A 42ª edição da feira internacional Comic-Con encerrou-se ontem (24) após quatro dias em que a cidade de San Diego se transformou na capital mundial dos seguidores da cultura pop.
Mais de 125 mil pessoas lotaram o centro de convenções da simpática cidade do sul da Califórnia, os transportes públicos e os estabelecimentos comerciais e seus arredores, num evento que - se estima - tenha gerado uma receita de US$ 162 milhões.
Esses números comprovam a devoção por histórias de super-heróis e de ficção científica em todos seus formatos - seja nos quadrinhos, no cinema e na televisão - apesar de o setor da história em quadrinhos não estar em sua melhor fase.
Segundo números apresentadas pela empresa de consultoria ICV2 nesta semana, as vendas de histórias em quadrinhos na América do Norte começaram a cair em 2007 e não conseguiram mais se recuperar, a ponto de registrarem uma queda de 2% nos primeiros seis meses de 2011.
A crise econômica, o desaparecimento de redes de distribuição e a pirataria se encontram por trás desta tendência na qual alguns vêem também uma perda de qualidade na oferta existente, mas que, para os analistas, é um sintoma do processo de transição que atravessa o setor.
Segundo o relatório da ICV2, O futuro das histórias em quadrinhos passa por sua digitalização e pela sua ampliação para um público mais esporádico e informal e menos colecionador.
As grandes editoras se esforçam para ampliar sua proposta digital não só levando o conteúdo impresso às telas de diferentes dispositivos, mas explorando as novas possibilidades tecnológicas e acrescentando imagens em movimento, sons e vídeos para dar um ar mais cinematográfico à até agora estática vinheta.
Nessa linha, a DC Comics antecipou na Comic-Con sua série de 52 novas edições das tramas de personagens como o Super-Homem, o Batman, o Lanterna Verde, entre outros, que, a partir de setembro, recomeçarão suas aventuras a partir de edições número um, fato inédito até hoje.
A Marvel e a Dark Horse, que anunciou na feira a estreia da saga Star Wars em formato de história em quadrinhos digital, também buscam uma nova fórmula para manter o sucesso de seus personagens.
A presença de Hollywood também foi significativa em uma feira transformada em uma vitrine de projetos de ficção científica.
Diversas celebridades compareceram ao evento para promover suas produções a um público que pode ser determinante para seu sucesso.
Steven Spielberg e Peter Jackson tentaram atrair a atenção dos americanos para Tintin - o menino detetive, personagem do cartunista belga Hergé pouco famoso nos Estados Unidos, mas famoso no resto do mundo - e que os dois cineastas levarão para os cinemas neste ano com The Adventures of Tintin: Secret of the Unicorn.
Já Francis Ford Coppola ofereceu uma amostra de sua misteriosa Twixt, o elenco da saga Crepúsculo compareceu para falar de Amanhecer e também foi possível ver Hugh Jackman, para promover Gigantes de Aço, Henry Cavill - por Immortals - e Chris Evans - por Capitão América: O Primeiro Vingador, que estreia aqui na próxima sexta (29).
Essa longa lista de estrelas se completou com Guillermo del Toro, Robert Rodríguez, Charlize Theron, Nicolas Cage, Colin Farrell, Andrew Garfield, Val Kilmer, Jon Favreau, Jessica Biel, John Cusack e Chris Hemsworth, entre outros.
Ana Paquin liderou o painel sobre a série de vampiros True Blood e os elencos de The Walking Dead, Glee e Game of Thrones foram revelar algumas das novidades das próximas temporadas de suas séries, enquanto que foram apresentadas outras propostas como Alcatraz, dos criadores de Lost, e Terra Nova, de Spielberg.
E justamente quando o 3D parecia perder seu charme, Steven Spielbeg, Ridley Scott e Francis Ford Coppola apresentaram novas e inovadoras propostas para o formato - os veteranos diretores lideraram os melhores encontros dessa edição da Comic-Con .
Cada um apresentou seu novo filme, todos em fase de produção e que marcam suas estreias no 3D, no salão principal - com capacidade para 6 mil pessoas e quatro telões.
Enquanto Coppola mostrou reservas em relação à tecnologia, Scott afirmou que nunca mais filmará sem 3D, "nem mesmo para pequenos diálogos".
Já Spielberg falou que é apenas uma nova ferramenta e que não deve ser usada em todos os filmes, nem por todos os diretores - no seu painel, uma surpresa para os fãs:Peter Jackson apareceu para falar do filme, do qual é produtor.
Para Spielberg, o 3D ainda deve evoluir até que os espectadores não o percebam mais,
"Porque uma vez que eles parem de perceber, o 3D vira uma ferramenta qualquer", disse o diretor.
"E talvez daí seja possível ter preços de ingressos comparáveis aos filmes 2D e não cobrar preços tão exorbitantes."
Scott também apareceu de surpresa no Comic-Con, mas num telão direto da Islândia, onde roda Prometheus.
Ele afirmou que o novo longa estrelado por Charlize Theron preserva o DNA de Alien: O Oitavo Passageiro (1979) e está sendo feito com cenários de verdade e nada de tela verde - técnica usada para inserção de efeitos especiais, principalmente os feitos em computador.
Já Coppola, ao apresentar seu filme gótico Twixt, confessou não gostar dos óculos 3D e que assistiu a Avatar sem eles, colocando apenas nas cenas especiais e, justamente por causa disso, ele fez seu novo trabalho meio a meio.
Na hora da apresentação de trechos de Twixt, com Val Kilmer,- velho e gordo no papel de um escritor decadente - um aviso na tela pedia para a plateia colocar ou tirar os óculos de papel - o acessório vinha embutido numa máscara de Edgar Allan Poe, personagem-fantasma do filme - solução que resultou confusa, mas que o público presente adorou.
O diretor pretende fazer performances ao vivo do filme por cidades dos EUA, com um software que permite editar o longa durante sua exibição.
O teste feito na Comic-Con foi algo atrapalhado, mas o público rapidamente entendeu a proposta do genial diretor, e ele terminou sua participação aplaudido de pé.
Tomara que na Comic-Con de 2012 eu consiga trazer para vocês mais informações, se possível comigo lá.
Afinal, sonhos são para serem sonhados, não é?
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