sábado, 17 de julho de 2010

ARGENTINA, SEMPRE À FRENTE DO BRASIL QUANDO SE TRATA DE FUTURO E PESSOAS

Nós, brasileiros, incansáveis na arte de fazer piadinhas sobre os argentinos,não podemos negar: o povo argentino, quando se trata de modernidade e defesa das minorias, dá de lavada nos brasileiros, que ainda insistem em dizer que aqui não temos discriminação, nem de raça, nem de gênero, muito menos de sexo.

Um exemplo?
Após catorze horas de debates, os senadores argentinos ratificaram, na madrugada desta quinta-feira, o projeto de lei que autoriza o casamento entre pessoas do mesmo sexo no país.

Apesar da votação apertada - 33 votos a favor e 27 contra - a Argentina passa a ser o primeiro país da América Latina a autorizar o casamento gay.
O texto já tinha sido aprovado, no mês passado, pela Câmara dos Deputados, e agora vai para sanção da presidente Cristina Kirchner - que já sinalizou que deverá sanciona-lo - para virar lei

A cidade de Buenos Aires já permitia a união civil entre pessoas do mesmo sexo, o que dava aos casais gays alguns direitos municipais iguais aos dos casais heterossexuais.
Com o casamento, porém, casais homossexuais que se casem em qualquer lugar do país terão todos os direitos iguais aos casais formados por homem e mulher, incluindo direito à adoção e a herança.

Na América Latina, o Uruguai e a cidade do México já tem leis permitindo a união civil entre homossexuais, mas a lei argentina é a primeira a permitir o casamento, seguindo outros países como Portugal, Espanha, Holanda, Bélgica, Noruega, Suécia, Islândia, Canadá e África do Sul.

Apesar do frio de 3ºC, simpatizantes da iniciativa, com bandeiras e balões brancos, permaneceram em frente ao Congresso Nacional, ao ar livre, até o fim da votação.
Após o resultado, eles continuaram no local, dançando e cantando, comemorando a aprovação do texto.
Foto: AP
Debaixo de frio, argentinos comemoram

O projeto de lei vinha gerando fortes disputas entre o governo e a Igreja Católica e motivou protestos contra e a favor da medida.

Na véspera da votação no Senado manifestantes realizaram um ato em frente ao Parlamento, convocados pela Igreja Católica e por grupos evangélicos.
Eles levaram balões laranja e faixas que diziam: “As crianças têm direito a uma mãe e um pai”.
Nos últimos dias, padres de diferentes pontos do país leram, durante as missas, um documento defendendo “o bem inalterável do casamento e da família”.

Também na véspera da votação, mil pessoas se reuniram em outro ponto conhecido da cidade, em frente ao Obelisco, com vuvuzelas e panelaços, em apoio ao projeto.

Dias antes, simpatizantes já tinham realizado manifestação a favor do casamento em frente ao Congresso. Eles levavam cartazes que diziam:
“O mesmo amor, os mesmos direitos”.

A postura da Igreja Católica levou a presidente a declarar que “o discurso da igreja recorda os tempos da inquisição”, no que eu concordo inteiramente.

O líder do governo no Senado, senador Miguel Pichetto, disse, durante os debates no Senado: “Aqui não haverá mais casamentos do mesmo sexo só porque aprovamos esta lei. O objetivo desta norma é eliminar a discriminação”.

A senadora Maria Eugenia Estenssoro, da opositora Coalición Cívica, argumentou que o projeto é “necessário” para os casais do mesmo sexo. “Esta lei permitirá que os homossexuais possam assumir publicamente suas relações”, disse ela.

O senador socialista Rubén Giustiniani, que votou a favor da lei, disse que o perfil da sociedade argentina mudou e por isso era o momento da aprovação do texto.
Segundo ele, dados oficiais indicam que 59% das famílias argentinas já não atendem ao perfil tradicional de pai, mãe e filhos, mas de mães solteiras, casais separados e casais homossexuais.

Para o senador opositor Gerardo Morales, da UCR, apesar das polêmicas e disputas, “ganhou o debate cultural” no país, diante da participação da sociedade na discussão.

Confesso que morri de inveja, não só da Lei, mas principalmente da mobilização popular, não só de gays, mas da sociedade argentina como um todo, que garantiu sua aprovação.

Enquanto aqui milhões vão às festivas "paradas" que nada produzem de concreto para a causa, um grupo de abnegados gatos pingados promete ir "depois da eleição" a Brasília pressionar nosso Congresso para aprovar uma Lei igual à dos argentinos, que segue engavetada.

Triste, muito triste.

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