quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A SEMANA NA TV


Confira o que você curtirá nessa postagem:
'THE WALKING DEAD': NOVA TEMPORADA ESTREOU NO DOMINGO NOS EUA
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REMAKE DE 'AS PANTERAS' NEM COMEÇOU E JÁ FOI CANCELADO
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CONFIRA O TRAILER DE 'JUSTICE LEAGUE: DOOM'
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'AMERICAN HORROR STORY' ESTREOU NOS EUA
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SUCESSO DE 'MAD MEN' PROVA QUE AINDA HÁ ELEGÂNCIA NA TELINHA
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CONFIRA TRAILER DA NOVA TEMPORADA DA ANIMAÇÃO 'OS VINGADORES'
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SELTON MELLO FALOU DE SEU NOVO FILME COMO DIRETOR NO 'PROGRAMA DO JÔ"
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ENTREVISTA: REGINA DUARTE
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AS CARAS E BOCAS DE CLÔ HAYALLA, POR REGINA DUARTE
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Agora, curta:

'THE WALKING DEAD': NOVA TEMPORADA ESTREOU NO DOMINGO NOS EUA

A série The Walking Dead voltou à ser exibida na televisão americana no domingo (16), avalizada pelas críticas e com grande expectativa após o sucesso da primeira temporada.

O drama apocalíptico de zumbis, baseado nas histórias em quadrinhos homônimas de Robert Kirkman, retomou a trama de onde terminou, sem lapsos temporários - a nova temporada terá 13 capítulos.

Os protagonistas, vividos por Andrew Lincoln  - Rick Grimes, Sarah Wayne Callies  -Lori Grimes - e Jon Bernthal - Shane Walsh -, decidiram abandonar a cidade de Atlanta para se aventurar por estradas na busca de um ambiente mais propício para sua sobrevivência.

Quem já viu o primeiro episódio - como eu - conferiu que a série manteve o ritmo e a intensidade dramática da primeira temporada, apesar da mudança na direção executiva da série - seu criador, o diretor Frank Darabont, autor de filmes como Um Sonho de Liberdade e À Espera de um Milagre, foi despedido em julho pela AMC, canal que transmite o programa nos EUA, sem revelar os motivos de sua saída.

Darabont foi substituído por Glen Mazzara, que já tinha participado como roteirista na primeira temporada, que foi um sucesso após sua estreia em outubro de 2010 e chegou a registrar mais de seis milhões de espectadores em alguns episódios - um recorde para o canal AMC.

A breve primeira temporada, de 6 capítulos de uma hora, terminou em dezembro do ano passado e a segunda temporada começou com um episódio especial de 90 minutos.

Mais de 900 zumbis foram escalados apenas para os primeiros quatro episódios da segunda temporada, e com eles por todos os lados, não há mais lugar seguro para os sobreviventes.

"Os humanos têm de se adaptar ao novo mundo, os zumbis já viraram parte do cotidiano", explicou o ator Andrew Lincoln.
"Agora não nos sentimos mais ameaçados, a gente briga de volta com os zumbis."

O intérprete do xerife Rick Grimes contou que, assim como nos quadrinhos, o grupo vai fincar pé em uma fazenda, onde as coisas estão relativamente mais calmas.
Segundo ele, o arco da temporada será similar ao da "graphic novel" que serviu de base para a série.

Divulgação
Os zumbis da segunda temporada da série "The Walking Dead", da Fox

Uma das principais diferenças será que Shane - Jon Bernthal - continua vivo, o que deve ajudar a manter o suspense entre os que conhecem o texto original.

Lincoln confessou não entender por que boa parte da humanidade foi dizimada no universo pós-apocalíptico da série - ele chegou a perguntar sobre o assunto a Robert Kirkman, criador da HQ, mas nem ele sabia.
"É como uma doença. Simplesmente uma vez que você pega, você quer comer carne humana. É o mundo em que vivemos."

"Certamente, o grande conflito da série é o quanto uma pessoa normal pode se transformar em um monstro dependendo da situação", filosofou.
"Na série, alguns humanos acabam sendo mais perigosos que os monstros."

Confira o trailer da segunda temporada:

Em menos de 24 horas, a estreia da série pode ser vista em 120 países através da FOX International Channels (FIC), proprietária da FOX e co-produtora da série.

Você pode conferir fotos dessa segunda temporada, clicando aqui.

REMAKE DE 'AS PANTERAS' NEM COMEÇOU E JÁ FOI CANCELADO

A nova versão da série As Panteras foi cancelada quatro semanas após sua estreia, informa o site Hollywood Reporter.

Apesar da forte campanha de marketing, a série foi mal recebida por crítica e público.

Bob D'Amico/Associated Press
Novas "Panteras": Rachael Taylor (à esquerda), Minka Kelly (centro) e Annie Ilonzeh

A série foi conduzida pelos mesmos responáveis por Smallville e era estrelada por Minka Kelly, Annie Ilonzeh e Rachael Taylor.

Em sua estreia, As Panteras atraiu 8,7 milhões de espectadores, mas a audiência caiu para 1,3 milhões no quarto episódio, exibido na quinta (13).

A série original foi exibida entre 1976 e 1981.

CONFIRA O TRAILER DE 'JUSTICE LEAGUE: DOOM'

A DC e a Warner preparam o próximo lançamento de sua linha animada: Justice League: Doom.

O desenho é adaptação da saga dos quadrinhos Torre de Babel.

Confira o trailer:

A história de Doom não será exatamente a mesma mostrada nas HQs.

Aqui, temos a inclusão de Ciborgue como membro do supergrupo, coisa que não havia no original.

A produção é de Bruce Timm e a direção é de Lauren Montgomery - o lançamento é para o início de 2012.

'AMERICAN HORROR STORY' ESTREOU NOS EUA

Ryan Murphy é conhecido por pesar a mão, e é só conferir qualquer uma de suas criações - como Nip/Tuck ou até mesmo a série musical Glee - para perceber que o lado sombrio sempre esteve à espreita.

É esse lado que floresce em American Horror Story, que estreou essa semana nos Estados Unidos pelo canal FX.

Os cinco minutos iniciais da série já dão o tom: em 1978, gêmeos ruivos endiabrados entram numa mansão sombria e abandonada para aprontar, mas não sem antes serem avisadas por uma garotinha com Síndrome de Down de que eles vão morrer ali.

E morrem - assassinados por uma criatura retorcida, que sai das sombras de um porão cheio de partes de corpos, fetos deformados conservados no formol e um cheiro insuportável de carniça.

Já nos dias de hoje a mesma casa é escolhida pelos Harmon para refazer sua vida.
Vivien Harmon  - Connie Britton - perdeu o segundo filho do casal no sétimo mês de gravidez e acabou flagrando o marido, o psiquiatra Ben  -Dylan McDermott - com uma de suas alunas.

Divulgação
O cartaz da série

A filha do casal, Violet  -Taissa Farmiga - também sente o baque e vive às voltas com sua lâmina para vez ou outra dar talhos nos braços.

A casa, que mais parece um castelinho no meio da cidade, tem um preço muito baixo para aquela região de Los Angeles, logo a corretora explica que os moradores anteriores, um casal homossexual, morreram lá - assassinato seguido de suicídio.

Mesmo com a carga que o lugar traz, o casal aceita.

Sem enrolação, direto ao ponto, as bizarrias começam de cara com a visita, na verdade, a invasão da vizinha esquisita Constance  -  a Diva Jessica Lange - e sua filha Adelaide - a mesma garota com Síndrome de Down do início, agora crescida, interpretada por Jamie Brewer.

Num outro momento, Vivien se depara no jardim com a soturna governanta Moira, que para ela aparece como uma senhora austera - Frances Conroy , meio judiada e com catarata, mas seu marido a enxerga como uma jovem ruiva sexy  - Alexandra Breckenridge  - de cinta-liga, gostosona, algo bem parecido com o que acontece com Jack Nicholson e a mulher na banheira do quarto 237 de O Iluminado.

Outro personagem que lembra muito O Iluminado é o de Larry Harvey - Denis O’Hare, de True Blood -  que assim como o barman Lloyd do filme de Stanley Kubrick, matou suas duas filhas e sua mulher, e conta para Ben que as vozes da casa o comandavam.

O toque chique, aqui, é que a trilha escolhida para narrar a história do assassinato é tirada de trechos de Um Corpo que Cai, de Alfred Hitchcock.

Confira o trailer da série:

American Horror Story é assustadora e interessante, mas talvez pesada demais para o público médio americano, e deve incomodar até os apreciadores de terror mais liberais.

SUCESSO DE 'MAD MEN' PROVA QUE AINDA HÁ ELEGÂNCIA NA TELINHA

Muitos classificaram sua ideia de besteira, de quem não sabia nada sobre televisão, mas o tempo mostrou que o produtor Matthew Weiner estava certo, já que sua série Mad Men faz um enorme sucesso e impõe seu estilo dentro e fora das telas.

Sem nenhuma sombra de dúvida, a série é a principal atração entre os dramas televisivos nos Estados Unidos. 
Desde sua estreia em 2007, Mad Men já foi exibida em mais de 142 países, glorificando seus personagens humanos e tramas que, como a boa comida, é cozida em fogo brando.

Atualmente, a série está em fase de produção de sua quinta temporada, prevista para estrear somente em 2012. 
"Uma das razões pelas quais ninguém queria fazer o programa é porque pensavam que esse tema nunca seria vendido fora dos EUA", lembrou Weiner em entrevista à Agência Efe, em Hollywood.

Divulgação
Henry Francis (Christopher Stanley) e Betty Francis (January Jones) no 1º episódio da 4ª temporada de "Mad Men" (2010)

"Agora a série está em todas as partes e é muito popular", completou Weiner, que ainda se surpreende com a aceitação de seu projeto. 
A elegante abordagem dos anos 60 e o espaço aberto para outras produções, como Pan Am e The Playboy Club, também é motivo de orgulho para o produtor.

"Sinto-me extremamente realizado. É um prazer para mim porque todas as pessoas estão fazendo esses programas haviam rejeitado o meu projeto. Disseram-me que nunca iria funcionar, que era uma bobagem e que eu não entendia nada de televisão. Agora, com essa situação, estão admitindo que eu tinha razão", explicou o sorridente Weiner.

O caso é que na primeira impressão, Mad Men pode parecer um drama de época difícil de ser digerido, protagonizado por homens de negócios, machistas, ambiciosos, fumantes, de terno e gravata, infiéis e rodeados de mulheres. 
Mas, por trás das aparências, há um drama silencioso que relata uma complexa mudança social.

"Estou fazendo uma autópsia do mundo empresarial americano", explicou Weiner, afirmando que a série exerce uma verdadeira autocrítica de seu país. 
"A série é ambientada nos anos de nosso maior 'glamour', a imagem mais positiva que os EUA ofereceram ao mundo. Assim, a série tenta encontrar o que foi feito de errado", apontou o roteirista e produtor.

Getty Images
O produtor Matthew Weiner 

Uma dos pontos fortes de Mad Men que atualmente ultrapassa o limite da TV e serve de fonte de inspiração no universo da moda é sua sofisticação e apreciação do espectador. 
Segundo o roteirista, sua série acaba contrariando o recorrente hábito das emissoras de agrupar o maior número de espectadores possível em torno de um "denominador comum cada vez mais baixo".

"'Mad Men" e "Família Soprano" mudaram a forma de a indústria avaliar onde está o sucesso comercial de um programa de televisão. Antes, ninguém queria me pagar por isto", afirmou o executivo, que também foi roteirista e produtor da série Família Soprano.

Weiner admitiu que ficou feliz com o polêmico final dado a Família Soprano, o mesmo que decepcionou muitos fãs por não apresentar uma conclusão clara, algo que "só David Chase (criador da série) pode fazer", disse.

"Foi um final de 'rock and roll'. Senti como se David Chase estivesse quebrando sua guitarra no palco. O clássico 'mandar tudo à m.' do rock and roll", declarou Weiner, que apostará em outro estilo depois do final de Mad Men na sétima temporada.

"Para mim é literalmente como fazer uma sobremesa. Porém, quero ter o perfeito conhaque, a coisa mais pura que deixe um sabor na boca, mas dentro dos parâmetros da série. Não me sinto na obrigação de surpreender", concluiu.

CONFIRA TRAILER DA NOVA TEMPORADA DA ANIMAÇÃO 'OS VINGADORES'

Hoje estreia nos Estados Unidos a segunda temporada do desenho do supergrupo da Marvel - Os Vingadores: Os Super-heróis mais Poderosos da Terra.

E abaixo você pode ver o trailer.

Assista:

SELTON MELLO FALOU DE SEU NOVO FILME COMO DIRETOR NO 'PROGRAMA DO JÔ"

Na última terça (18), o ator Selton Mello deu uma ótima entrevista no programa de Jô Soares, para falar de seu novo projeto - o filme O Palhaço, onde além de atuar com a lenda Paulo José, ele também é diretor.

"Quando você dirige e atua, não há tempo para mais nada, é uma dedicação total. E este filme é muito bacana pois é uma homenagem aos artistas circenses e a nossa profissão de ator”, disse.

Selton também contou que gostou de interpretar o palhaço Benjamin.
“ Nunca tive medo de palhaço. Quando era criança sempre frequentei circo e era um dos meus personagens preferidos”.

Confira a entrevista na íntegra:

O Palhaço estreia em circuito nacional amanhã.

ENTREVISTA: REGINA DUARTE

Vítima da greve dos bancos, a Diva das telinhas  Regina Duarte, 64, chega com atraso de uma hora para uma entrevista marcada no Projac - Central Globo de Produção, no Rio.

Com bobes nos cabelos, maquiagem incompleta, ela chega acompanhada de sua assistente Miriam Boechat, puxando uma mala de rodinha Louis Vuitton, bolsa pendurada no braços e, sobre o colo, uma pasta com os roteiros dos capítulos e fotos de Liz Taylor e Jackie O., cujos penteados serviram de inspiração para compor sua histriônica e bipolar Clô Hayalla em O Astro, remake da trama de Janete Clair  - no ar no horário das 23h. e que agora está nos seus últimos capítulos.

Enquanto posa para uma galeria de fotos com todas as caretas de Clô, Regina comenta o motivo do exagero na interpretação, passa lápis no olho, comenta as reprises do canal Viva, fala de plásticas, clareamento nos dentes e elogia Glória Pires, a presidente Dilma e a novela A Vida da Gente.

Confira:

Pergunta – Vejo que você inspirou Clô Hayalla visualmente na Liz Taylor e na Jackie Kennedy Onassis...
Regina Duarte – Esse acúmulo de jóias eu mantive, mas o figurino ficou meio tailleurzinho mesmo.

E você pegou alguma referência da Tereza Rachel, que interpretou a personagem na primeira versão da novela?
Não, não, nem assisti a nenhum capítulo da versão original. A única coisa que eu sei da Tereza Rachel é que as pessoas adoravam e que ela parecia meio doida. A personagem tinha alguma coisa de louca, desequilibrada. Mas isso é intrínseco da personagem...

Ela é bipolar?
Eu acho que sim. Ela é bem descompensada. Ciclotímica [pessoa de humor flutuante e variável]. Eu acho que ela nem é isso, na verdade... Acho que ela se comporta de acordo com a situação. Como ela é extremamente espontânea, não tem freio, por isso que eu a chamo de mimada. Sabe aquelas pessoas que não estão nem aí pro sentimento dos outros? Então ela é agressiva, violenta mesmo, nesse ímpeto de ser sincera. Ela é muito transparente. A Clô é aquela pessoa que você sempre vai saber o que ela está pensando. Agora, se ela se sentir ameaçada ou sentir que estão jogando com ela, aí sim ela é totalmente dissimulada. Não acho que ela seja capaz de propor a dissimulação, mas se fizerem isso com ela, aí ela mente descaradamente.

Luciana Witaker/UOL
Pasta onde a atriz Regina Duarte guarda textos para decorar da novela "O Astro"; referências a Liz Taylor e a Jackie Kennedy

E quanto às caretas que você imprime à personagem? Muita gente adora, muita gente critica. Por que disso?
Então, por isso que eu separei algumas frases dela. Uma pessoa que tem um texto assim: “Estou dilacerada, sou uma chaga viva, tia Magda, parecia que meu peito ia estourar de tanto sofrimento”; “Ainda não chegou ninguém? Que pena! Queria tanto fazer uma entrada triunfal...”; “Como é que eu vou viver aqui nessa casa sem meu neto? Não tira meu netinho dos meus braços, meu filho. Quem sou eu sem vocês dois?”; “Eu nunca pensei que você pudesse me apunhalar desse jeito, Felipe...”; “Tenho sido tratada como uma escrava que perdeu os dentes, o movimento das pernas, a serventia...” Essa mulher dá pra fazer em tom naturalista? O que eu acho é que o texto me levou pra uma exacerbação. Eu conheço gente assim. Mulheres assim, que não conseguem falar num tom normal. Como se elas precisassem sublinhar os sentimentos e acentuar as cores do que estão dizendo e sentindo. Tem gente que não consegue falar com naturalidade, que tem que fazer o gesto, e eu acho que a Clô é uma dessas. As caras e bocas não são aleatórias. Elas têm uma razão de ser no texto proposto. E eu procuro expressar exatamente o que está escrito. Eu não faço aquela linha lexotan, sabe? De dizer tudo no mesmo diapasããããão, com a mesma caaaaaara... Tem gente que interpreta assim, com pequenas sutilezas. Eu não. Sempre fui uma atriz que mergulhou fundo na tentativa de expressar o que está dizendo da forma mais ampla possível. Até de uma forma didática para o público. Tem gente que diz assim: “Regina é uma atriz óbvia.” Sou. Porque eu acho que o veículo pede obviedade. Senão a pessoa vai tomar café. Ninguém quer ficar traduzindo o que será que ela quis dizer. O que será que ela está sentindo? O veículo tem uma dose de obviedade. Então, eu trabalho com a obviedade. Talvez se eu tivesse feito mais cinema, teria desenvolvido um outro lado, que eu admiro demais, [em uma atriz] que é a minha deusa, minha atriz referência, que é a Glória Pires. Passa tudo sem levantar uma sobrancelha! Maravilhosa! Ela é a minha grande referência do que seria o oposto de mim, digamos. Do que seria o oposto de mim na televisão. Mas também, vou dizer o seguinte, só em alguns personagens... Na Porcina tem essa coisa rebuscada, mas se você olhar as minhas Helenas, elas são contidas, elas são econômicas, porque o texto pede economia, um texto equilibrado, sensato. Agora, a Porcina é equilibrada? A Clô é equilibrada? Tem que fazer uma interpretação insensata, inesperada, porque essas mulheres são inesperadas, surpreendentes...

Você usa peruca para fazer a Clô?
Na verdade é um aplique, uma meia peruca, que dá mais volume porque o meu cabelo está muito quebrado, murchinho... É um aplique e uma franja falsa... Nos primeiros capítulos era feito com o meu cabelo. Mas ele ia murchando. Aí o pessoal providenciou a peruca para não precisar desfiar e usar muito produto para dar volume. Aquelas primeiras cenas do Márcio na clínica eram com meu cabelo, super desfiado, com laquê. Eu falei: "gente, em quatro meses eu vou ficar careca". Porque o meu cabelo é tipo Xuxa, sabe? Fininho. De neném. Sempre foi. Como você quer as fotos mesmo?

A gente queria que você fizesse umas caras e bocas da Clô, como na cena do elevador, quando você vota contra o Samir para diretoria das empresas...
Mas aquele texto é maravilhoso. Ela [aponta para Miriam, sua assistente] me ajudou a decorar. Ela é minha “coach” de texto. Sem ela eu não conseguiria...

Sério? Porque quando você fazia “Rainha da Sucata” (1990), passou uma reportagem no “Fantástico” dizendo que você decorava até cem páginas de texto por dia...
Mas isso foi há 20 anos e meus neurônios eram ótimos, hahahaha! Eu acho que em interpretação não tem que pensar para falar. Atrapalha o ritmo e passa sensação de insegurança. Eu gosto de chegar ao estúdio sem ter que pensar no texto. E é isso que a Miriam faz comigo: "de novo, de novo..."

Você acabou de elogiar a Glória Pires. Você assistia à reprise de “Vale Tudo”? O que você achava das cenas de vocês duas?
Ah, eu sou apaixonada pela Glorinha. Eu babo pra tudo que ela faz. Porque ela é exatamente tudo o que eu queria ser quando eu crescer, hahahahah! Contida, intensa, ela não desperdiça um gesto, um olhar...

E das cenas de vocês na novela? Qual você mais gostou? Tem uma cena em que estão você, ela, Beatriz Segall e Natália Thimberg que todo mundo adora...
Ah, sim, a cena da revelação em que ela vai contar da traição [da Maria de Fátima] e a Beatriz Segall fala no final que teria feito o mesmo se tivesse uma mãe horrorosa feito a Raquel, hahahahaha!

Como era gravar uma cena com quatro atrizes tão reconhecidas como vocês? E era uma cena longa, mais de cinco minutos, se não me engano... Não tem mais isso na TV, tem?
Tem menos. O Manoel Carlos gosta de cenas longas. Eu estou vendo agora “A Vida da Gente” e acho que é uma retomada de uma novela de texto. Mas um texto com profundidade, com verdade humana mesmo. Eu estou adorando! Estou amando e recomendo. Quem está triste que “O Astro” vai acabar, tem uma alternativa às seis da tarde. Se não conseguir ver no horário, veja na internet. Eu tô amandooooo! Amo a trama, a luz, a direção, os atores extraordinários. O que é a Ana Beatriz Nogueira? E aquela menina? A Marjorie Estiano? E a Gisele Fróes, a treinadora?

Você sabe do sucesso da reprise de “Vale Tudo” e da repercussão atual, com as novas gerações. Na época também foi assim, muitas mulheres investiram nesse ramo de fazer e vender comida, em Cuba abriram os restaurantes Paladar. Como você encara essa repercussão que sai do universo meramente ficcional?
Quando a gente está fazendo, não imagina que vai repercutir 20 anos depois. Mas quando a gente estava fazendo “Roque Santeiro”, “Vale Tudo”, a gente sabia que estava fazendo um bom texto, que tinha uma boa direção, um elenco incrível. Agora essa coisa de virar um pouco cult, como foi agora? Aliás eu tenho que mandar um beijo para todos os internautas, porque esse sucesso é deles, eles inventaram isso. E eu sei que eles ficaram muito impressionados, porque é uma geração que não tinha visto temas como aqueles abordados daquela maneira. Com inteligência, delicadeza... E tinha coisas bem pesadas na novela. Eu lembro que a Heleninha da Renata [Sorrah] era estuprada no quarto de hotel. Evidentemente que não aparecia a cena de estupro, mas cortava pro cara vindo pra ela e depois pra ela saindo do quarto cambaleando e toda arrebentada. A gente falou de coisas que hoje não tá dando mais pra falar...

Por que? As pessoas estão com medo da ficção?
Não. A TV entra na casa das pessoas e está cada vez mais liberado. No meu tempo, meus pais tinham horário para gente assistir. Hoje é difícil. Os pais trabalham fora. As babás entregam as crianças para serem cuidadas pela televisão, porque elas querem ler a revista, elas querem ver seu programa de TV, e a criança vê tudo. O que é uma loucura. Porque tem coisas que o adolescente e a criança não estão preparados ainda para ver e refletir sobre. Eu sou a favor de um certo cuidado e acho que essa coisa da classificação indicativa é muito importante. Por que “O Astro” teve o impacto que teve? Porque entrou em uma faixa em que pode dizer coisas que não se diz mais às oito e às nove da noite. Por que você acha que “Vale Tudo” entrou às 0h45? Não é censura, não. Sou absolutamente contra censura. Fui quase que centenas de vezes a Brasília pra lutar por episódios de “Malu Mulher”, de “Roque Santeiro” que Globo não conseguia botar no ar...

Divulgação/Globo
Regina Duarte em cena de "O Astro": atriz acha que assassinos são Samir e Magda

Você falou que ficava assustada com a TV HD. E quando você vê as reprises do “Viva” e aqueles dentes amarelados que quase todo mundo tinha, não te assusta?
Ah, aquilo era resina. A cada três meses tinha que trocar, mas ela ia amarelando com café, com vinho...

Você fumava?
Fumava, mas consegui vencer essa batalha. É uma batalha terrível, heroica. Eu me sinto uma heroína. Agora a medicina está tão avançada em todas as áreas. Então hoje eu tenho implantes de porcelana, em cima dos meus dentes originais, claro, mas fiz a boca inteira. Assusta ver aquilo. Inclusive meus dentes eram considerados bonitos. As pessoas elogiavam. Diziam que eu tinha um sorriso lindo. Hoje eu olho e digo: “Meu Deus!” Hoje sim eu gosto dos meus dentes.

Você disse que você fez uma plástica aos 38 anos e que cortaram teu rosto todo...
Ficou tão dramático aquilo... Como se ninguém soubesse como se faz uma plástica...

Por que você fez naquela época? Você não era muito nova?
Eu fui aconselhada. Na verdade eu fui para uma clínica com a Dina Sfat. Fui acompanhá-la porque ela foi tirar os pontos. Eu tinha tido três filhos, tinha engordado e emagrecido bastante nessas três vezes. Estava com uma papada que me envelhecia. Começava um pouco de pálpebra. Aí fui aconselhada pelo médico, que disse que eu estava na idade perfeita e que duraria 20 anos. E durou... Quando eu digo que hoje não faria, é com a minha idade. Agora, se eu estivesse com aquela idade, naquela situação, faria de novo sim... Vou fazer essas intervenções não invasivas. Eu só não quero ficar toda esticada de um jeito que não combine com a minha idade real.

A gente vê cenas tuas com o Lima Duarte em “Roque Santeiro”, quando o Sinhozinho Malta imita um cachorro, que dá a impressão de que vocês estão rindo de verdade um do outro...
Isso aconteceu muitas vezes. Era inevitável, né? Nós dois até nem era tanto, o problema era quando juntava Armando Bogus, Eloísa Mafalda, Ary Fontoura, Paulo Gracindo, quando um não ria, o outro ria. Tinha que fazer tudo de novo. Eram divertidíssimas e era muito difícil de a gente ficar sério.

Você nunca fez uma vilã, né?
Na Excelsior eu fiz vilãs horrorosas...

E você gostaria de fazer?
Ué, tá em aberto. Já tive problema em fazer vilã porque é difícil de carregar. É uma energia ruim. Ainda mais pra fazer a sério. Não sei se eu gostaria. Eu gostaria de uma vilã que eu pudesse brincar um pouco, tipo a Nazaré da Renata Sorrah. De quem as pessoas possam até rir. Agora realisticamente seria muito pesado. Até faria se precisasse, mas não sei se eu preciso. Sei que tem muito fã meu louco pra me ver fazendo uma vilã... Agora, assim como eu não gostaria mais de fazer as mocinhas impolutas, que não erram, eu não gostaria de fazer aquela que é só vilã, porque também não é real. Se for pra ser real tem que ser uma psicopata, tipo a Flora de “A Favorita”. Pra fazer uma doente, ok. Mas gosto de personagens mais humanos. A Clô pisa no pescoço da tia Magda, crucifica e depois vai lá pedir perdão... Isso eu gosto. Agora, uma vilãzona, é um ano da tua vida voltado para mal. Não faz meu gênero, hahahah!

Sempre te perguntam sobre o episódio daquela eleição do Lula. Eu quero saber o que você pensa da Dilma.
Eu acho que a Dilma, até agora, só merece elogios. É uma mulher firme, séria, uma presidente à altura da grandeza do nosso país.

E quem matou Salomão Hayalla?
Saber mesmo eu não sei, mas eu acho que foi o Samir e a tia Magda. Aliás, acho que faria todo o sentido ser a tia Magda...

E para encerrar, as fotos de Luciana Witaker, produzidas especialmente para a entrevista concedida a James Cimino, do UOL:

AS CARAS E BOCAS DE CLÔ HAYALLA, POR REGINA DUARTE

Luciana Witaker/UOL

Luciana Witaker/UOL
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Até +!

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