sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

"O VENCEDOR" ARREBATA MESMO AQUELES QUE NÃO GOSTAM DE BOXE

No ringue, só um lutador pode vencer, mas, se não fossem dois os protagonistas de "O Vencedor", a curva dramática do filme não existiria.

São dois irmãos, homens de trajetórias diferentes, que ocupam o centro da trama - Micky Ward - Mark Wahlberg -, o caçula, está subindo no mundo do boxe, quase a ponto de tornar-se campeão; o mais velho, Dicky Eklund - Christian Bale - ao contrário, já desperdiçou sua chance, embora tenha no currículo um nocaute sobre ninguém menos do que a lenda Sugar Ray Leonard.

Essa dualidade entre irmãos, que já vimos desde a tragédia grega até as histórias em quadrinhos, funciona com energia no drama dirigido por David O. Russell, com roteiro acima da média escrito por Scott Silver, Paul Tamasy e Eric Johnson.

DivulgaçãoMark Wahlberg e um esquelético Christian Bale, em cena do filme

Não é à toa que o filme vem acumulando prêmios - especialmente para Christian Bale e Melissa Leo - que parecem apostas certas no Oscar de coadjuvantes, depois de terem vencido os Globos de Ouro e os prêmios do Sindicato dos Atores - além dessas duas, o filme concorre em outras cinco categorias: filme, diretor, montagem, roteiro original e atriz coadjuvante, também para Amy Adams.

O que está fora do ringue é tão importante quanto o que acontece em cima dele: a família exerce uma pressão tão absurda sobre Micky Ward que, apesar de ser um lutador em ascensão, tem de carregar essa família toda nas costas - o irmão drogado que se tornou seu treinador, a mãe possessiva, Alice - interpretada magistralmente por Melissa Leo e um time de sete irmãs desocupadas e intrometidas - o pai, George - Jack McGee - faz o que pode, mas também costuma ceder a este quase irresistível poder.

Diante do sex-appeal já escasso, Mama Alice compensa com mão de ferro o poder sobre os compromissos de Micky e sua renda - nem sempre em benefício do filho.

Apesar de sua experiência, Dicky é um treinador relapso - desaparecendo para cair de boca no cachimbo do crack e, sem vida própria, Micky encontra na desbocada Charlene - a boa surpresa Amy Adams - uma namorada e uma força nova para reagir ao resto do clã.

A performance sutil de Wahlberg - que produziu o filme e foi uma das principais razões de o projeto ter sido realizado - com certeza não está sendo melhor avaliada pelas premiações - que preferem atuações mais densas, sem deixarem de ser excelentes, como são as de Bale e Leo.

Aliás, eu preciso saber como Christian Bale, um homem muito bonito, faz para modificar seu físico e ficar ora esquelético e maltratado como Dicky, ora bunitão e atlético como o Bruce Wayne/Batman em questão de meses - agora, está bunitão novamente, pois as filmagens do "Batman 3" começam em maio.

São as dúvidas, hesitações e o vulcão interior desse protagonista que ditam o ritmo de tudo: Micky carrega a sequência da trama em cada golpe dado ou recebido, com Dicky sempre tendo o poder de alterar essa energia.

Baseado em personagens e situações reais, o filme vem se somar a uma longa galeria de bons filmes sobre o boxe, renovando sua gama de contradições dramáticas, e, mesmo quem não gosta do esporte, pode sintonizar-se com as emoções à flor da pele de uma família irlandesa e exagerada, que lembra muitas outras que nós, brasileiros e passionais, conhecemos tão bem.

Confira o trailer do filme:


*****

"O VENCEDOR"
Título original:
The Fighter
Diretor: David O. Russell
Elenco:
Mark Wahlberg
Christian Bale
Amy Adams
Melissa Leo
Mickey O'Keefe
Jack McGee
Gênero: Drama, Baseado em fatos reais
Duração: Ótimos 115 min.
Ano: 2010
Data da Estreia: 04/02/2011
Cor: Colorido
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
País: EUA
COTAÇÃO DO KLAU

Nenhum comentário:

Postar um comentário