sábado, 11 de setembro de 2010

FESTIVAL DE VENEZA CHEGA AO FIM, COM LAUREADOS JÁ SABIDOS E ALGUMAS SURPRESAS

Final da tarde aqui no Brasil, noite já alta em Veneza.

Foi uma grande "ação entre amigos" as premiações da 67ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza, beneficiando principalmente os norte-americanos que predominavam na competição, com seis concorrentes.

O júri presidido pelo diretor - americano - Quentin Tarantino premiou Sofia Coppola com o Leão de Ouro de Melhor Filme, pelo drama “Somewhere” - e inventou um segundo Leão de Ouro especial - pelo conjunto de sua obra - para outro norte-americano, o veterano Monte Hellman, que concorreu com o experimental
“Road to Nowhere”- um filme tão inventivo e complexo que mesmo seus atores confessaram não tê-lo entendido na coletiva de imprensa.

Foto: AFP - Arte Final das fotos: Cláudio Nóvoa

Sofia Coppola recebe o Leão de Ouro de Melhor Filme, por "Somewhere"

A premiação para estes dois - a primeira, ex namorada, o segundo amigo de Tarantino - , representantes do cinema independente dos EUA, desmentiu as apostas de que as principais premiações iriam para o espanhol Álex de la Iglesia – que no final, venceu mesmo dois prêmios importantes, os de melhor direção e roteiro, com sua frenética tragicomédia política “Balada Triste de Trompeta” – e do russo “Silent Souls”, de Aleksei Fedorchenko - que teve levou o troféu de Melhor Contribuição Técnica - fotografia, assinada por Mikhail Krichman.

Assista ao trailer original de "Somewhere":


Outra aposta - esta confirmada - foi a premiação como Melhor Ator para o norte-americano Vincent Gallo, como protagonista do drama polonês - mas também com dinheiro norueguês, húngaro e irlandês - “Essential Killing”, do veterano Jerzy Skolimowski, que arrebatou também outro prêmio importantíssimo, o Especial do Júri.

Como Gallo não frequenta tapetes vermelhos, foi o diretor Skolimowski quem subiu ao palco da Sala Grande, no Palazzo del Cinema, para fazer o agradecimento mais irônico dos últimos tempos:
“Tenho a certeza de que Vincent vai agradecer a seu diretor, roteirista e ao produtor que foi procurar o dinheiro para pagar seu salário”.
O diretor falava, claro, de si mesmo, já que desempenhou todas essas funções para concretizar o drama, que retrata a situação-limite de um afegão - Gallo - fugitivo de uma prisão militar clandestina em plena Europa.
No papel, essencialmente físico e expressivo, Gallo não diz uma só palavra.

AFP
O diretor espanhol Álex de La Iglesia recebe o prêmio osella de melhor roteiro por "Balada Triste de Trombeta"

De la Iglesia recebeu o prêmio das mãos do diretor e roteirista mexicano Guillermo Arriaga, que elogiou o filme espanhol "que nos fez amar os palhaços, deixando uma marca em todos nós".

O filme convenceu o júri com um retrato delirante e extravagante do franquismo e das duas Espanhas.

"Estes dias em Veneza foram os melhores da minha vida", declarou o cineasta, ao receber o prêmio.

O filme, o único da Espanha competindo pelo Leão de Ouro, leva o espectador para 1937, em plena Guerra Civil espanhola, e inicia uma revisão original da história recente da Espanha através de dois palhaços desfigurados, Javier e Sérgio, o triste e o feliz, que entram em confronto pelo amor de uma acrobrata.

Getty Images
O espanhol agora recebe o Leão de Prata de Melhor Direção e homenagem por Melhor Roteiro

A premiação da jovem atriz francesa Ariane Labed com a Copa Volpi de melhor interpretação feminina - pelo filme grego “Attenberg”, de Athina Rachel Tsangari - , foi surpresa, já que as apostas eram na cubana Yahima Torres, protagonista do forte drama francês “Venus Noire”, de Abdellatif Kechiche, ou mesmo em Alba Rohrwacher, do concorrente italiano “La Solitudine dei Numeri Primi”, de Saverio Costanzo.

O júri preferiu a jovem Ariane que, segundo o jurado Gabriele Salvatores, “carrega nas costas boa parte do peso do filme”.
Na história, Ariane interpreta uma jovem de 23 anos que se divide entre assumir a própria sexualidade - ela ainda é virgem - e a doença fatal de seu pai, numa Grécia contemporânea e cética em relação ao seu passado histórico.
AFP
Ariane Labed recebe o Prêmio de Melhor Atriz, a Copa Volpi, por sua atuação em "Attemberg"

Outra jovem atriz premiada foi Mila Kunis, coadjuvante do drama norte-americano “Black Swan”, de Darren Aronofsky, que abriu o festival, no último dia 1º.
Foi dado a Mila o Prêmio Marcello Mastroianni, dedicado a um intérprete novato - não necessariamente estreante, como é o caso de Mila, uma ucraniana de 27 anos que tem feito sucesso no cinema dos EUA, em filmes como a aventura de ação “O Livro de Eli”, ao lado de Denzel Washington.
Ela mandou seu agradecimento por um filmete, que foi exibido na premiação.

Apesar das apostas de parte da crítica, os concorrentes orientais, como os até aqui bem-cotados chineses “Detective Dee and the Mystery of Phantom Flame”, de Tsui Hark, e o político “The Ditch”, de Wang Bing nada ganharam.

Os franceses - como “Venus Noire” e a elogiada comédia “Potiche”, de François Ozon -, e os quatro concorrentes italianos - “La Pecora Nera”, “Noi Credevamo”, “La Passione” e o citado drama de Saverio Costanzo - também nada levaram de Veneza, o mesmo acontecendo com o único latino-americano da seleção principal, o sólido drama político chileno “Post Mortem”, de Pablo Larraín.

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Confira os vencedores dos principais prêmios do Festival de Veneza 2010:

LEÃO DE OURO DE MELHOR FILME
- "Somewhere" dirigido por Sofia Coppola (EUA)

LEÃO ESPECIAL (PRÊMIO PELA CARREIRA)
- Monte Hellman por "Road to Nowhere" (EUA)

LEÃO DE PRATA (MELHOR DIRETOR)
- Alex de la Iglesia por "Balada Triste de Trompeta" (Espanha)

PRÊMIOS ESPECIAL DO JURI
- "Essential Killing" dirigido por Jerzy Skolimowski (Polônia)

MELHOR ATRIZ
- Ariane Labed em "Attenberg" (Grécia)

MELHOR ATOR
- Vincent Gallo em "Essential Killing" (Polônia)

REVELAÇÃO
- Mila Kunis in "Black Swan" (EUA)

MELHOR ROTEIRO
- "Balada Triste de Trompeta", escrito e dirigido por Alex de la Iglesia (Espanha)

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Confira mais imagens da premiação em Veneza
:

Getty Images


Membros do júri Luca Guadagnino, Danny Elfman, Arnaud Desplechin, Gabriele Salvatores, Ingeborga Dapkunaite, Quentin Tarantino (presidente) e Guillermo Arriaga chegam para noite de premiação do Festival de Veneza

Getty Images

Tarantino premia Monte Hellman com um Leão de Ouro especial, pelo conjunto da sua obra

Getty Images

Sofia Coppola mostra seu Leão de Ouro de Melhor filme ao público, que acompanhou do lado de fora a premiação

Getty Images

O diretor Skolimowski recebe o Prêmio especial do Júri, por "Essential Killing"

AFP

O diretor Seren Yuce com seu Prêmio leão do Futuro, ganho já na estreia de seu primeiro filme

Getty Images

O diretor Riee Rosen, com seu prêmio da mostra "Horizontes", por "Tse"


AFP

O cineasta russo Aleksei Fedorchenko, com seu Prêmio de Melhor Fotografia, por "Ovyanski"


Getty Images

Jerzy Skolimowski recebe o Prêmio Especial do Júri, por "Essential Killing"

AFP

Allan Sekula, Prêmio Especial do Júri da mostra "Horizontes", por "Forgotten Space"

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Agora, só nos resta aguardar para ver nas telonas brasileiras os concorrentes e os premiados.

Até 2011!


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CRÉDITOS DAS POSTAGENS "FESTIVAL DE VENEZA 2010":
AFP
AP
GETTY IMAGES
Site Oficial do Festival de Veneza
Site da prefeitura da Cidade de Veneza
UOL


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