Se você quiser uma explicação clara e incisiva da crise econômica mundial que em 2008 sacudiu mercados, sugou trilhões de dólares em riqueza, causou a falência de grandes instituições financeiras, o desemprego de milhões de pessoas e uma instabilidade sem precedentes em vários países, principalmente os EUA, você tem de ver o documentário "Trabalho Interno", de Charles Ferguson.
O filme está em cartaz em São Paulo e Rio de Janeiro, é narrado pelo ator
Matt Damon, foi premiado com o troféu de melhor roteiro de documentário pelo Sindicato dos Roteiristas dos EUA, e é um forte concorrente ao Oscar de documentário.
Abordando um tema difícil, com diversas entrevistas e materiais de arquivo, o filme consegue esclarecer e cutucar feridas ao mesmo tempo.
Autor de outro documentário contundente, "No End in Sight" (2007) - que abordou as razões do governo George W. Bush para a guerra do Iraque - o intelectual, ex-palestrante de universidades como Berkeley e o MIT - Instituto de Tecnologia de Massachussets - e milionário da indústria do software desde os anos 1990, Ferguson revela aqui ser um entrevistador altamente preparado - e surpreendente para desavisados, como o ex-assessor de George W. Bush, Glenn Hubbard.
Conciso, didático e detalhado, o filme explica como diversos bancos norte-americanos promoveram agressivamente o financiamento e refinanciamento de hipotecas, mesmo para aqueles cliente que nunca conseguiriam pagá-las, ao mesmo tempo em que especulavam em cima desses não-pagamentos, lógicamente com lucros astronômicos.
Enquanto crescia a bolha da ciranda financeira, lobistas se empenhavam junto a políticos para que não se aprovasse nenhuma legislação dificultando seus movimentos - mantendo a desregulamentação iniciada nos anos 1980 - com o presidente republicano Ronald Reagan, e mantida pelo democrata Bill Clinton, na década de 1990.
Assim, fica fácil entender porquê se negaram a dar entrevistas ao cineasta alguns dos arquitetos e defensores do modelo especulativo que quebrou bancos como Goldman Sachs e Lehman Brothers - como os ex-secretários do Tesouro Larry Summers, Robert Rubin, Henry Paulson e Timothy Geitner, vistos apenas em imagens de arquivo.
Sobra um ótimo papo com um dos poucos a ter enfrentado os mega-especuladores, o ex-procurador geral e depois governador de Nova York, Eliot Spitzer.
"Trabalho Interno" é, por tudo isso um filme sombrio, real, primeiro, porque denuncia que os idealizadores destas operações de alto risco fizeram tudo de caso pensado, o que é crime, ainda não punido.
Segundo, porque vários deles continuam mandando e ditando rumos no governo atual de Barack Obama.
Terceiro, porque a universidade - que deveria oferecer um contraponto crítico - foi igualmente cooptada, com vários de seus eméritos professores aceitando cargos em conselhos diretores das empresas especuladoras, como consultores do governo ou palestrantes pagos regiamente com milhares e milhares de dólares.
Um cruel e real retrato de como a força da grana, como dia Caetano "que ergue e destrói coisas belas".
Confira o trailer do filme:
*****
"TRABALHO INTERNO"
Nome Original: Inside Job
Direção: Charles Ferguson
Narração: Matt Damon
Distribuição: Sony Pictures
Ano de produção: 2010
Gênero: Documentário
Duração: 120 min
Cor: Colorido
Origem: EUA
Classificação: Livre
COTAÇÃO DO KLAU:
O filme está em cartaz em São Paulo e Rio de Janeiro, é narrado pelo ator
Matt Damon, foi premiado com o troféu de melhor roteiro de documentário pelo Sindicato dos Roteiristas dos EUA, e é um forte concorrente ao Oscar de documentário.
Abordando um tema difícil, com diversas entrevistas e materiais de arquivo, o filme consegue esclarecer e cutucar feridas ao mesmo tempo.
Autor de outro documentário contundente, "No End in Sight" (2007) - que abordou as razões do governo George W. Bush para a guerra do Iraque - o intelectual, ex-palestrante de universidades como Berkeley e o MIT - Instituto de Tecnologia de Massachussets - e milionário da indústria do software desde os anos 1990, Ferguson revela aqui ser um entrevistador altamente preparado - e surpreendente para desavisados, como o ex-assessor de George W. Bush, Glenn Hubbard.
Conciso, didático e detalhado, o filme explica como diversos bancos norte-americanos promoveram agressivamente o financiamento e refinanciamento de hipotecas, mesmo para aqueles cliente que nunca conseguiriam pagá-las, ao mesmo tempo em que especulavam em cima desses não-pagamentos, lógicamente com lucros astronômicos.
Enquanto crescia a bolha da ciranda financeira, lobistas se empenhavam junto a políticos para que não se aprovasse nenhuma legislação dificultando seus movimentos - mantendo a desregulamentação iniciada nos anos 1980 - com o presidente republicano Ronald Reagan, e mantida pelo democrata Bill Clinton, na década de 1990.
Assim, fica fácil entender porquê se negaram a dar entrevistas ao cineasta alguns dos arquitetos e defensores do modelo especulativo que quebrou bancos como Goldman Sachs e Lehman Brothers - como os ex-secretários do Tesouro Larry Summers, Robert Rubin, Henry Paulson e Timothy Geitner, vistos apenas em imagens de arquivo.
Sobra um ótimo papo com um dos poucos a ter enfrentado os mega-especuladores, o ex-procurador geral e depois governador de Nova York, Eliot Spitzer.
"Trabalho Interno" é, por tudo isso um filme sombrio, real, primeiro, porque denuncia que os idealizadores destas operações de alto risco fizeram tudo de caso pensado, o que é crime, ainda não punido.
Segundo, porque vários deles continuam mandando e ditando rumos no governo atual de Barack Obama.
Terceiro, porque a universidade - que deveria oferecer um contraponto crítico - foi igualmente cooptada, com vários de seus eméritos professores aceitando cargos em conselhos diretores das empresas especuladoras, como consultores do governo ou palestrantes pagos regiamente com milhares e milhares de dólares.
Um cruel e real retrato de como a força da grana, como dia Caetano "que ergue e destrói coisas belas".
Confira o trailer do filme:
*****
"TRABALHO INTERNO"
Nome Original: Inside Job
Direção: Charles Ferguson
Narração: Matt Damon
Distribuição: Sony Pictures
Ano de produção: 2010
Gênero: Documentário
Duração: 120 min
Cor: Colorido
Origem: EUA
Classificação: Livre
COTAÇÃO DO KLAU:
Nenhum comentário:
Postar um comentário