domingo, 11 de julho de 2010

ÚLTIMAS EMOÇÕES - E CONSIDERAÇÕES FINAIS DA PRIMEIRA COPA AFRICANA

E a Espanha é campeã de uma Copa do Mundo de Futebol, pela primeira vez!
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A seleção campeã comemora

Enquanto os boleiros espanhóis dão a volta olímpica no Soccer City com a Taça FIFA passando de mão em mão, resolvo colocar aqui - até para não me esquecer - o que foi essa primeira Copa do Mundo de Futebol no continente africano.

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A festa de hoje, logo no começo

Acredito que a competição teve mais acertos do que erros, que poderiam ser evitados se quem manda no mais popular esporte do planeta não metesse mais uma vez os pés pelas mãos.
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A seleção espanhola bota a mão na taça


AS ARBITRAGENS

Tivemos jogos memoráveis, mas que foram muito prejudicados pela arbitragem.
Pior, só nos jogos de várzea.

Que adianta cada jogo ter 32 câmeras que captam imagens em HD, uma super câmera lenta de tirar o fôlego - menos quando mostrava o argentino Tevez, dava medo! - um computador que dá na hora se a bola entrou ou não, se o atacante estava impedido ou não, se o nível da arbitragem foi zero?

E esse juiz inglês da final deve ter um "padrinõ" fortíssimo na FIFA.
É o mesmo que validou o gol de mão do francês Tierry Henry na partida das eliminatórias, que mandou a França à África e a seleção da Irlanda de volta a Dublin. Deu no que deu. Hoje, meteu os pés pelas mãos, deixou a pancadaria correr solta e se não fosse o auxiliar comprovar que o gol espanhol foi válido, não sei não.

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Davi Villa faz "montinho", e comemora o gol que deu o título à Espanha

E não adianta o presidente da FIFA Joseph Blatter pedir desculpas pelos erros de arbitragem gravíssimos dessa Copa, e prometer melhorias.
A alta tecnologia para ajudar os árbitros está aí, basta que eles possam usar e mudar na hora o que marcaram errôneamente.

OS TIMES

A cantora colombiana Shakira, que cantou nas festas de abertura e de encerramento

Os africanos correram, correram, e saíram logo como sempre.
Menos Gana, que poderia ter passado das quartas de final se o jogador uruguaio não colocasse a mão na bola na boca do gol, impedindo assim um gol feito, que mesmo no pênalti, não foi convertido.
O Uruguai acabou batendo Gana nos pênaltis.

Os sul americanos como sempre foram destaque.
O Paraguai lutou bravamente, mas caiu nas quartas para a Espanha campeã.
A Argentina começou dando show - e o técnico Maradona é sempre um à parte -
mas foi perdendo fôlego até cair de quatro, diante da Alemanha, também nas quartas. O Uruguai foi o mais consistente, e foi mais longe, ficou em quarto lugar.
O Chile foi o vexame de sempre, e o Brasil...
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O goleiro e capitão Casillas abrindo o choro na comemoração

E O BRASIL?

Pra começar, o jegue do Dunga convocou errado.
Se quem entende diz sempre que futebol é o presente, o momento atual, o obtuso treinador brasileiro - caído de para quedas no cargo graças a um capricho do presidente da CBF Ricardo Teixeira, o verdadeiro culpado por tudo - levou medalhões lesionados - como Kaká - e não convocou boleiros que estavam voando em campo - como Ronaldinho Gaúcho, Pato, Neymar e Paulo Ganso.
Aos trancos, a selecinha dungueana chegou às quartas de final, onde enfrentou a vice-campeã Holanda.
Ninguém me tira da cabeça que, se o burraldo tivesse as opções que citei acima no banco de reservas, o resultado, não só do jogo, como da trajetória brasileira na África teria sido outro.

Fora o baile, Dunga mostrou que é infantil, rancoroso, imaturo, grosseiro e mentalmente incapaz.
Sua picuinha pessoal com a TV Globo beirou o ridículo.
O campo de concentração que montou para os brasileiros em Joannesburgo, sem folgas, sem a presença das famílias dos atletas, mostrou bem a cabeça de passarinho que ele é, ele que chegou a elogiar em entrevista o regime militar brasileiro.
E o caldo entornou de vez quando se soube que o discurso de Dunga e de seu auxiliar Jorginho era o "faça o que eu digo, não faça o que eu faço".
Os jogadores descobriram que, para eles, era a clausura sem folgas.
Para o auxiliar - evangélico fervoroso, e portanto, uma pessoa perigosa - a família toda estava bem instalada a poucos passos do campo de concentração brasileiro, onde Jorginho ia todos os dias.
Pegou muito mal, e a partir daí, Jorginho perdeu o respeito de todos.

Fora o joguinho tosco, absolutamente previsível e primário com jogadores improvisados nas posições - já que o técnico não tinha banco - o que levou um dos deuses da bola, o alemão Beckembauer declarar que o "Brasil não está jogando aquele futebol que encanta a todos".

Dava pra ganhar uma Copa do Mundo desse jeito?
Dunga, Jorginho e curriola felizmente já foram dispensados por telefone, como aliás Ricardo Teixeira já tinha feito com Luxemburgo e Leão, quando eles foram técnicos da seleção, o que é uma grosseria.

As pesquisas dizem que os brasileiros querem Luiz Felipe Scolari de volta.
Eu também quero.
AP
Casillas põe a mão na taça

Os europeus - Espanha e Holanda à frente - é que se preocuparam em jogar bola.
A vice Holanda jogou mais certinha, mais pragmática.
A campeã Espanha jogou bonito, e mereceu ser campeã.
Já a Inglaterra e a França levaram seu time sênior para a Copa, e os véios saíram logo.
A Alemanha se preocupou em renovar e levar jogadores mais jovens, que deram show até pegarem a campeã Espanha na semifinal.
O terceiro lugar ficou de bom tamanho.

Portugal, Sérvia, Estados Unidos, Austrália e Japão foram passear na África, e deram o vexame de sempre, só para fazer valer esse modelo, com 32 seleções , muito inchado.
Se a Copa começasse com 16 times, e em vez de três partidas por dia, duas, já estava de ótimo tamanho.


NEM A JABULANI AJUDOU...

A vitória espanhola por apenas 1 a 0 sobre a Holanda na final, serve para resumir uma situação que apareceu do começo ao fim: a baixa quantidade de bolas na rede.

Foram apenas 145 gols em 64 jogos - média de 2,265 - a segundo mais baixa na história do evento. Em 1990, na Itália, a proporção foi de 2,21.

Antes da Copa começar, a expectativa da Fifa era de muito mais gols.

Polêmica, a bola oficial do torneio - a já famosa Jabulani, da Adidas - teria sido criada justamente para isso: atrapalhar os goleiros e ajudar os atacantes.

Só que ninguém pensou que a maioria dos times jogaria com sistemas táticos fechados.

Nem a jabulani salvou.


COPA AJUDOU ÁFRICA DO SUL A NOVAMENTE FAZER HISTÓRIA

Até outro dia, o chão onde a jabulani correu livre e solta era marcado pela tirania, pela luta de classes e pela segregação racial.

E foi uma enorme emoção vermos nesses dias de Copa o povo unido, brancos e negros nos mesmos espaços, e os turistas se sentindo em casa.

Só que faltava ele, o símbolo dessa luta toda dar as caras nessa festa.

Se não pode ir à festa de abertura - uma neta foi atropelada e morta no dia - hoje, a aparição de Nelson Mandela, 92 anos, ex-presidente da África do Sul e ícone da luta contra o apartheid, no estádio Soccer City, palco da final da Copa do Mundo, foi para mim um momento de muita emoção, e inesquecível.
Luca Bruno/AP
Nelson Mandela e a mulher, Graça Machel ,hoje, no Soccer City, antes da partida Holanda X Espanha

Tudo bem que ele não ficou não para ver o jogo entre holandeses e espanhóis - depois da festa de abertura da partida, o líder sul-africano voltou para casa para "acompanhar pela televisão".

Com a saúde muito frágil, deve ter sido um sofrimento e tanto ele ter aparecido, debaixo daquele frio todo.

Mas Mandela sabe que uma imagem vale mais do que mil palavras, e foi lindo poder vê-lo desfilar pelo campo, ao vivo.


ÚLTIMAS CENAS

Ignorado da lista dos principais craques do futebol mundial antes da Copa-2010, o atacante uruguaio Diego Forlán surpreendeu e foi eleito o melhor jogador da competição.
AP
Diego Fórlan

Forlán, que defende o Atlético de Madrid, foi o principal nome do Uruguai, que terminou o torneio na quarta posição.

O camisa 10 da "Celeste" jogou boa parte do Mundial fora de sua posição de origem. Mesmo como meia armador, fez cinco gols e foi um dos artilheiros da Copa - empatou com Thomas Müller (Alemanha), David Villa (Espanha) e Wesley Sneijder (Holanda).
***

E o meia-atacante alemão Thomas Müller, 20, que defende o Bayern de Munique, ganhou o prêmio de melhor jogador jovem da competição concedido pela Fifa.

O camisa 13 do time alemão derrotou na eleição final do prêmio o armador ganense Dede Ayew, filho de Abedi Pelé, e o meia-atacante Giovanni dos Santos, do México.
Michael Sohn/AP
Meia-atacante alemão Thomas Müller

O jovem alemão tem apenas uma temporada de experiência na equipe principal do Bayern de Munique.
Veio das das categorias de base pelas mãos do técnico Louis van Gaal, e rapidamente virou titular do time bávaro, atual vice-campeão europeu.
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Galvão Bueno, 59, disse que vai narrar uma Copa do Mundo pela última vez em 2014.

"A Copa da África é a última que eu narro fora do Brasil", afirmou com a voz embargada agora a pouco, ao vivo, após narrar a final entre Espanha e Holanda.
TV Globo
Galvão Bueno

"O sentimento é de missão cumprida", disse.

Getty Images
Soccer City, ao final do jogo

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