Em Meu País, estreia brasileira da semana, juntamente com Cauã Reymond e Débora Falabella, Rodrigo Santoro compõe a tríade de filhos do personagem de Paulo José, que morre no início da trama deixando aos herdeiros o trabalho de reestruturar a família.
Nesta semana, Meu País saiu do Festival de Brasília com seis prêmios - entre eles, melhor diretor para o estreante André Ristum e melhor ator, para Santoro.
Marcos - Santoro - é casado e mora na Itália.
Depois da morte do pai, quando volta para o Brasil, descobre que ele e seu irmão, Tiago - Reymond - receberam, além da herança, uma meia-irmã, Manuela - Débora -, que vive numa clínica por conta de sua deficiência intelectual.
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Cauã Reymond e Rodrigo Santoro, em cena do filme
Os dois têm dificuldade em aceitar a moça, fora os problemas de relacionamento entre si: Marcos é mais sério, centrado, enquanto Tiago é um playboy que não quer nada da vida.
"Eu sou muito diferente do Marcos", diz Santoro, "não tenho essa dificuldade em entender o que sinto, em me expressar".
Por outro lado, o ator comenta que usou um pouco de sua experiência como "estrangeiro em seu próprio país" para entender o estranhamento do personagem ao voltar para o Brasil.
"O país [do título] é o mundo interno de cada um", define Santoro, em entrevista à Reuters.
Para compor seus personagens, Santoro, Reymond e Débora conviveram por um tempo antes de começar as filmagens.
"Criamos detalhes e um passado para os personagens. Imaginamos como era a vida deles antes do período retratado no filme", explica Reymond.
Já Débora, como a sua personagem, só chegou mais tarde nessa preparação.
Reymond acha interessante que, com Meu País, o cinema brasileiro mostre um pouco os problemas das classes mais abastadas.
"É interessante ver que em nossa sociedade também existem famílias fraturadas nas classes A e B".
Este, aliás, foi um dos atrativos para o ator aceitar o convite do diretor André Ristum, que faz sua estreia na ficção e tem no currículo curtas como De Glauber para Jirges e Homem Voa?, além do documentário Tempo de Resistência.
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Rodrigo Santoro e Débora falabella, em cena do filme
A preparação para Santoro também incluiu aulas de italiano, já que seu personagem mora na Itália há um bom tempo.
"Foi um estudo intensivo voltado para o roteiro, não dava tempo de aprender a língua. Com o filme, realizo um sonho do meu avô, que é italiano. Com o italiano eu não podia enrolar como no inglês, que quando não sei uma palavra coloco o '-tion', e sigo em frente", diverte-se.
Já Reymond vê no cinema - especialmente em filmes como Meu País e Estamos Juntos - a possibilidade de chegar a outros públicos que a novela não alcança.
Recém-saído do megassucesso da novela Cordel Encantado, Cauã diz que, mesmo em férias, prepara-se para Quincas Berro D'Água, que deverá rodar sob a direção de Sergio Machado.
Confira entrevistas do produtor Fábio Gullane, do diretor André Ristum e do ator Rodrigo Santoro - falando sobre "Meu País" - para o UOL:
Os dois atores são unânimes na admiração por Paulo José: ambos rodaram cenas com o veterano que acabaram ficando de fora na montagem final de Meu País, mas eles nem lamentam isso.
"Só o fato de tê-lo no set, de poder conversar com ele e trocar experiências, tudo isso conta muito. Ele é um mestre para todos nós", define Reymond.
"Ele foi nosso padrinho. Ele é a arte em forma de gente", completa Santoro.
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CRÍTICA
Um introspectivo e delicado drama familiar filmado de forma introspectiva e delicada.
Essa deve ser a melhor definição para Meu País, estreia do cineasta André Ristum na direção de longas de ficção.
O inteligente roteiro trabalha sobre as diferenças de dois irmãos de comportamentos muito diferentes: Marcos - Rodrigo Santoro -, o mais velho, é um executivo bem sucedido que leva uma vida luxuosa na Itália; Tiago - Cauã Reymond - é um mauricinho irresponsável, que vive do dinheiro acumulado pelo pai - Paulo José, em pequena porém brilhante participação - em São Paulo.
É exatamente a morte do pai-provedor que desestrutura a falsa, frágil e aparente estabilidade familiar pois, forçados ao reencontro, estes dois irmãos - de nomes bíblicos - se vêem diante de problemas e encruzilhadas de vida que os obrigarão finalmente a encarar inevitáveis conflitos eternamente adiados - inclusive com a adição de uma meia irmã - Débora Falabella - internada num sanatório, e que eles nem sabiam da existência.
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A lenda Paulo José interpreta o pai dos protagonistas, numa brilhante e especialíssima participação
Tudo em Meu País é contido e elegante, e Ristum consegue passar para o filme o sentimento de grito preso na garganta que marca a trajetória do protagonista Marcos.
São emoções represadas, um choro eterno que se recusa a sair, tudo com a ajuda da câmera, sempre próxima dos atores, buscando cumplicidade com a platéia e devassando o íntimo silencioso de cada um.
Nota-se em cada cena a total entrega do elenco, em interpretações marcantes e verdadeiras,tudo emoldurado por uma bela fotografia em tons esmaecidos e grãos ampliados - lembrando muito os filmes de arte europeus - que sublinham o momento árido de uma situação na qual brilhar não é possível.
De minha parte, sempre é muito gratificante - e emocionante - ver atores e atriz tão jovens e tão plenos em seu ofício.
Pena que, se for se basear só pelo título, o público talvez não seja atraído por ele - e perderá um filme acima da média.
Confira o trailer do filme:
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MEU PAÍS
Diretor:
André Ristum
Elenco:
Rodrigo Santoro
Cauã Reymond
Débora Falabella
Anita Capriol
Paulo José
Eduardo Semerjian
Nicola Siri
Luciano Chirolli
Stephanie de Jongh
Produção:
Fabiano Gullane
Caio Gullane
Débora Ivanov
Gabriel Lacerda
Andre Ristum
Roteiro:
Andre Ristum
Octavio Scopellitti
Marco Dutra
Fotografia:
Hélcio "Alemão" Nagamine
Trilha Sonora:
Patrick de Jongh
Duração:
90 min.
Ano:
2010
País:
Brasil
Gênero:
Drama
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Imovision
Estúdio:
Gullane
Sombumbo Filmes
Classificação:
12 anos
Cotação do Klau:
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