sexta-feira, 3 de setembro de 2010

POUCOS APLAUSOS PARA "BLACK SWAN" E A AUSÊNCIA DE JAFAR PANAHI MARCARAM PRIMEIRO DIA EM VENEZA

"Black Swan" - thriller psicológico americano com Natalie Portman e Vincent Cassel - abriu nesta quarta-feira o 67º Festival de Veneza, marcado pela ausência do cineasta iraniano Jafar Panahi, privado de passaporte mais uma vez pela ditadura iraniana.

A música de "O Lago dos Cisnes" - de Tchaikovsky - descreve o percurso angustiante de Nina, uma dançarina de balé nova-iorquina interpretada por Natalie Portman, que faz de tudo para conseguir entrar em seu papel e competir com uma de suas rivais.

Um cisne branco perfeito, a tímida e perfeccionista Nina tem, no entanto, problemas para mostrar sensualidade e a face obscura do cisne negro exigidas pelo seu diretor de balé, Thomas - Vincent Cassel - que a coloca contra a parede.

A essa pressão se acrescenta uma mãe possessiva e uma sexualidade oculta; um coquetel explosivo que a deixa ainda mais frágil.
Álcool, drogas e sexo - solitário ou em grupo, mas sempre com roupas íntimas - ajudam a escapar de seu quarto de paredes cor de rosa cheio de bichinhos de pelúcia.

"Black Swan" é "uma história sobre amor e medo, sobre confiança e traição.
É a história de uma menina confusa, perseguida e desejada que quer fugir daquilo que a atormenta, mas também daquilo que ela verdadeiramente é", declarou o diretor Darren Aronofsky, que já ganhou o Leão de Ouro em 2008 com
"O Lutador", filme que tirou Mickey Rourke da sarjeta.

"Os dois filmes estão relacionados. O balé e a luta, ambos requerem atores que utilizam seus corpos de maneira intensa e física. Os dois filmes nasceram juntos", destacou o diretor durante uma coletiva de imprensa.

Na obra, a chegada de uma dançarina rival - interpretada por Mila Kunis - desperta ciúmes obsessivos e liberação sexual.

Uma cena de amor entre as duas atrizes, e elementos de violência e terror fazem do filme um rompimento dos papeis bem definidos muitas vezes associados à carreira de Portmam.

Confira o trailer do filme:


"(O diretor) Darren (Aronofsky) falou comigo sobre essa cena (de sexo) em nossa primeira reunião há oito anos", disse a atriz.
"Ele a descreveu como: 'Você terá uma cena de sexo com você mesma", e eu achei isso muito interessante porque esse filme é, de muitas formas, a exploração do ego de uma artista e um tipo de atração narcisista por si mesma e também a repulsão de si mesma."

O filme marca também o retorno de Winona Ryder às telonas.
Ótima atriz, ficou afastada durante muito tempo, por conta de problemas pessoais.
Já na noite de quarta, na sessão dos convidados que vestiram smoking e vestidos longos para comparecer à abertura de Veneza, o desconforto ficou por conta da cena de sexo das atrizes do filme.

Foto: Alessandro Bianchi/Reuters - Arte: Cláudio Nóvoa
Natalie Portman desfila pelo tapete vermelho em Veneza, antes da exibição de "Black Swan"

O filme, que fora recebido com mornos aplausos na sessão de imprensa, pela manhã, deixou sem reação parte da plateia de ilustres que, como a personagem do filme, sente-se mais à vontade no papel de "cisne branco" que de "cisne negro", aquele dos desejos obscuros.

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A abertura da Mostra também foi marcada pela ausência de Jafar Panahi, esperado para a première mundial de seu curta-metragem "O acordeom".
Mais uma vez, a ditadura iraniana não lhe forneceu passaporte para que ele viesse de Teerã a Veneza.

Mesmo ausente, seu filme foi projetado na tarde de quarta, seguido por um vídeo do cineasta de 50 anos - Leão de Ouro em 2000 por "O círculo".

Arquivos do Klau
O cineasta iraniano Jafar Panahi

Panahi foi preso em março, acusado pelo Ministério iraniano da Cultura de ter "preparado um filme contra o regime, falando sobre eventos pós-eleitorais" - em alusão às manifestações consequentes a reeleição contestada do ditador Mahmoud Ahmadinejad em junho de 2009.
Gritos de protestos se espalharam pelo mundo, pedindo para que ele fosse libertado, principalmente no Festival de Cannes, quando o cineasta deveria participar do júri.
Liberado no final de maio, Panahi, cujo passaporte foi revogado há nove meses, espera um novo processo que deve começar no fim de setembro.

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O festival teve que ser acomodado no enorme canteiro de obras a céu aberto do novo palácio do cinema, bem em frente ao antigo local, que foi condenado por causa da descoberta de amianto no subsolo.

O novo palácio só deve estar pronto em 2012, com um ano de atraso.

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Confira as imagens do dia a dia do Festival de Veneza 2010 no link:

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