sábado, 4 de setembro de 2010

EM DOCUMENTÁRIO, SCORSESE DEFENDE ELIA KAZAN

O mais recente filme de Martin Scorsese é um tributo pessoal a Elia Kazan, um dos diretores mais influentes de Hollywood e da Broadway, mas também uma figura polêmica, que se tornou um informante anticomunista durante o chamado McCarthismo.

Em "A Letter to Elia", documentário de uma hora exibido no Festival de Veneza, Scorsese credita Kazan e seu estilo cru, realista e de grande carga emotiva como a inspiração que o levou a ser um cineasta.

Ele relembra em especial o enorme impacto que dois dos filmes mais conhecidos de Kazan - "Sindicato de Ladrões" (1954) - com Marlon Brando - e "Vidas Amargas" (1955) - com James Dean - tiveram em sua adolescência.

"É quase impossível dizer quanto profundamente eu fui afetado pelos filmes de Kazan", escreveu Scorsese pouco depois da morte de Kazan em 2003 aos 94 anos.

Foto: Arquivos do Klau
O diretor Elia Kazan - de boné xadrez - dirige Marlon Brando em "Sindicato de Ladrões"

Scorsese descobriu Kazan ainda na infância, quando ia ao cinema sozinho em Nova York.
E estava ao seu lado quando Kazan - seus filmes levaram 20 Oscars - recebeu uma estatueta pelo conjunto da obra em 1999.

Este Oscar especial foi intensamente questionado porque, em 1952, Kazan entregou ao Comitê de Atividades Antiamericanas do Senado os nomes de oito membros do Partido Comunista que haviam trabalhado no Group Theater, onde ele se iniciou como ator.

Apontar o dedo custou a Kazan - ele mesmo um membro do partido entre 1936 e 1936 antes de se retirar em protesto - muitos amigos em Hollywood e entre intelectuais norte-americanos.

Suas razões para ser um dos dedos duros mais conhecidos da história americana, após ter se recusado a testemunhar, ainda são tema de discussão.

Em suas memórias, Kazan escreveu:
"Eu odiava os comunistas há muitos anos, e não achei correto desistir de minha carreira para defendê-los. Eu me sacrificava por algo em que acreditava?
Surpreendi as pessoas repetidas vezes pelo que parece ser uma mudança total de posições e atitudes."

No documentário - uma longa entrevista com Kazan - ele diz que o que fez foi "simplesmente a mais tolerável de duas alternativas, uma dolorosa e outra errada".

Como diretor, Elia Kazan foi um dos mais criativos e viscerais que eu já tive o prazer de conhecer.

Como pessoa - e como eu acho alcaguetas a espécie mais baixa de seres vivos - foi uma mentira.

Vamos aguardar o documentário do grande Scorsese para conferir.

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Confira as imagens do dia a dia do Festival de Veneza 2010 no link:

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