sexta-feira, 9 de julho de 2010

"SHREK PARA SEMPRE": ESPREMERAM O ÚLTIMO BAGAÇO DA LARANJA

Tenho trauma gigante de filmes-sequência, sagas, e nomenclaturas como "2", "A Revanche", "O Desafio Final" e correlatos, desde os "Batman" dirigidos pela anta do Joel Schumacher. Eu explico:

O primeiro "Batman" (1989) foi soberbamente dirigido por Tim Burton; o segundo, "Batman Returns" (1992), também de Burton, foi sensacional, melhor do que o primeiro, o que me fez aguardar com uma ansiedade desmedida o "Batman Eternamente" (1995), agora dirigido por Joel Schumacher - bom diretor de "Garotos Perdidos" (1987) - e supervisionado por Burton.

Saí do cinema achando a Nicolle Kidman - uma das minhas musas das telonas - uma canastrona, e ainda tive a paciência de esperar dois anos para "Batman & Robin" (1997), também dirigido por Schumacher, e considerado um dos piores filmes de todos os tempos.

Resumo do meu trauma: O primeiro é bom, o segundo pode ser ainda melhor, mas o terceiro, o quarto, e o décimo são perfeitamente descartáveis.

E foi com esse roteiro na cabeça que assisti a "Shrek Para Sempre", o quarto filme do ogro verde nos últimos nove anos.

Divulgação DreamWorks
O Ogro, o Burro e o Gato de Botas, em cena do filme

Nesse curto espaço de tempo, a personagem apareceu em quatro filmes, fez incontáveis aparições em parques temáticos, programas de TV e videogames.
Se alguém merece férias, portanto, esse alguém é o simpático ogro verde.

"Shrek para Sempre" foi anunciado pela DreamWorks como o último filme da série, e os fãs é que agradecem. Afinal, para continuar assim, melhor parar.

Esse quarto filme é uma não tão feliz tentativa de espremer os últimos dólares de uma franquia que já rendeu bilhões, e o que vemos na telona é uma comédia arrastada e preguiçosa, que apenas recicla piadas e situações dos filmes anteriores e aposta na fidelidade dos fãs.

A única diferença dos três primeiros filmes, é que esse é em 3D, genérico, rasteiro e desnecessário, que adiciona muito pouco às cenas.

O roteiro toma como base o filmaço "A Felicidade Não se Compra" (1946) - clássico do mestre Frank Capra, até hoje reprisado nas TVs americanas nos dias que antecedem o Natal - com James Stewart no papel de um homem bondoso, perto o suicídio, e que encontra um anjo que mostra como seria a vida caso ele não tivesse existido.

Vemos então Shrek, casado com a ogra Fiona e pai de três ogrinhos, tem uma crise de meia-idade e saudoso dos tempos de solteiro, quando aterrorizava a população.
Ele faz então um pacto com o maldoso bruxo Rumpelstiltskin, que lhe promete um dia de liberdade, e Shrek acaba num mundo alternativo ao seu, em que ele não conhece sua mulher e seus amigos.

Se os dois primeiros filmes surpreenderam positivamente com um humor afiado e referências à cultura pop, nessa quarta parte tudo parece repetitivo demais.

Veja o trailer do filme:


O bom diretor Mike Mitchell - de "Gigolô por Acidente" (1999) - ainda tenta colocar na história alguma graça, usando músicas de Carpenters e Beastie Boys, mas o filme parece patinar e não sai do lugar.

A sorte do diretor, da DreamWorks e da franquia, é que as personagens são tão boas, e têm tanta empatia com o público, que os fãs até vão gostar.
Afinal, essa quarta parte promete ser a última.

Pelo visto, meu trauma de continuações vai continuar.


"SHREK PARA SEMPRE"
Título Original: Shrek Forever After
Direção: Mike Mitchell
País e data: EUA, 2010
Produção: DreamWorks
Distribuição: Paramount Pictures
Classificação: livre
COTAÇÃO DO KLAU


Nenhum comentário:

Postar um comentário