quarta-feira, 12 de outubro de 2011

'ATAQUES HOMOFÓBICOS SÃO CILADAS', DIZ COORDENADOR DA DIVERSIDADE DE SP


Desde novembro de 2010, quando adolescentes armados com lâmpadas fluorescentes atacaram jovens presumidamente homossexuais na avenida Paulista, a região mais famosa da capital de São Paulo registrou outros sete casos semelhantes.

No mais recente, no último final de semana, um casal gay foi perseguido ao sair de uma boate e agredido com socos e chute - uma das vítimas chegou a ter a perna quebrada.

Em comum, os episódios de violência gratuita têm a características de serem "quase emboscadas", de acordo com Franco Reinaudo, coordenador de Assuntos de Diversidade Sexual da prefeitura de São Paulo - Cads.
"Não começa com uma briga e existe uma possibilidade de defesa. As pessoas são agredidas pelas costas, em geral eles (agressores) estão em maior número do que as vítimas. É algo covarde. Isso faz com que a gente tenha uma grande dificuldade de prevenir, por conta de ser uma emboscada", diz Reinaudo.

Divulgação
O Coordenador do Cads, Franco Reinaudo

À frente do órgão há três anos e meio, ele recebe todos os dias denúncias de agressões a homossexuais e divulgou, após o caso das lâmpadas, um mapa da homofobia na capital.

O estudo mostrou que a região do centro expandido - que incluiu a avenida Paulista - concentrava metade dos casos de violência física contra gays.

Centro financeiro da maior cidade do Brasil durante o dia, a Paulista atrai todas as tribos à noite, e é justamente o encontro das diferenças um dos possíveis fatores para os atritos que acabam em violência.
"O que deveria ser um espaço democrático de convivência virou um espaço de ataque desses grupos. Estão se encontrando grupos diferentes que, ao invés de conviver, estão sofrendo ataques", afirma o coordenador.

A agitação noturna também é apontada pela polícia como "chamariz" para quem se diverte com a intolerância.
"Atrai pessoas que vão em busca de encrenca. Eles têm isso como uma cultura", diz o delegado Joaquim Dias Alves, da Divisão de Proteção à Pessoa da Polícia Civil - sob sua coordenação está a unidade referência na investigação dos casos, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância - Decradi - ele confirma que, desde janeiro, a região da Paulista registrou pelo menos quatro casos de intolerância sexual.

O delegado destaca o trabalho de inteligência e monitoramento de suspeitos, muitos já catalogados em um arquivo de fotos da polícia.

Segundo Alves, no banco de imagens "bastante completo" estão integrantes e ex-membros de grupos skinheads, punks e com passagens pela Decradi - a análise do álbum pelas vítimas é a primeira etapa da investigação.

Apesar de agressões do tipo serem comumente ligadas a grupos de skinheads, Reinaudo lembra que muitos ultrapassam os limites dos ideais de ódio.
"O ataque da lâmpada, que ficou emblemático, era uma turma de classe média que não tinha nenhum ideal por trás. Foi uma violência por violência."

Para o coordenador e para o delegado, as agressões com motivações homofóbicas não aumentaram desde o ano passado: o que aumentou, segundo eles, foi o número de denúncias.
"Está ocorrendo um fenômeno que as pessoas estão se sentido mais protegidas para denunciar, o que não acontecia antes. Hoje nos procuram para relatar o fato, já chegam perguntando da Decradi. Virou referência", diz Alves.

"Quando aconteceram os ataques das lâmpadas, que foram emblemáticos e deram essa visibilidade, isso começou a vir à tona de alguma forma", afirma Reinaudo, acrescentando que esta, porém, é "apenas a ponta do iceberg".

Se você for vítima de um ataque homofóbico na cidade de São Paulo, clique imediatamente no selo do Cads- Centro de Combate à Homofobia - à direita dessa postagem, preencha o formulário e denuncie!

VÍTIMAS DE HOMOFOBIA: DENUNCIEM!
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Matéria base: Isabela Gasparin - Portal Terra
Redação Final e compilaçao de dados: Cláudio Nóvoa

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