sexta-feira, 10 de setembro de 2010

"O REFÚGIO": MAIS UMA BELA OBRA DO MULTIFACETADO FRANÇOIS OZON

François Ozon é um diretor realmente imprevisível, que transita bem de um musical recheado de megeras - "8 Mulheres" -, para um drama intimista sobre o fim de um casamento - "5x2" , do kitsch - "Angel", ao suspense - "Swiming Pool", deixando em todos uma marca, a sutileza em fugir do óbvio e um olhar especial, principalmente com personagens femininos - seu mais recente trabalho, a comédia "Potiche", com a Diva Catherine Deneuve, acaba de estrear no Festival de Veneza.

Em "O Refúgio", o cineasta - que assina o roteiro com Mathieu Hippeau - faz um estudo de dois personagens que inicialmente são quase opostos, mas, aos poucos, encontram algo que os une.

Mousse - Isabelle Carré, de "Medos Privados em Lugares Públicos" - e Paul - o estreante Louis-Ronan Chois - são duas pessoas que por pouco não se conhecem, embora suas vidas estejam conectadas por um ponto em comum: Louis - Melvil Poupaud, que protagonizou outro filme de Ozon, "O Tempo que Resta".

Foto: Divulgação
Cena do Filme

Louis e Mousse moram num apartamento em Paris e são viciados em heroína.
Ele morre de overdose acidental e ela acorda dias depois numa cama de hospital, onde recebe a notícia e também fica sabendo que está grávida.
A mãe de Louis - a ótima Claire Vernet - trata o problema de modo direto: irá ajudar a moça a fazer um aborto, pois a família não quer nem saber de um descendente do rapaz.

Depois, vemos Mousse numa casa emprestada, fora de Paris, com a gravidez bastante adiantada, e onde recebe a visita de Paul, irmão de Louis.
Eles não são amigos, mal se conhecem, e custa para que algum vínculo afetivo se forme entre os dois.
No começo, ela diz que ele está invadindo o seu espaço, mas, aos poucos, essa invasão toma outro rumo.

Pode parecer que o filme é superficial e seus personagens rasos e planos, mas isso é só impressão, já que "O Refúgio" ganha peso por aquilo que representa, mais do que pelo que mostra ou diz.

E as perguntas pipocam nas nossas cabeças: porque Mousse não interrompeu a gravidez? O que se passou no intervalo entre o enterro de Louis, e a chegada à casa onde ela está agora?
Isso não sabemos, mas talvez pouco importe, pois o filme está interessado é no presente dos personagens, e as lacunas não precisam ser preenchidas.

O relacionamento entre Mousse e Paul é o que impulsiona o interesse pelo filme - além do questionamento sobre o futuro do bebê que está para nascer -ela está se tratando com metadona para abandonar o vício, mas parece não ter planos ou mesmo perspectivas para o futuro.

Como em seus melhores trabalhos, Ozon faz aqui um filme intimista que segue de perto o amadurecimento de poucos personagens, o que não diminui a eficiência da direção ou o interesse pelo filme.

Veja o trailer do filme:


"O REFÚGIO"
Título original
: Le Refuge
Diretor: François Ozon
Elenco:
Isabelle Carré
Louis-Ronan Choisy
Pierre Louis-Calixte
Melvil Poupaud
Gênero: Drama
Duração: 88 mins. - com gosto de "quero mais"
Ano: 2009
Data da Estreia: 10/09/2010
Cor: Colorido
Classificação: Não recomendado para menores de 16 anos
País: França
COTAÇÃO DO KLAU:



Nenhum comentário:

Postar um comentário