sexta-feira, 6 de julho de 2012

'O ESPETACULAR HOMEM ARANHA': COM FOCO EM PETER PARKER, TÍTULO NÃO ENTREGA O QUE O LONGA É


Hollywood é sinônimo de dinheiro, claro, e até a bem pouco tempo as pessoas da indústria de cinema mais conhecida do planeta ainda seguiam algumas regras, uma delas sobre refilmagens, já que havia certo pudor em relação a séries cinematográficas de sucesso.

A retomada da saga 007 nas telonas só foi retomada em 2005, com "007 Contra GoldenEye", que apresentou ao mundo um novo Bond - Pierce Brosnan - depois do fracasso de "007: Marcado para a Morte" (1987), protagonizado por Timothy Dalton.
Mesmo assim, a passagem de bastão, com direito a um recomeço da saga, foi bem rápida, do último filme de Brosnan como Bond - "007 - Um Novo Dia para Morrer" (2002) - para "Cassino Royale" (2006) - que marcou a estreia do atual Bond, Daniel Craig, foram apenas 4 anos.

O recomeço da saga Batman nas telonas - "Batman Begins" (2005) - veio oito anos depois de "Batman & Robin" (1997) - considerado um dos piores filmes de todos os tempos - e um novo "Mad Max" chegará aos cinemas quase 30 anos após o término da saga protagonizada por Mel Gibson.

"O Espetacular Homem-Aranha" também quebrou essa regra de se esperar um tempo para o lançamento de uma nova saga e volta às origens do personagem apenas dez anos após a estreia da franquia de Sam Raimi e cinco anos depois de "Homem-Aranha 3" - o pior dos três, disparado.

Imagens: Divulgação - Sony/Columbia
Andrew Garfield como o Homem Aranha, no longa que estreia hoje aqui no Brasil
Criado por Stan Lee e Steve Ditko em 1962, o Homem-Aranha é um dos principais personagens da Marvel Comics e "tem 50 anos de histórias nas HQs, algumas delas circulando com diferentes versões do herói ao mesmo tempo", lembra o diretor Marc Webb, que só tem o hit romântico "(500) Dias Com Ela" no currículo.

Justamente por isso, a proposta de humanizar ainda mais o herói e mostrar "o que é ser jovem, desse um coração ao Homem-Aranha e fosse ponto de partida para um novo herói", como explica o produtor Avi Arad, funcionou.


The Sun 
O ator Andrew Garfield, criança, e já com a fantasia do Homem-Aranha: predestinado
O foco de "O Espetacular Homem-Aranha" - título que veio diretamente do primeiro gibi de sucesso do herói, "Amazing Spider Man" - não é o mascarado uniformizado que tem poderes de aranha, mas o garoto por baixo do disfarce, Peter Parker, interpretado com garra e verdade por Andrew Garfield, que de fanático pelo herói desde menino, entendeu todas as nuances de suas duplas personalidades e é, de longe, a melhor coisa do longa, que estreia hoje aqui no Brasil, em cópias em 3D e IMAX.

Confira entrevista com Andrew Garfield:

Não à toa, o longa tem muitas cenas do garoto vestido com o uniforme mas sem a máscara do Aranha, para que o espectador sempre se lembre que o foco é mesmo Peter.

O herói sem a mascara: o foco do longa é mesmo Peter Parker 
 O longa acerta e inova ao focar na procura de Peter pela figura do pai, morto em um acidente que pode estar relacionado aos eventos que criam o Aranha, uma corajosa e mais radical mudança em relação à origem do herói nas HQs. 

 Aqui, Peter Parker ainda é um estudante do colegial criado pelos tios, Ben - Martin Sheen - e May - Sally Field, Oscar e Globo de Ouro de Melhor Atriz por "Norma Rae" (1979) e que andava sumida das telonas - basicamente, um drama adolescente sobre um garoto que precisa lidar com um vilão íntimo dos pais e com a primeira grande paixão. 

 Peter ainda é picado por uma aranha - alterada geneticamente - ainda ganha poderes - mas, ao contrário dos longas de Raimi, não há pressa em torná-lo um adulto.

Martin Sheen - como tio Ben - Sally Field - como tia May - e Andrew Garfield - como Peter - em cena do longa 
 Um garoto que, inadvertidamente, vira super-herói e precisa lidar com as responsabilidades trazidas pelos superpoderes - metáfora para as dores e delícias de chegar à vida adulta. 

 Mas, se não tem o espetáculo do título e tampouco a novidade, "O Espetacular Homem-Aranha" oferece ao espectador a superação da timidez, os conflitos familiares, a descoberta do amor, o inferno da vida escolar - tudo o que Marc Webb já havia abordado com extrema sensibilidade em "(500) Dias com Ela"

 Nesse campo, ele supera Raimi também na direção de atores, conseguindo desempenhos e uma química absurda entre Andrew Garfield e Emma Stone - que faz a namorada de Peter, Gwen Stacy - muito superior que os da dupla Tobey Maguire/Kirsten Dunst

 A química foi tão grande, que o ator e a atriz estão namorando de verdade na vida real.

Emma Stone - como Gwen - e Andrew Garfield - como Peter: química absurda 
 Como muitos adolescentes, Peter tenta descobrir quem ele é e como ele se tornou a pessoa que é hoje. 

 Também está começando uma história com sua primeira paixão, Gwen Stacy, e, juntos, eles lidam com amor, compromissos e segredos. 


Quando Peter descobre uma misteriosa maleta que pertenceu a seu pai, ele começa uma jornada para entender o desaparecimento de seus pais – o que o leva diretamente à empresa de genética Oscorp e ao laboratório do Dr. Curt Connors - Rys Ifans -, antigo sócio de seu pai, entrando em rota de colisão com seu alter-ego, o Lagarto, que surge depois do Dr. Connors aplicar em si mesmo um experimento que permitiria aos seres humanos terem a regeneração de membros amputados que os répteis tem. 

 Ifans, grande ator, é outro achado do longa: sua interpretação como Connors é contida e suave, em contraponto ao Lagarto, um ser dotado de grande força e que é mais páreo para o aracnídeo do que foram o Duende Verde e o Dr. Octopus dos filmes anteriores.

Rys Ifans como o Dr. Connors e como o Lagarto: páreo duro para o aracnídeo 
 A partir daí, Peter tem que tomar decisões que podem alterar vidas, para usar seus poderes e moldar seu destino de se tornar um herói. 

 O diretor Webb trouxe à produção um saudável respiro de novidade, com elenco de primeira, a fotografia maravilhosa de John Schwartzman, a bela trilha sonora de James Horner, além de fazer de Emma Stone a perfeita tradução da Gwen Stacy por quem o herói se apaixona perdidamente. 

 "O Espetacular Homem-Aranha" pode não ser a grande aventura de "super hero" que o título promete, mas se revela um belo filme de "high school", uma sensível comédia colegial que entendeu melhor o Peter Parker que o herói que ele se tornou. 

 Ainda assim, é louvável a intenção dos produtores em focar mais no que motiva o herói, e não somente à pirotecnia tão presente em outros filmes de super-heróis. 

 Nas HQs, atualmente o Homem Aranha é um membro dos "Vingadores", mas essa união nas telonas ainda deve demorar, já que os direitos para o cinema do herói aracnídeo pertencem à Sony Pictures/Columbia e os demais heróis do grupo pertencem à Marvel Films/Paramount Pictures

 Após o sucesso da estreia americana na última terça (3), "O Espetacular Homem-Aranha" foi confirmado como o primeiro longa de uma trilogia - a informação foi divulgada na página oficial do filme no Facebook

 Essa talvez seja a desculpa para que o espectador passe por cima de alguns buracos no roteiro, que certamente serão solucionados nos outros dois longas. 

 "O Espetacular Homem Aranha" arrecadou em seu primeiro dia de exibição nos Estados Unidos U$ 35 milhões, o que garantiu o título de maior bilheteria de abertura de todos os tempos em uma terça-feira. 

 Por aqui, não deve ser diferente. 

 Confira o trailer do filme:




*****
"O ESPETACULAR HOMEM ARANHA" 
Título Original: 
The Amazing Spider-Man 
Diretor: 
 Marc Webb 
Elenco: 
 Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Martin Sheen, Sally Field, C. Thomas Howell, Embeth Davidtz, Chris Zylka, Denis Leary, Campbell Scott, Irrfan Khan, Kelsey Chow, Stan Lee 
Produção: 
 Avi Arad, Matthew Tolmach, Laura Ziskin 
Roteiro: 
 Alvin Sargent, James Vanderbilt, Steve Kloves 
Fotografia:
 John Schwartzman 
Trilha Sonora:
 James Horner 
Duração: 
 137 min. 
Ano: 
 2012 
País: 
 EUA 
Gênero: 
 Ação 
Cor: 
 Colorido 
Distribuidora: 
 Sony Pictures 
Estúdio: 
 Columbia Pictures / Marvel Enterprises / Marvel Studios / Laura Ziskin Productions 
Classificação: 
 10 anos 
Cotação do Klau:

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