas Boyle é um diretor que não se contenta em narrar: divide a tela em três, usa imagens aceleradas e outros recursos que, no fim, só diluem a força que a narrativa tem a oferecer.
Flashbacks ecoam pela mente de um Ralston quase agonizante que, entre uma tentativa e outra de se libertar, pensa na família, nos amigos e em tudo que está perdendo, preso entre duas rochas.
Há dois anos, Boyle ganhou o Oscar de direção com "Quem Quer Ser um Milionário?" - outra história de um jovem que triunfa contra as adversidades graças ao amor.
Sim, porque por mais que esteja enterrado nas entrelinhas, há um componente estranho de romance aqui, pois, afinal, o protagonista só toma as medidas mais drásticas depois de uma premonição sobre seu futuro caso consiga escapar dali.
É inegável que há um certo sadismo num filme em que transforma em um espetáculo visual uma amputação a sangue frio, é verdade que Boyle não espetaculariza o clímax, mas, nem por isso evita a grandiloquência - especialmente com a trilha de A.R. Rahman - quando finalmente decide transformar Ralston numa espécie de herói involuntário, que passa a valorizar a vida depois de ter chegado perto da morte.
Se você tiver estômago fraco, nem vá ver: a cena da amputação é de vomitar, e existem inúmeros relatos, lá de fora e aqui no Brasil, de espectadores que passaram muito mal nas salas de cinema - na preestreia, ví vários casos.
Claustrofóbico - e filmado contínuamente, sete dias por semana, em cenário que recria perfeitamente o cânion, para que Franco e equipe técnica mergulhassem de cabeça na história - a obra pode ser chamado de cinema graças a James Franco, um ator acima da média, que está simplesmente estupendo - se eu fosse eleitor do Oscar, votava nele para "Best Actor".
Já para "Best Director"...
Confira o trailer do filme:
*****
"127 HORAS"
Título original: 127 Hours
Diretor: Danny Boyle
Produção: Everest Entertaiment
Distribuição: Fox Searchlight
Elenco:
James Franco
Kate Mara
Amber Tamblyn
Sean Bott
Clémence Poésy
Gênero: Drama, Suspense, baseado em fatos reais
Duração: 94 min.
Ano: 2010
Data da Estreia: 18/02/2011
Cor: Colorido
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
País: EUA, Reino Unido
COTAÇÃO DO KLAU:
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