Um dos melhores repórteres e apresentadores da nossa TV, Pedro Bial vinha pastando faz tempo na condução do "Big Brother Brasil", onde virou o tiozinho telúrico que faz poesia nas noites de eliminação.
O público mais jovem nem se lembra mais, mas Bial cobriu como correspondente da Globo vários acontecimentos importantes do século passado - seu ponto alto foi cobrir a queda do Muro de Berlim, começo da derrocada da então poderosa União Soviética e seus países satélites do leste europeu.
Talvez para não ficar mal na fita com o apresentador, e já que outra apresentadora da casa - Fátima Bernardes, tão carismática quando ele - ganhou um programa solo, a Globo resolveu dar o comando do “Na Moral”, programa de debates, com auditório e no horário noturno ao Bial.
No programa de estreia, agora a pouco, a “ditadura do politicamente correto” foi o tema a ser debatido e tão decepcionante quanto a escolha do tema mais batido que bife de segunda, foi a falta de tempo para discuti-lo.
Em apenas 30 minutos, foi discutido também os assédios sexual e moral, o que tornou tudo muito rápido, tudo muito raso, mais raso que um pires.
Num cenário muito escuro e mal iluminado - o da Fátima também tem esse ar de castelo do Drácula também, com muito roxo e madeira escura - Bial recebeu quatro convidados e ainda chamou ao palco outras quatro pessoas para darem seus depoimentos sobre os três temas,uma trânsito sem fim de gente que deixou tudo muito confuso.
Divulgação - TV Globo
Alexandre Pires,Bial, Maria Paula, o jornalista Antônio Carlos Queiroz e o filósofo e professor Luiz Felipe Pondé - convidados da estreia do "Na Moral" |
Como ninguém conseguiu defender qualquer ponto de vista, Bial houve por bem deixar claro seu repúdio ao politicamente correto - mas era necessário fazer um programa de estreia para isso?
As letras “politicamente corretas” de “Atirei o Pau no Gato” e “Boi da Cara Preta”, foram apresentadas - isso é novidade?
Bial precisou recorrer à cartilha “Politicamente Correto & Direitos Humanos”, para defender o seu ponto de vista, e ainda foi deselegante com o autor, Antonio Carlos Queiroz - disse na lata que Queiroz, um dos quadro convidados da estreia, parecia estar “no palanque”.
A atriz Maria Paula, outra convidada, estava lá mais por ser também psicóloga, e soltou pérolas como : “Você pode ser racista chamando uma pessoa de ‘querida’, dependendo da entonação.”
O cantor Alexandre Pires, outro convidado, atacou de DJ e defendeu seu último clipe, acusado injustamente de racista e misógino e o quarto convidado, o filósofo e colunista da Folha Luiz Felipe Pondé, normalmente polêmico, teve uma participação discreta, talvez porque Bial tenha defendido posições semelhantes às dele.
No final, o resultado foi um programa sem conteúdo, com pouco tempo para discussões e sem saber a que veio numa noite de quinta feira.
O telespectador parece não ter gostado, tanto que "Na Moral" sofreu para ficar numa apertada liderança, registrando média de 12 pontos em primeiro lugar no ranking do Ibope na Grande SP, segundo dados consolidados - cada ponto corresponde a 60 mil domicílios.
A Band - que transmitia no horário os últimos minutos do primeiro jogo da grande final da Copa do Brasil entre Palmeiras e Coritiba e parte do "Agora é Tarde" - ficou em segundo lugar com 10 pontos e o SBT - com "A Praça é Nossa" - marcou 9.
Para o próximo programa, uma clareada no cenário, uma iluminação melhor e apenas um tema podem ser bem vindos.
"NA MORAL" - Programa de Estreia
O que é: programa de debates com auditório
Onde: Globo
Quando: Quintas
Horário: 23:15h.
Cotação do Klau:
Nenhum comentário:
Postar um comentário