segunda-feira, 20 de setembro de 2010

NÃO TEM VIRGEM NA ZONA, NEM NA POLÍTICA

No bê-a-bá dos políticos, de esquerda ou de direita, ao enfrentarem verdades ou uma crise, essas duas saídas são campeãs: a amnésia total dos fatos e a desqualificação de seus adversários e acusadores.

E essas regrinhas não valem só para os políticos brasileiros, não.

Quando o então presidente americano Ronald Reagan teve de depor no Congresso dos EUA, nos anos 80, sobre o escândalo Irã-Contras, sua frase mais marcante foi "I don't recall" (eu não me lembro).

Repetiu a frase várias vezes ao ser perguntado a respeito da participação de assessores da Casa Branca num esquema complexo e ilegal de venda de armas envolvendo o Irã e contrarrevolucionários anticomunistas na Nicarágua.
Fotos: Arquivos do Klau
O ex-presidente Reagan

Agora mesmo, o presidente da França, Nicholas Sarkozy, está enfiado até o pescoço num escândalo de financiamento de campanhas, onde a dona da L'oreal, em troca de benesses para sua empresa firmar monopólio na mina de ouro que são os produtos de beleza, recheou os bolsos do "petit garçon" com muitos e muitos Euros.

O presidente francês, Sarkozy

Aqui no Brasil, anos 90, o governo Fernando Henrique Cardoso - nossa tia véia invejosa da janela de plantão - também teve suas putarias, e das boas.

A maior delas foi a compra de votos a favor da emenda da reeleição, em 1997. Deputados confessaram, em conversas gravadas, terem se vendido por R$ 200 mil para votarem a favor da mudança da Constituição, que permitiria a FHC mais um mandato.

O PT de então caiu matando, a tucanada reagiu dizendo que os deputados eram desqualificados, a Procuradoria Geral da República engavetou o caso, e, no Congresso, uma CPI foi abafada ao custo de dois ministérios para o PMDB: - nosso querido partido puteiro - Justiça e o sempre recheado de verbas, Transportes.

Enfim, não aconteceu rigorosamente nada, ninguém foi punido, e a tia véia se reelegeu em 1998.

Anos depois, Luiz Inácio usa da mesma cartilha: também não se lembrou de nada do mensalão, e vive desqualificando o acusador até hoje.

Agora, Dona Dilma diz não se recordar de tráfico de influência na Casa Civil, quando a pasta estava sob seu comando - aquele ministério que a propaganda dela diz ser "ocupado pelo mais importante assessor do presidente".

Dentro do PT - e a própria candidata repetiu isso ontem -, a desqualificação é sobre a origem das figuras dispostas a relatar o lobby escancarado, feito dentro do Palácio do Planalto.

"São bandidos", repetem os lulistas, como se algum escândalo possa acontecer só com o envolvimento de pessoas íntegras, honestas, e acima de qualquer suspeita.

Assim, petistas e tucanos reagem de forma absolutamente igual, se flagrados fazendo o que não devem.

E chega até a ser um atentado à inteligência dos eleitores conscientes a tucanada ficar agora posando de boa moça, apontando seus dedos sujos de lama, grossa e negra, para quem quer que seja.

As virgens


Como já dizia aquele poeta popular: "Não tem virgem na zona".

Zona Brasil


E eu completo: "Nem na política"

Farinha Brasil


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