Já passava das 16h quando a Marcha contra Homofobia pelo PLC 122/2006 - nome do projeto de lei que criminaliza atos homofóbicos - resolveu deixar a concentração na praça do Ciclista e tomar a avenida Paulista, neste sábado (19).
Sem patrocínio nem carros alegóricos, todos tinham voz no microfone aberto no carro de som.
Organizado pelo grupo Ato Anti-Homofobia - que surgiu no Facebook, em 2010 - em virtude dos ataques homofóbicos na Paulista e da carta do chanceler Augustus Nicodemus Gomes Lopes, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que condenava a homossexualidade - a manifestação chegou a reunir de 800 a mil pessoas segundo a Polícia Militar.
Robson Ventura/Folhapress
Manisfestante na Marcha, no último sábado
Sem os carros de som com música alta, o tom politizado aconteceu do começo ao fim da Marcha.
Mesmo com discursos feitos no chão de políticos profissionais como a Ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário, da senadora Marta Suplicy (PT-SP), dos deputados federais Ivan Valente e Jean Wyllys (ambos do PSOL) e do deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP), o que mais emocionou foi quando militantes leram em voz alta o nome dos homossexuais assassinados no país e a multidão respondia: Presente!
Também foi político a denúncia de assédio moral contra gays que uma gerente do Viena fazia com seus funcionários: ao passar perto do restaurante, ouviu-se uma sonora vaia, assim como foi cobrada uma postura menos homofóbica dos empresários quando a Marcha passou pela Fiesp - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
Terra Notícias
A senadora Marta, e o deputado Willis, na Marcha, sábado passado
Mas, muito diferente do senso comum que acredita que a palavra política vem acompanhada com a palavra chatice, a passeata foi extremamente bem humorada.
Faixas como "Travesti é Respeito" e "Homofobia é o novo Mubarak", além de gritos como "Chega de transfobia, sou travesti também na luz do dia" deram um tom mais leve a um assunto considerado pesado para boa parte da sociedade brasileira.
A Marcha acabou no número 777 da Avenida Paulista - local de um dos ataques homofóbicos no ano passado - com discursos de diversas entidades e grupos políticos.
O centro é a região da cidade onde ocorrem mais agressões do gênero, segundo a mais recente pesquisa feita pelo CCH (Centro de Combate à Homofobia), com dados computados entre 2006 e 2009.
No fim, um beijaço meio tímido encerrou a manifestação.
Apartidária, a Marcha mostrou realmente que a questão da homofobia no país não é um assunto apenas de um partido político ou de um grupo específico e sim de todos nós brasileiros, héteros, gays, bisexuais e quem mais vier.
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Matérias do jornalista Vítor Ângelo - portal Vírgula - e Folha.com
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