quarta-feira, 5 de outubro de 2011

SHIRLEY MACLAINE: DIVA ESTEVE EM SP E DISSE QUE, EM HOLLYWOOD, 'AS PESSOAS ESTÃO MAIS PREOCUPADAS COM O DINHEIRO E MENOS EM FAZER ARTE, E ISSO É UM HORROR'


A Diva das Divas de Hollywood Shirley MacLaine não desce do salto, mesmo aos 77 anos.

Elegantíssima em cima de um sapato fechado de 15 cm, Miss MacLaine participou na manhã desta terça (4) do Fórum de Longevidade patrocinado pelo Bradesco, no hotel Unique, em São Paulo - e eu, evidentemente, fui lá para ouvi-la, fã que sou dos seus filmes e dos seus livros.

“Quando tiro o salto alto, meu ouvido até desentope”, brincou a Diva, que veio ao Brasil pela segunda vez - a primeira vez foi em 1991,  quando Shirley veio para apresentar seu famoso show de Las Vegas e que eu e minha mãe tivemos o privilégio de assistir.

Getty Images
A Diva MacLaine nunca desce do salto

Antes de revelar os segredos de sua longevidade à plateia, a Diva lembrou de sua estreia em Hollywood - em 1955, no filme O Terceiro Tiro, de Alfred Hitchcock.
“Ele era fabuloso, incrível, cínico, divertido e fazia filmes humanos”.

Descontraída, engraçada e sempre ácida, Shirley contou piadas e arrancou gargalhadas dos convidados:
“Quando Eva pediu a Deus um companheiro no paraíso, Deus disse: ‘ele será macho, egoísta e narcisista, mas satisfará seus desejos carnais. E para tudo dar certo, você só precisa dizer que ele foi criado antes. Isso só aqui entre nós, mulheres’”.

Ao encerrar o bate-papo, deixou uma mensagem:
“Fiquem todos bem e lembre-se de que a mulher veio antes do homem. É preciso ter interesse na vida humana. Todo dia somos atores de nossos próprios filmes”.

Arquivos do Klau
A Diva, em imagem dos anos 90

Depois, a Diva abriu para perguntas do público presente, e eu separei aqui algumas delas, e suas respostas:

Pergunta: Qual o seu segredo da longevidade?
Shirley MacLaine: A longevidade é um estado da mente. Mas o meu segredo é bom humor e otimismo frente à realidade. Além disso, um chapéu bem grande e um bom par de sapatos. Definitivamente não esses (apontando para os saltos que calçava). E eu não estou brincando. Sou velha, mas continuo andando por aí. A minha dica é estar presente. E eu também procuro ser eu mesma sempre, inclusive em frente ao público. Também não seria tão saudável, feliz, equilibrada e excêntrica sem a espiritualidade. Ainda pretendo viver mais 20 anos, como já vivi em muitas vidas.

Você tem 77 anos e está inteira. Como é a sua dieta e rotina de exercícios?
Não tenho hábitos, não faço nenhum exercício, não faço nada. Não como todo dia na mesma hora, não tenho rotina, não faço nada igual. A minha rotina é não ter rotina.  Vivo no horário de Las Vegas: vou dormir às 3 da manhã e acordo às 10.Quando me perguntam a minha idade, digo que tenho quase 80. Amo isso, recebo muito mais elogios. A minha mãe, com 77 anos, mal podia andar e ela certamente não viajou tanto quanto eu. Acho inspirador viajar, mas por outro lado é tão complicado, me cansa um pouco.

Divulgação-Bradesco
A Diva, durante evento em São Paulo, ontem

Como se relaciona com a tecnologia, você é ligada em redes sociais?
Gosto de fofoca como qualquer pessoa. Mas não gosto de dividir a minha vida e não acho que tenho que participar de redes sociais para pertencer a uma nova geração. Mas me incomoda ir jantar e os mais jovens não interagirem, cada um com seu celular. É como se eles “comessem” tecnologia. Fui ao cinema esses dias no Texas e havia jovens na minha frente assistindo outro filme no iPad. O que é isso? Estamos “tecnologizando” o cérebro? E a compaixão, a paciência? É perigoso.

“A longevidade é um estado da mente. Mas o meu segredo é bom humor e otimismo frente à realidade"

Qual a importância da religião e espiritualidade em sua vida?
Escrevi 12 livros sobre espiritualidade e religião. Infelizmente, a religião está separando o mundo, quando deveria ser o contrário. Por que lutamos com isso e qual deus é melhor? Gosto do que o padre Conrrado Balducci (ufanista) disse há quatro anos: "Não estamos sozinhos no universo”.

Como você enxerga Hollywood hoje?
Hollywood mudou muito, hoje é uma grande corporação. As pessoas estão mais preocupadas com o dinheiro e menos em fazer arte, é um horror. Os velhos têm menos espaço na indústria do cinema atualmente, porque o objetivo é vender produtos para os jovens. É muito chato e sem imaginação. E muito maçante, não estamos vendendo Coca-Cola ou carros, estamos imitando a vida humana.

Arquivos do Klau
Shirley, com o irmão Warren Beatty em 1956

Até eu pude fazer uma pergunta à Diva!

Na sua opinião, quem se destaca desta nova geração?
Gosto das atrizes da nova geração, especialmente Anne Hathaway e Emma Stone. Acho que elas ainda vão evoluir muito. Mas me incomoda essa preocupação com o tapete vermelho. O que importa é o estilista que está vestindo, o sapato, a bolsa! A nova geração se arrisca menos, mergulha menos, antes todo mundo era mais louco.

Você esteve no Brasil em 1991 e voltou 20 anos depois. O que acha do País?
Gosto do Brasil, mas fico pensando por que marco alguma coisa às 8h e as pessoas só aparecem às 11h. De repente é bom não ser tão pontual, mas não entendo. Eu moro no Novo México (estado americano) e é parecido. Se eu tenho um compromisso segunda-feira ao meio-dia, chego lá e não tem ninguém. Terça-feira, quarta e quinta-feira, a mesma coisa. Na sexta-feira, a pessoa está lá ao meio-dia. Ela acertou a hora, mas errou o dia!

“Gosto das atrizes da nova geração, especialmente Anne Hathaway e Emma Stone. Mas me incomoda essa preocupação com o tapete vermelho"

Quais são os filmes que você mais gosta?
Acho que o governo americano deveria ver “Lawrence da Arábia” todos os dias. Gosto de “Hairspray”, da diversidade sexual, homens fazendo papel de mulher e vice-versa. E também adoro “Chicago”.

E eu novamente pergunto: 

E dos que você atuou?
Gostei muito de fazer “The Turning Point/Momento de Decisão (1977), porque tenho uma formação como bailarina. Também "Terms of Endearment/Laços de Ternura (1983) - filme que lhe deu o seu único Oscar - e “The Apartment/Se Meu Apartamento Falasse (1960).

E se o seu apartamento falasse, o que ele diria?
Ele diria "basta, basta!"

Quais são seus novos projetos?
Farei dois filmes independentes. Acredito que com pouco dinheiro faremos algo com imaginação. Não direi os nomes porque sou supersticiosa.

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Arquivos do Klau
Shirley MacLaine, em foto dos anos 50

Um dos maiores nomes de Hollywood em todos os tempos, Shirley MacLaine está na ativa desde que estreou The Trouble with Harry/O Terceiro Tiro (1955), filme de Alfred Hitchcock que imediatamente a catapultou ao estrelato.

Trabalhou com todos os diretores que realmente importam - além de Hitchcock, Billy Wilder, Frank Tashlin, Kevin McClory, Vicente Minnelli , Walter Lang, Bob Fosse, Herbert Ross, James L. Brooks, entre outros.

Contracenou com atores e atrizes que fizeram história nas telonas, como Jack Lemmon,Jerry Lewis, Frank Sinatra, Jack Nicholson, Merryl Streep, Clint Eastwood, Paul Newman,Peter Sellers, Nicole Kidman, entre muitos outros.

É uma das últimas grandes estrelas do firmamento hollywoodiano ainda em atividade, seja atuando em filmes, nos palcos ou escrevendo livros - os 12 que já escreveu, sobre espiritualidade e reencarnação, foram, todos, best-seller em todo o mundo.

Ao longo de sua vitoriosa carreira, foi indicada ao Oscar cinco vezes, na categoria de Melhor Atriz, por Deus Sabe Quanto Amei (1958), Se meu Apartamento Falasse (1960), Irma La Douce (1963), Momento de Decisão (1977) e Laços de Ternura (1983); venceu por Laços de Ternura.
Recebeu uma indicação na categoria de Melhor Documentário, por The Other Half of the Sky: A China Memoir (1975).

No Globo de Ouro, recebeu três indicações na categoria de Melhor Atriz - Drama, por Deus Sabe quanto Amei (1958), Laços de Ternura (1983) e Madame Sousatzka (1988); venceu por Laços de Ternura e Madame Sousatzka.
Recebeu nove indicações na categoria de Melhor Atriz - Comédia /Musical, por Elas querem é Casar (1959), Se meu Apartamento Falasse (1960), Irma La Douce (1963), Como Possuir Lissu (1966), Sete Vezes Mulher (1967), Charity, meu Amor (1969), Muito Além do Jardim (1979), Romance de Outono (1992) e O Guarda-Costas e a Primeira-Dama (1994); venceu por Se meu apartamento Falasse e Irma La Douce.
Recebeu duas indicações na categoria de Melhor Atriz - Filme para TV / Mini-série, por Minhas Vidas (1987) e Hell on Heels: The Battle of Mary Kay (2002).
Recebeu duas indicações  na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante, por Lembranças de Hollywood (1990) e Em seu Lugar (2005).
Recebeu o prêmio de Melhor Revelação Feminina, em 1955.

Levou também o Prêmio Cecil B. DeMille (EUA) - em 1998, concedido pela Associação de Jornalistas Estrangeiros de Hollywood.
)
Recebeu três indicações ao BAFTA (Reino Unido) na categoria de Melhor Atriz, por Muito Além do Jardim (1979), Laços de Ternura (1983) e Lembranças de Hollywood (1990).
Recebeu cinco indicações na categoria de Melhor Atriz Estrangeira, por O Terceiro Tiro (1955), Elas Querem é Casar (1959), Se meu Apartamento Falasse (1960), Irma La Douce (1963) e A senhora e seus Maridos (1964) - venceu por Elas Querem é Casar e Se meu Apartamento Falasse.
Recebeu uma indicação na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante, por Flores de Aço (1989).

No Festival de Berlim, ganhou duas vezes o Urso de Prata, na categoria de Melhor Atriz, por Elas Querem é Casar (1959) e Desperate Characters (1971), e ganhou um Urso de Prata honorário  - em 1999, em homenagem à sua carreira.

No Festival de Veneza, ganhou duas vezes a Copa Volpi, na categoria de Melhor Atriz, por Se meu Apartamento Falasse (1960) e Madame Sousatzka (1988).

A Diva MacLaine é irmã de outra lenda de Hollywood - o ator, produtor e diretor Warren Beatty.

E para encerrarmos essa postagem, confira a Diva cantando e dançando, em "Sweet Georgia Brown":

E eu vivi para ver isso, ao vivo e de pertinho!

Você pode saber muito mais sobre a vida e a carreira de Shirley MacLaine, no site oficial da Diva.

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