A aventura cinematográfica de Harry Potter, que seguiu fielmente as histórias do bruxinho criado por J.K.Rowling em 1997, arrecadou até agora em bilheteria mais de US$ 6 bilhões no mundo todo.
No mundo criado pela escritora, fomos apresentados a personagens cativantes, tramas inteligentes e, nas telonas, acompanhamos o fim de infância e a adolescência dos personagens e seus atores, principalmente do protagonista Daniel Radcliffe, que não só convenceu desde o primeiro frame, como se tornou, para mim, o melhor ator britânico da sua geração.
Vê-lo nas telonas ou no palco - onde também constrói uma sólida carreira - é uma festa para os sentidos.
Ator muito seguro, bonito na medida certa, esse pequenino - tem 1, 65 metro - ator ocupa cada polegada da telona, cada centímetro do palco, esbanjando criatividade, talento e carisma.
Sem ele, com certeza o universo de J.K.Rowling, escuro e denso, seguramente não teria o mesmo sucesso na telona.
FALA O DIRETOR
O diretor britânico explicou em entrevista à Agência Efe que com a oitava e última parte da saga, buscou por cenários "mais espetaculares" que os dos outros longas.
"Queria imagens tingidas de vermelho, com sangue, fogo e ação, sem comprometer o aspecto comovente com o qual estes jovens tentam vencer uma guerra", disse o também roteirista, responsável pela adaptação do livro da escritora britânica J.K. Rowling para o cinema desde 2007.
Reuters
Yates, praticamente um desconhecido antes de Harry Potter entrar em sua vida, reuniu Chris Columbus, Alfonso Cuarón e Mike Newell, para dar um toque mais sombrio nas aventuras do bruxinho.
Assim fez com Harry Potter e a Ordem da Fênix (2007), Harry Potter e o Enigma do Príncipe (2009) e Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 (2010), filmes que quis acrescentar "escuridão e intensidade".
"Queria uma obra mais madura, mais moderna, e deixar de lado o mundo infantil - ampliar a audiência. Queria que o filme fosse mais sofisticado, além de comovente", declarou.
E quanto ao tão aguardado desenlace da saga, na estação de Kings'Cross, Londres, onde começa o mundo mágico de Harry Potter, o cineasta confessou que é sua "cena preferida" e é a que, inclusive, a que "completa o ciclo".
FALA O VILÃO
Até um ser mau como Voldemort tem a possibilidade do bem dentro de si, mesmo que ela tenha sido erodida, reprimida, suprimida, ou de alguma forma distorcida dentro dele depois que ele foi realmente ferido, acredita Ralph Fiennes.
O ator inglês contou sobre sua experiência como o vilão da franquia Harry Potter à Newsweek, e afirma que Voldemort é uma força satânica, um órfão a quem foi negado qualquer tipo de afeição e amor familiar, uma figura isolada desde muito cedo.
Div.Warner/AFP
O ator em cena como Voldemort , e na estreia mundial
Fiennes conta que, no início, não tinha familiaridade com os livros e não estava certo se queria o papel - até hoje não leu Harry Potter e a Pedra Filosofal, o primeiro livro da série.
"Depois que eu ganhei o papel, eu me debrucei sobre todas as referências nos livros e encontrei as passagens em que J.K. Rowling o descreveu", conta.
“Às vezes, você pode criar um personagem a partir de uma pessoa real, mas muitas vezes você cria algo a partir de si mesmo".
Fiennes diz que teve bastante influência sobre o visual de Voldemort e que se sentia realmente dentro do personagem quando colocava as vestes negras e longas de seu figurino.
"Eu ia para o set de manhã, geralmente em torno das 6h, e todo o processo levava cerca de duas horas. Meu couro cabeludo era completamente raspado; colocavam a pele pálida de réptil em minhas mãos e cobriam minhas sobrancelhas com próteses" - a caracterização ainda era completada com longas unhas que eram coladas sobre as suas e o impediam de fechar os punhos - e conta que não ficou com a varinha do bruxo, mas mantém em uma jarra em seu escritório a "dentadura muito convincente" que foi feita para ele.
Fiennes também falou sobre a personalidade de Voldemort.
"Quanto a sua solidão, eu entendo. Eu acho que ele nunca teve uma vida amorosa. Ele não sabe o que é amor; é uma linguagem que ele não compreende. Tudo nele tem a ver com aquisição de poder e controlar e manipular um monte de gente. Pode ser emocionante e bastante libertador de interpretar, porque todas as regras desaparecem. 'Em Harry Potter e o Cálice de Fogo', o diretor Mike Newell encorajou uma explosão direcionada de maldade e raiva. Quando alguém está contido e tem a capacidade de explodir, isso deixa as pessoas nervosas".
Fienne completa a entrevista, ao afirmar que não sente falta do personagem e que chegar ao "grand finale" traz uma sensação de completude.
"Alguns atores gostam de enfatizar o mal nos personagens chamados de 'vilões', mas você quer ser um ser humano em primeiro lugar. Todo mundo tem o potencial de ser corrompido. Todo mundo".
FALAM OS PROTAGONISTAS
Se despedir de Harry Potter não foi fácil para os atores da saga.
Em entrevista ao programa de Larry King na CNN, Daniel Radcliffe confessou que "chorou como uma criança" no último dia de filmagem.
"Foi uma experiência extraordinária trabalhar com o mesmo grupo de pessoas por dez anos", disse o protagonista.
"Você desenvolve laços tão fortes com pessoas tão diferentes e, apesar se saber que esses laços continuarão existindo no futuro, é muito estranho não voltar a trabalhar com eles no ano que vem".
Getty Images
Rupert Grint, que interpreta Ronald Weasley, também se emocionou com o fim das filmagens.
"Lembro de arrumar meu camarim e guardar todos esses estranhos cartões de aniversário e brinquedos que colecionei ao longo dos anos... foi um grande choque, de verdade, como se tivesse deixando tudo para trás".
Na entrevista coletiva para a imprensa que antecedeu a pré-estreia do último filme da série, Emma Watson disse que sentirá saudades de sua personagem Hermione Granger.
“Ela é uma jovem tão admirável que crescer ao lado dela me fez ser uma pessoa melhor”, disse Watson, que viveu Hermione durante dez anos nas telonas.
A atriz falou da emoção que sentiu ao filmar suas últimas cenas.
“O filme lida com perda e eu estava lidando exatamente com a mesma coisa, com meu próprio luto pelo fim da série. O filme de uma forma espelhou o que estava acontecendo comigo”, disse ela.
Em Nova York - por causa de sua participação no musical How to Succeed in Business Without Really Trying, na Broadway - Daniel Radcliffe participou da coletiva através de um vídeo,onde disse que sentirá saudades de viver um “herói de ação”.
“Eu não tenho a estatura e a estrutura de um herói de ação, então viver Harry Potter foi um grande presente”, disse Radcliffe, que viajou ao Reino Unido por apenas 36 horas para participar da pré-estreia.
E foi na pré-estreia em Londres que Radcliffe agradeceu publicamente a autora dos livros da saga, J.K. Rowling.
"Sempre quis dizer isso, mas nunca tive a oportunidade: eu te devo muito por esse trabalho, muito obrigado", disse, emocionado.
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Daniel Radcliffe abraça J.K.Rowling no palco montado em Trafalgar Square
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Os dois foram os últimos a chegar para a estreia do longa em Trafalgar Square - a praça, que costuma receber grandes comemorações, estava lotada de jovens do mundo todo.
"Algo tão grande assim não deve acontecer novamente, é só uma vez na vida. Esse é um momento para ser levado para sempre", comentou Radcliffe, que guardou para si os óculos usados no primeiro e no último filme da saga.
Daniel também disse que ouvia músicas da banda Radiohead para se concentrar durante as filmagens.
"Música sempre me ajudou a entrar em cena", contou.
Apesar da tristeza de todos com o final da saga, o ator estava "incrivelmente feliz" com a estreia do filme.
"Estou triste, mas é um dia para ficar feliz."
O FILME - CRÍTICA E CURIOSIDADES
Depois de dez anos, quase R$ 10 bilhões em bilheteria e oito longas-metragens, a saga de Harry Potter chega ao seu fim.
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2 começa onde terminou a primeira parte, com o trio formado por Harry Potter, Hermione Grander e Ron Wesley procurando pelos quatro Horcruxes restantes, as fontes de imortalidade de Voldemort.
Eles precisam encontrar e destruir esses Horcruxes para ter alguma chance de acabar de vez com o inimigo - sabem que estão próximos do embate final entre o bem e o mal, da batalha de vida ou morte entre Harry e Voldemort.
Divulgação/Warner
Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint, em cena do filme
Como não poderia deixar de ser em se tratando do último filme, mistérios da trama são revelados - como a razão da forte ligação entre Harry e Voldemort - e detalhes surpreendentes do passado do professor Severus Snape.
O filme usa cores mais frias e obscuras para traduzir a angústia dos personagens nos momentos que levam à derradeira batalha.
Nas mãos do diretor de fotografia português Eduardo Serra, locais como o Salão Principal da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, antes acolhedores, são completamente transformados.
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2 também traz o esperado beijo entre Hermione e Ron.
“Foi obviamente difícil colocar nossa história pessoal de lado porque nós crescemos juntos, mas acho que eles não se importarão se eu disser que se você faz uma, quatro ou cinco vezes, beijar fica bem chato”, comentou Emma Watson.
O filme traz aparições de certos personagens que foram eliminados ao longo da série, e merecem destaque ainda alguns efeitos especiais curiosos, como um campo de força gerado por varinhas, inspirado na consistência de águas-vivas, muito bom.
É na cena que se passa no banco de goblins de Gringotts, a que apresentou um desafio aos produtores: achar atores com o biotipo correto para viver essas criaturas.
Como representante de atores com menos de 1,5 metro de altura, o ator Warwick Davis foi encarregado de recrutar 60 pessoas que pudessem atuar como goblins.
Davis, que já viveu o professor Filius Flitwick, voltou à série como o goblin Griphook - cada um dos atores recebeu então um rosto diferente, que exigiu um extenso trabalho de prótese e um time de 170 maquiadores.
Em termos de atuação, a sempre acima da média Helena Bonham Carter ficou com uma das cenas mais complexas e legais do filme, ao interpretar Hermione fingindo ser Bellatrix, através de um feitiço.
Watson demonstrou a Carter como faria a cena, como Hermione andaria, falaria e agiria se tivesse se fazendo passar por Bellatrix, e a experiente atriz não só não decepciona, como cria uma mistura perfeita de Hermione e Bellatrix - coisa de gênio.
Para os fãs de carteirinha da saga, vale a pena ficar de olho também no embate que se passa na Sala Precisa, onde aparecem objetos que tiveram importância nos filmes anteriores, como escrivaninhas, os bancos dos professores, vassouras e peças de xadrez.
Mais? Não dá para contar aqui, sem estragar as muitas surpresas.
Em SP, prefira ver o filme na sala Imax do Shopping Bourbon; é uma emoção rara, da primeira à última cena.
Confira o trailer muito especial do filme:
*****
HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE - PARTE 2
Título original:
Harry Potter and The Deathly Hallows - Part 2
Diretor:
David Yates
Elenco:
Daniel Radcliffe
Emma Watson
Rupert Grint
Helena Bonham Carter
Ralph Fiennes
Alan Rickman
Bonnie Wright
Tom Felton
Maggie Smith
Jim Broadbent
Produção:
David Barron
David Heyman
Roteiro:
Steve Kloves
Fotografia:
Eduardo Serra
Ano:
2011
País:
EUA/ Reino Unido
Gênero:
Aventura
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Warner Bros.
Estúdio:
Warner Bros.
Heyday Films
Classificação:
Não recomendado para menores de 12 anos
Não recomendado para menores de 12 anos
Cotação do Klau:
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