sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

JEFF BRIDGES E IRMÃOS COEN ABREM FESTIVAL DE BERLIM

No papel do xerife Reuben J. "Rooster" Cogburn, o protagonista Jeff Bridges, dirigido pela dupla de irmãos cineastas Joel e Ethan Coen, foram o centro dos holofotes nesta quinta-feira, ao desfilarem pelo tapete vermelho do Festival Internacional de Cinema de Berlim para a exibição de "Bravura Indômita".

Getty Images Da esquerda para a direita: o ator Josh Brolin, os diretores Joel e Ethan Coen, a atriz Hailee Steinfeld e o ator Jeff Bridges na abertura do Festival de Berlim

Inspirada no filme homônimo de 1969, a produção aborda a história da garota Mattie Ross - Hailee Steinfeld - que pede ao xerife beberrão para encontrar e matar o assassino de seu pai, num faroeste com traços de humor ríspido da filmografia dos Coen.
"Não sou o perpetuador de John Wayne. Adoro-o, mas não busquem em nosso filme uma espécie de híbrido com o de 1969. Nosso filme também não é um filme do gênero", declarou Bridges, presente em Berlim com um look bastante parecido ao do velho ébrio do filme - só que limpinho, cheiroso e sem o tapa-olhos!

"Bravura Indômita" abriu a 61ª edição da Berlinale, que testemunhou em Hailee Steinfeld uma revelação da sétima arte, mas, tal como expressam os irmãos Coen, a obra não pretende ser uma refilmagem daquela de quatro décadas atrás, dirigida por Henry Hathaway e baseada no livro "Bravura Indômita" (1968), de Charles Portis.
"Não buscávamos o remake. Vimos o filme quando crianças e tínhamos uma ideia mais ou menos vaga do que acontecia. Wayne não é um referencial para as pessoas da minha geração", disse Ethan Coen - irmão Joel, ao lado, concordou.

"Wayne é um ícone", resumiu Bridges, para quem os irmãos cineastas têm "sua própria linguagem e sua própria relação com o mundo de morte e violência" do chamado oeste selvagem.

A comparação era inevitável e a refilmagem da obra que valeu a Wayne o Oscar de 1969 dividiu opiniões nesta quinta (10) em Berlim, polarizando os que o veem como um faroeste dos clássicos, e os que o apreciam pelo humor corrosivo típico das obras dos Coen.

As cenas contêm características do humor contemporâneo dos diretores, mas nela há todos os tópicos do gênero faroeste - caçadores de recompensas, fugitivos, bêbados, rápidos no gatilho e nenhum minuto para o asseio pessoal - o novo "Bravura Indômita" se inspira mais no livro de Charles Portis que no roteiro da produção de Henry Hathaway, e quase sem conecções entre Bridges e Wayne.

Enquanto alguns buscavam estabelecer paralelismos nessa espécie de duelo entre atores ou fazer comparações com o histórico dos Coen, outros se deixaram arrastar pela magia de um filme que divulgou o brilho da jovem Hailee, no papel da garota de 14 anos decidida a vingar a morte do pai.

A atriz adolescente se afasta categoricamente dos estereótipos do gênero "filme com crianças", e foi aclamada por um festival tão escasso de grandes nomes como de descobrir talentos: encantadora e determinada como no filme, a atriz disse que aprendeu a trabalhar rodeada por homens permanentemente rudes.
"Passei três meses com eles, tempo suficiente para perder o medo".

O ator Josh Brolin, que interpreta Tom Chaney, o assassino do pai de Mattie Ross, declarou que se os Estados Unidos gostaram tanto do filme, "é porque ele fala de lealdade, do espírito de comunidade, do trabalho, da coragem. Os Estados Unidos tornaram-se um país preguiçoso".

O Festival de Berlim aclamou Bridges neste ano, muito mais do que a morna recepção que deu a ele em 1998 quando da exibição de "O Grande Lebowski".

Foi um bom início para um festival que nesta sexta-feira deixará de falar tanto sobre candidatos ao Oscar - "Bravura Indômita" acumula dez indicações - para se concentrar na corrida aos Ursos: abrirão o desfile de candidatos dois estreantes na direção: o americano JC Chandor e a argentina Paula Marcovitch.

O primeiro concorre com "Margin Call", um filme centrado no colapso financeiro de Wall Street em 2008 e interpretado por Kevin Spacey, Jeremy Irons e Demi Moore.

Já Paula Marcovitch, nascida em Buenos Aires e residente no México, disputa na Berlinale com o filme "El Premio", que aborda aspectos pouco explorados da ditadura argentina (1976-1983) na perspectiva de uma mulher e de uma menina de sete anos.

O Festival de Berlim oferece também um espaço para produções pouco exploradas, e uma seção de cinema gastronômico - no qual está o filme "El Camino del Vino", do argentino Nicolás Carreras.

O Brasil estará representado na Berlinale pelo megassucesso de bilheteria nacional "Tropa de Elite 2", de José Padilha.

O drama vivido durante 69 dias por 33 mineiros chilenos presos no fundo de mina, no norte de Chile, foi transformado em longa-metragem, rodado em tempo recorde, e que será projetado no Mercado Europeu do Filme durante a Berlinale.

"Atacama's 33" foi divulgado nesta quinta-feira na capa da revista especializada Variety, e conta a história dos mineiros que foram surgindo das entranhas da terra, no dia 13 de outubro de 2010.
Com 87 minutos de duração, é dirigido pelo espanhol Antonio Recio, com roteiro de Jacobo Bergareche e produção, entre outros meios, do canal de televisão espanhola Antena 3 - Bergareche começou a escrever o roteiro quando os mineiros estavam ainda presos no fundo da mina.

Segundo a promoção feita por America Video Films, na obra estão o ator boliviano Cristian Mercado e o astro chileno Alejandro Goic - e foi filmado no Chile, não longe da mina San José.

O resgate dos mineiros do Atacama foi acompanhado minuto a minuto por milhões de pessoas no mundo, através de cobertura jornalística sem precedentes.

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Com Agências Internacionais
Redação Final: Cláudio Nóvoa

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