Nesta quinta, enquanto o mundo e seus milhões de fãs choram a sua morte precoce aos 56 anos, queria falar aqui sobre um pedaço da vitoriosa vida do gênio Steve Jobs que eu conheço bastante: a revolução que ele fez no Cinema, sua história e sua maneira de fazer, a partir da metade da década de 80.
Afinal, quando outro gênio, George Lucas, vendeu a divisão de animação e computação gráfica da LucasFilm para Steve Jobs, em 1985, não imaginou que o gênio dos computadores transformaria o negócio de 10 milhões em uma das maiores produtoras de filmes do planeta, vencedora de 24 Oscars e hoje avaliada em cerca de 6,5 bilhões de dólares.
Até então conhecida como Graphics Group., a empresa tinha criado softwares de computação gráfica e colaborou com a Industrial Light & Magic - divisão de efeitos especiais da LucasFilm - na criação de alguns efeitos visuais, principalmente nos filmes Star Trek II: A Ira de Khan e Jovem Sherlock Holmes.
Na época em que comprou a Graphics, já rebatizada de Pixar Animation Studios, Jobs tinha sido demitido da Apple e estava em busca de um novo negócio.
Encontrou lá os profissionais de animação John Lesseter e Ed Catmull, que trabalhavam para a LucasFilm e que queriam experimentar um novo tipo de animação - queriam parar de usar o 2D nos longas, uma tradição na Disney e considerada a melhor forma de extrair vida de um desenho, e começar a trabalhar com a computação gráfica em 3D, um desafio até então.
"Era como no início da Disney, quando o cinema era novo e a animação apenas começava, era uma revolução técnica. Walt sempre introduziu tecnologia de ponta em seus filmes", disse Catmull, um dos fundadores da Pixar em entrevista à AFP.
Reprodução - site pixar.com
Reprodução - site pixar.com
Ed Catmull, Steve Jobs e John Lasseter em foto publicada hoje no site da Pixar
Apenas um ano depois, a Pixar lançou Luxo Jr., uma animação que mostra duas luminárias de mesa brincando com uma bola, e que foi a primeira produção do estúdio feita baseada na nova tecnologia.
A luminária que ganhou vida acabou virando o grande símbolo, o logo da produtora - todos os filmes produzidos pela Pixar começam com ela.
ASSISTA "LUXO JR", PRIMEIRA ANIMAÇÃO DA PIXAR:
Em 1995, a Disney entrou no negócio como financiadora de um ambicioso projeto de um longa da Pixar a história de uma turma de brinquedos que ganha vida quando o menino, dono deles, não estava olhando.
O projeto chegou às telonas com o nome de Toy Story, o primeiro longa de animação 100% feito em computação gráfica.
"Steve é o grande visionário do negócio", contou Lasseter, em entrevista à Hollywood Reporter. "Ele viu o que poderia se tornar e só me disse: faça ser grande'".
"'Toy Story' foi o primeiro filme com imagens digitais no qual o público esqueceu que estava vendo imagens criadas pelo computador. Queria apenas saber o que aconteceria com Woody e Buzz Lightyear. Todo cineasta sabia que esta era uma vitória", disse Catmull.
Confira o trailer original de "Toy Story" (1995):
Com o sucesso absurdo do filme - que logo se tornou um blockbuster - e a a criação de Vida de Inseto, Toy Story 2 e Monstros S.A - a parceria da Pixar com a Disney só crescia, e a gigante do entretenimento não queria perder a criatividade da produtora.
Confira o trailer original de "Vida de Inseto" (1998) :
Em 2006, até as estrelas da calçada da fama de Hollywood já sabiam que esse seria o fim do namoro: a Disney comprou a Pixar por 7,4 bilhões de dólares e Steve Jobs passou a ser o maior acionista individual da Disney , o maior conglomerado de mídia do mundo, com 7% de suas ações com direito a voto - que resultou num casamento perfeito entre as mentes arejadas da Pixar e a tradição da Disney.
Hoje, em publicação no site oficial da Pixar, John Lasseter, atualmente diretor executivo de criação da Pixar, e Ed Catmull, atual presidente tanto da Disney, quanto da Pixar Animation Studios,publicaram uma homenagem à Steve Jobs.
Veja a declaração na íntegra abaixo:
Hoje, em publicação no site oficial da Pixar, John Lasseter, atualmente diretor executivo de criação da Pixar, e Ed Catmull, atual presidente tanto da Disney, quanto da Pixar Animation Studios,publicaram uma homenagem à Steve Jobs.
Veja a declaração na íntegra abaixo:
"Steve Jobs foi um extraordinário visionário, nosso grande e muito querido amigo, e o guia que iluminou a família Pixar. Ele enxergou o potencial do que a Pixar poderia ser antes de todos nós, e além do que qualquer um jamais imaginou. Steve apostou em nós e acreditou em nosso sonho louco de fazer filmes animados por computação; a única coisa que ele sempre disse foi simplesmente ‘faça maravilhoso’. Ele é o motivo pelo qual a Pixar se tornou o que é, e sua força, integridade e amor pela vida nos tornaram pessoas melhores. Ele permanecerá para sempre no DNA da Pixar. Nosso coração se volta para sua esposa Laurene e seus filhos durante este momento incrivelmente difícil”.
Assim, quando você for ao Cinema, ou se sentar defronte à TV da sua casa, e assistir Toy Story Carros, Wall-E ou Os Incríveis, saiba que tudo se deve a Steve Jobs, de sua liberdade de criar e deixar criar.
Valeu, Steve, que tinha trabalho - 'Job' - até no nome.
EFE
Honenagem de fã anônimo de Steve Jobs à porta da loja da Aple, em Sidney-Austrália
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