terça-feira, 7 de setembro de 2010

"VARIETY" APOSTA EM FILME CHINÊS, TERROR ESPANHOL DEVE AGRADAR TARANTINO, HISTÓRICO ITALIANO,SURPRESA GREGA E A CONCORRÊNCIA DO FESTIVAL DE TORONTO

"Detective Dee" mantém a dianteira nas apostas da "Variety"

A bolsa de apostas da edição diária da revista “Variety” - especial de Veneza - aponta algumas mudanças na eleição dos favoritos a levar o Leão de Ouro este ano.

Resultado de consultas com jornalistas italianos e estrangeiros, a tabela da “Variety” vem consagrando nos últimos dias “Detective Dee and the Mystery of the Phantom Flame”, uma suntuosa aventura histórica, de artes marciais e muitos efeitos especiais, dirigida pelo veterano diretor de ação de Hong Kong, Tsui Hark (“Caçadores de Vampiros”).

Foto: Divulgação
Cena de "Detective Dee...", de Tsui Hark

O filme atingiu a nota 7,6, quase empatado com o drama político chileno “Post Mortem" e a comédia italiana “La Passione”, de Carlo Mazzacurati, ambos atingindo nota 7.5.

Divulgação
Cena de "Post Mortem"

Muito elogiados, o drama “Somewhere”, de Sofia Coppola (EUA) e a comédia francesa “Potiche”, de François Ozon, caíram para quarto lugar nas preferências do júri da “Variety”, com cotação 7,2.

Ontem, o filme - surpresa desta seleção - “O Fosso”, de Wang Bing, apareceu em terceiro lugar, e causou polêmica na coletiva de imprensa, quando o diretor fez questão de dizer: “Não creio que seja um filme de protesto ou denúncia. Eu o fiz para recordar e respeitar a memória destas pessoas”.

Indagado se, por este conteúdo crítico, a produção poderá ser censurada na China, Bing chegou a alterar o tom de voz para responder: “Não existe, para mim, filme clandestino ou oficial. Este é o fruto do meu trabalho, do meu esforço em manter minha liberdade criativa. Não tenho que pensar se vai ser exibido ou não”.

Ainda é muito cedo para fechar as apostas, pois tudo pode mudar a partir da projeção dos concorrentes da reta final, como os três exibidos na segunda.

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Filme Espanhol é a cara do Tarantino

“Balada Triste de Trompeta” - único candidato espanhol da disputa pelo Leão de Ouro - é uma frenética mistura de drama e comédia de humor negro do diretor Álex de la Iglesia - de “Perdita Durango” e “Crime Ferpeito”.
Um candidato que, pela sua dose de sangue e devoração de referências pop, tem cara de que vai agradar muito ao presidente do júri principal, Quentin Tarantino.

Divulgação
Cartaz de "Balada Triste..."

A história começa durante a Guerra Civil espanhola, em 1937, quando um palhaço - Santiago Segura - é convocado, contra a vontade, pelos republicanos, para lutar contra os franquistas.
Anos depois, é seu filho, Javier - Carlos Areces - quem será palhaço num circo, ainda durante o franquismo.
E formará, com outro palhaço, Sergio - Antonio de La Torre - e a acrobata Natalia - Carolina Bang - um triângulo amoroso fatal.

Na coletiva de imprensa, o diretor definiu o filme como “uma história de amor, louco, mas amor. E também de humor e horror”.
Indagado sobre a razão de sua referência à Guerra Civil – que o diretor, de 45 anos, não viveu diretamente –, Iglesia declarou: “Temos um passado muito doloroso que, de várias formas, condiciona o presente. Vivemos essa guerra (a Guerra Civil) através de nossos pais, de nossos avós. Isso muda nossa vida, assim como destroça o protagonista do filme”.

Para Iglesia, “Balada triste de trompeta” é, justamente, sua tentativa de um “exorcismo ritual” desse passado espanhol.
“Esta é minha maneira de arrancar de mim esse passado, para enterrá-lo, através da ironia, do humor negro”, explicou.

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Filme Grego, boa surpresa

“Attenberg” - da diretora grega Athina Rachel Tsangari - foi uma boa surpresa entre os concorrentes.

Combinando uma leveza na condução da câmera e dos atores que lembra o espírito da Nouvelle Vague francesa dos anos 60, a diretora e roteirista compõe na tela a história de Marina - Ariane Labed - jovem de 23 anos que ainda é virgem, procura descobrir o sexo e tem de confrontar-se com a iminente morte do pai, Spyros - Vangelis Mourikis.

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Filme Italiano, longuíssimo e histórico

Num estilo bem diferente, veio o terceiro candidato italiano, o longuíssimo “Noi Credevamo” - de Mario Martone, com 3h24 de duração - que passou em revista o processo de unificação da Itália, no século XIX.

Com muito fôlego, um elenco cheio de nomes conhecidos, como o italiano Luigi lo Cascio - “Os 100 passos” - Toni Servillo - “Gomorra” - e a inglesa Fiona Shaw - “Harry Potter e a Ordem do Fênix - mas uma dificuldade clara de comunicação com um público que não tenha conhecimento profundo daquele período histórico.

Muito pesadão.

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Apesar de crise, Festival luta para se manter na mídia

A escassez de grandes nomes do cinemão americano, os custos altos de Veneza - um prato de espaguete custa 35 Euros! -, a concorrência acirrada de Toronto - mais perto e, portanto, mais acessível ao pessoal de Hollywood - tudo isso está levando o Festival de Cinema de Veneza a lutar para conservar sua posição de um dos eventos mais prestigiosos do cinema mundial.

O próprio local em que o festival está sendo realizado é temporário - o novo Palazzo do Cinema, local principal das exibições, só deve ficar pronto em 2012.

Com a crise financeira recente ainda se fazendo sentir, e tanto a indústria cinematográfica quanto a mídia em clima de reduções de custos, a Mostra del Cinema, nome oficial do festival, está sentindo os efeitos da concorrência com o festival de Toronto, que coincide em parte com o de Veneza e está exibindo muitos dos mesmos filmes.

Sua localização na América do Norte, os custos mais baixos e a presença de tantos executivos cinematográficos fazem de Toronto uma alternativa mais barata e tentadora para os estúdios ansiosos por divulgar seus filmes, no momento em que começa a disputa não oficial pelas premiações de cinema.

No momento em que Veneza - o festival de cinema mais antigo do mundo - chegava à metade, a maioria dos observadores concordava que a programação deste ano no Lido está forte, mas que talvez lhe falte a obra-prima definitiva que marca os melhores anos.

Mas diretores como Clint Eastwood, Robert Redford e Danny Boyle optaram por estrear seus filmes mais recentes em Toronto - lá, o festival começa em 9 de setembro.

Marco Mueller, o respeitado diretor do festival de Veneza, acredita que os dois eventos podem continuar a coexistir.

Ele fez questão de observar que achou que alguns filmes que serão vistos em Toronto não tinham qualidade suficiente para Veneza, especialmente quando vêm acompanhados de condições impostas pelos estúdios.
Por exemplo, ele rejeitou "The American" - com George Clooney, campeão da bilheteria americana no último fim de semana - cujos produtores queriam que o filme inaugurasse o festival.

Em vez disso, Mueller optou por diretores mais jovens e por nomes de Hollywood vistos como outsiders.

Os astros vistos no tapete vermelho do Lido - essenciais para alimentar o interesse da mídia - incluíram até agora Natalie Portman, a Diva Catherine Deneuve e Quentin Tarantino, mas isso está longe das edições do festival vistas no passado, repletas de estrelas.

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Confira as imagens do dia a dia em Veneza:


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