No início da carreira
Teve uma infância bastante difícil no bairro do Bronx, onde a família morava nos fundos da alfaiataria do pai.
Sua mãe e um dos seus dois irmãos eram esquizofrênicos, o que fez com que ele e o outro irmão fossem internados num orfanato aos oito anos de idade, pela impossibilidade do pai tomar conta de todos.
Serviu na Marinha, e voltando aos Estados Unidos passou a estudar teatro na Academia de Arte Dramática de NY.
Em 1948, devido à bela aparência e aos olhos marcantes que o tornariam ídolo do público feminino nos anos seguintes, foi contratado pela Universal Studios, que o colocou em aulas de esgrima e montaria e trocou seu nome de batismo para o "mais artístico" Tony Curtis.
Já galã em Hollywood
Em 1949, estreou nas telonas com um papel de coadjuvante em "Baixeza", alcançando o estrelato dois anos depois, com "O Príncipe Ladrão" e depois em "Trapézio" (1956), "Acorrentados" (1958) e "Spartacus" (1960).
Foi em "Spartacus" que ele teve a cena mais polêmica de sua carreira, ao interpretar um escravo - inclusive sexual - de um senador romano, papel de Sir Laurence Olivier.
A cena em que ele banha Olivier é até hoje considerada uma das mais gays de todos os tempos.
Com Laurence Olivier, na polêmica cena de "Spartacus"
Mais um "menino bonito a chegar ao cinema", Curtis provaria o contrário com seu imenso talento, em filmes como "A Embriaguez do Sucesso" - com Burt Lancaster - , "Acorrentados" (1958) - com Sidney Poitier - que lhe deu uma indicação ao Oscar - , e "O Estrangulador de Boston" ou "O Homem Que Odiava as Mulheres" (1968), em que interpretava um psicopata real.
Uma de suas mais famosas interpretações - e a mais lembrada pelos fãs - foi em "Quanto Mais Quente Melhor"(1959).
Com Jack Lemon e Marilyn Monroe, no cartaz de "Quanto Mais Quente melhor"
Nessa comédia, dirigida pelo mestre Billy Wilder, contracenou com Jack Lemon na maioria das cenas vestido de mulher - os dois interpretavam músicos da Chicago dos anos 30, que se escondem numa orquestra só de mulheres para fugir de gangsters.
Com a lenda da maquiagem da Fox, Ben Nye, se preparando para interpretar "Josephine", em "Quanto mais Quente Melhor"
Em suas memórias, ele lembrou os detalhes dessa filmagem - com locações na quente Miami - principalmente as muitas horas de espera que ele e Lemon, ambos com pesada maquiagem, ficavam esperando que a estrela do filme, Marilyn Monroe, resolvesse aparecer para filmar.
No lançamento de suas memórias
Curtis foi implacável com a maior estrela americana, mas nada disso pareceu importar, já que "Quanto Mais Quente Melhor" é sempre lembrada como uma das principais comédias de todos os tempos.
Confira a cena onde "Daphne" - Jack Lemon - e "Josephine" - Tony Curtis aparecem pela primeira vez travestidos, embarcando no trem que levaria a orquestra de senhoritas para Miami, e a primeira aparição da Diva das Divas Marilyn Monroe no filme:
Como Marilyn, Curtis teve muitos problemas com o álcool e também com a cocaína, o que serviu para muitas vezes interromper ou mesmo encurtar sua carreira.
Em 2008, após uma pneumonia, perdeu o movimento das pernas
Curtis fez também diversos trabalhos na telinha.
O mais bem sucedido deles foi na série "The Persuaders", um estrondoso sucesso no início dos anos 70, onde ele interpretava um milionário americano durão e sem muitos modos - Danny Wilde, que dividia a vida de aventuras com um lorde inglês, fino e educado - Brett Sinclair, interpretado por Roger Moore.
A série só terminou porque Moore foi escolhido como o sucessor de Sean Connery pelo produtor Cubby Brocolli para fazer James Bond no cinema.
Com Roger Moore, em "The Persuaders"
Felizmente, tenho a série quase que completa, e a atuação conjunta dos dois é notável, um espetáculo maravilhoso de se ver e rever, sempre.
Confira a abertura de "The Persuaders", a cena inicial do "racha" - onde os dois se conhecem - , e mais algumas cenas, ao som do tema de abertura feito pelo genial John Barry, que depois faria muitos temas dos filmes do Agente 007:
A última cena filmada de Tony Curtis foi feita em 2005, com uma participação especialíssima na série"CSI", filmada na cidade que adotou de todo o coração para viver, Las vegas.
Nos anos 70
Nos últimos anos de vida, cultivou uma de suas grandes paixões, a pintura.
Em 2008, expôs uma coleção de 35 quadros nas loja de departamento londrina Harrods, e tem uma obra sua na exposição permanente do Metropolitam Museum of Art, em NY.
Curtis lamentava nunca ter ganho um Oscar, e sempre disse que o mundo do cinema jamais reconheceu verdadeiramente seu trabalho, mas nada disso importava para sua legião de fãs - eu incluso - que o fez conquistar diversas honrarias e uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood.
Curtis sempre mostrou seu amor pelo cinema, e a frase que eu destaco aqui, nesse momento de profunda dor interior por estar me sentindo mais vazio pela perda de um dos meus atores mais queridos, é a que ele pronunciou ao receber dez anos atrás um prêmio no Festival Internacional de Sitges (nordeste da Espanha):
"Continuo gostando do cinema porque é minha vida. Sou feito de celuloide"
Curtis se casou seis vezes , a primeira delas em 1951 com a atriz Janet Leigh - a atriz ícone de "Psicose" (1960), de Alfred Hitchcock - , mãe de suas filhas Jamie Lee e Kelly Curtis, também atrizes, e considerava Cary Grant - com quem filmou em 1959 a ótima comédia "Operation Petticoat" - o maior ator de todos os tempos.
Com a primeira filha Jamie lee, logo após o nascimento; no detalhe, a atriz, hoje
O grande ator foi hospitalizado em julho em Las Vegas por problemas respiratórios, e
morreu hoje, aos 85 anos, em sua residência na cidade de Henderson, colada à Las Vegas, informou sua filha, Jamie Lee Curtis.
Ele deixa a esposa, a modelo Jill Vandenberg, 45 anos mais nova do que ele.
Ainda não foram divulgados detalhes de sua morte.
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Fontes:
. Agências Internacionais
. site "Entertaiment Tonight"
. Wikipédia
. Arquivos do Klau
Redação Final:
Cláudio Nóvoa
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