"Acho que atuar o tempo todo pode esgotar", diz Philip Seymour Hoffman.
O ganhador do Oscar,43 anos, explica o motivo, quase 20 anos após aparecer pela primeira vez diante de uma câmera, para ter decidido passar para a direção.
Foto: Divulgação
Philip Seymour Hoffman dirige e atua como par romântico de Amy Ryan em "Jack Goes Boating"
Hoffman produz e dirige no teatro há mais de uma década, e o primeiro filme que produziu, “Capote” (2005), lhe rendeu seu Oscar de melhor ator.
Agora, sua estreia como diretor de cinema - “Jack Goes Boating” - está para ser lançada em circuito restrito, nos Estados Unidos, em 17 de setembro, e está na seleção do Festival de Toronto.
“Eu certamente gosto do outro lado da câmera. É agradável saber que não preciso me levantar e interpretar, mas que mesmo assim ainda posso participar do processo criativo. Há algo muito satisfatório em colaborar criativamente com as pessoas sem ser ator – trabalhando em roteiros, em como filmar algo ou na escolha do elenco. É bom trabalhar o outro lado do meu cérebro.”
Mas em “Jack Goes Boating” Hoffman fica dos dois lados da câmera, assumindo as responsabilidades da direção, mas também interpretando o personagem principal.
“Foi algo muito difícil. Ao dirigir meu primeiro filme, eu estava realmente desfrutando de todos os aspectos. Então, quando tinha que atuar, era difícil porque envolve a outra parte do cérebro. Atuar é uma atividade solitária, na qual você precisa estar só consigo mesmo. Isso se transforma em um trabalho interno. Você precisa trabalhar para ficar vulnerável e introspectivo diante dos outros, o que não é fácil. Fazê-lo realmente bem é muito mais difícil do que muitas pessoas imaginam.”
Jack, o personagem que ele interpreta no filme, é um quarentão solteiro, ganhando a vida em Nova York como motorista de limusine.
Mas quando conhece Connie - Amy Ryan - e fica atraído por ela, começa a explorar novos interesses visando impressioná-la, saindo lentamente de sua concha.
Como diretor, diz Hoffman, ele precisava ser “o exato oposto” de Jack.
“Em alguns dias em realmente tive dificuldade em alternar as funções. Eu tive que lidar com impaciência e frustrações dentro de mim mesmo, algo frequente. Mas eu tinha ótimos atores e pessoas ao meu redor, que foram muito pacientes comigo.”
O roteiro é baseado em uma peça produzida originalmente pela Labyrinth Theater Company, uma trupe de Nova York da qual Hoffman foi co-diretor artístico por mais de uma década.
Apesar de estar intimamente familiarizado com seu personagem no palco, ainda assim ele considerou difícil personificar Jack.
“Não há muito retrospecto. Você entra na história como se estivesse entrando naquele momento na vida deles. Bum! Tudo se passa no presente. Você simplesmente aceita este sujeito segundo a aparência, um sujeito que é obviamente solitário.”
Hesitante, Jack é solitário e carece de confiança, mas ele tem aspirações.
Espera algum dia conseguir um emprego na Autoridade Metropolitana de Trânsito e, quando ele conhece Connie, passa a ter aulas de culinária, na esperança de preparar para ela uma refeição suntuosa, e aprende a nadar, na esperança de levá-la para um passeio romântico de barco a remo.
“Eu não queria tornar Jack algum tipo de personagem à margem, um sujeito realmente estranho. Eu acho que ele é um sujeito que nós podemos conhecer de um jeito ou de outro, um amigo que temos que nunca se acerta e que está sempre meio que sozinho, mas fora isso é um sujeito bacana, um sujeito inteligente que se mantém firme em um emprego, mas que parece temeroso de entrar no campo de jogo avançado da idade adulta.”
O ganhador do Oscar,43 anos, explica o motivo, quase 20 anos após aparecer pela primeira vez diante de uma câmera, para ter decidido passar para a direção.
Foto: Divulgação
Philip Seymour Hoffman dirige e atua como par romântico de Amy Ryan em "Jack Goes Boating"
Hoffman produz e dirige no teatro há mais de uma década, e o primeiro filme que produziu, “Capote” (2005), lhe rendeu seu Oscar de melhor ator.
Agora, sua estreia como diretor de cinema - “Jack Goes Boating” - está para ser lançada em circuito restrito, nos Estados Unidos, em 17 de setembro, e está na seleção do Festival de Toronto.
“Eu certamente gosto do outro lado da câmera. É agradável saber que não preciso me levantar e interpretar, mas que mesmo assim ainda posso participar do processo criativo. Há algo muito satisfatório em colaborar criativamente com as pessoas sem ser ator – trabalhando em roteiros, em como filmar algo ou na escolha do elenco. É bom trabalhar o outro lado do meu cérebro.”
Mas em “Jack Goes Boating” Hoffman fica dos dois lados da câmera, assumindo as responsabilidades da direção, mas também interpretando o personagem principal.
“Foi algo muito difícil. Ao dirigir meu primeiro filme, eu estava realmente desfrutando de todos os aspectos. Então, quando tinha que atuar, era difícil porque envolve a outra parte do cérebro. Atuar é uma atividade solitária, na qual você precisa estar só consigo mesmo. Isso se transforma em um trabalho interno. Você precisa trabalhar para ficar vulnerável e introspectivo diante dos outros, o que não é fácil. Fazê-lo realmente bem é muito mais difícil do que muitas pessoas imaginam.”
Jack, o personagem que ele interpreta no filme, é um quarentão solteiro, ganhando a vida em Nova York como motorista de limusine.
Mas quando conhece Connie - Amy Ryan - e fica atraído por ela, começa a explorar novos interesses visando impressioná-la, saindo lentamente de sua concha.
Como diretor, diz Hoffman, ele precisava ser “o exato oposto” de Jack.
“Em alguns dias em realmente tive dificuldade em alternar as funções. Eu tive que lidar com impaciência e frustrações dentro de mim mesmo, algo frequente. Mas eu tinha ótimos atores e pessoas ao meu redor, que foram muito pacientes comigo.”
O roteiro é baseado em uma peça produzida originalmente pela Labyrinth Theater Company, uma trupe de Nova York da qual Hoffman foi co-diretor artístico por mais de uma década.
Apesar de estar intimamente familiarizado com seu personagem no palco, ainda assim ele considerou difícil personificar Jack.
“Não há muito retrospecto. Você entra na história como se estivesse entrando naquele momento na vida deles. Bum! Tudo se passa no presente. Você simplesmente aceita este sujeito segundo a aparência, um sujeito que é obviamente solitário.”
Hesitante, Jack é solitário e carece de confiança, mas ele tem aspirações.
Espera algum dia conseguir um emprego na Autoridade Metropolitana de Trânsito e, quando ele conhece Connie, passa a ter aulas de culinária, na esperança de preparar para ela uma refeição suntuosa, e aprende a nadar, na esperança de levá-la para um passeio romântico de barco a remo.
“Eu não queria tornar Jack algum tipo de personagem à margem, um sujeito realmente estranho. Eu acho que ele é um sujeito que nós podemos conhecer de um jeito ou de outro, um amigo que temos que nunca se acerta e que está sempre meio que sozinho, mas fora isso é um sujeito bacana, um sujeito inteligente que se mantém firme em um emprego, mas que parece temeroso de entrar no campo de jogo avançado da idade adulta.”
Confira o trailer de "Jack Goes Boating":
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A carreira cinematográfica de Hoffman começou com uma série de comédias no início dos anos 90, mas foi só no final da década que ele começou a chamar a atenção da crítica - e a minha atenção como espectador - com papeis coadjuvantes em “Boogie Nights –Prazer Sem Limites” (1997), “O Grande Lebowski” (1998), “Felicidade” (1998), “Magnólia” (1999) e “O Talentoso Ripley”(1999).
“Eu acho que todo mundo pergunta a certa altura: ‘Como eu cheguei aqui?’ Eu apenas tentei acompanhar a maré da melhor forma que podia. Acho que isso geralmente tem a ver com certos diretores, atores ou qualquer pessoa com a qual eu sinta afinidade. Caminho com eles por algum tempo, então, caminho com outras pessoas. Talvez volte a caminhar com essas pessoas de novo por mais algum tempo. Nunca se trata de mim mesmo. Sempre se trata de com quem quero estar no momento. Minha carreira não foi uma trajetória baseada em ‘que tipo de coisa quero fazer agora?’ mas sim ‘com quem devo trabalhar?’”
Hoffman está atualmente filmando “Moneyball”, um filme de beisebol dirigido por Bennett Miller, que dirigiu “Capote”.
Em seguida ele atuará no filme “The Master”, de Paul Thomas Anderson - a história de um líder carismático de uma organização religiosa - que será a quinta colaboração deles.
Trabalhar com um diretor familiar pode parecer fornecer um fator de conforto, mas Hoffman diz que na verdade ele se sente mais vulnerável atuando para diretores com os quais trabalhou muitas vezes.
“Quanto mais você trabalha com eles, melhor você quer atuar para eles a cada vez, porque eles te conhecem e conhecem seus truques. Às vezes, esse conhecimento a respeito de alguém pode criar um ambiente de trabalho muito bom, mas pode ser mais assustador do que se você não conhecesse alguém tão bem.”
Hoffman decidiu assumir a produção e direção porque, ele diz, são ofícios que ele sentiu ter aprendido bem o suficiente para encarar com sucesso. Mas resta uma montanha para escalar: ele ainda não escreveu um roteiro, e diz que provavelmente permanecerá assim por mais algum tempo.
“Eu tenho respeito demais por roteiristas. Eles são uma classe especial. Talvez algum dia eu seja capaz de escrever algo, mas ainda não.”
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De minha parte, eu, que sempre afirmo aqui no blog que "se ter um bom roteiro já é meio caminho para um bom filme", e sempre incorformado com os abacaxis de roteiros bem embalados por efeitos especiais que nos enfiam toda sexta - dia das estreias - goela abaixo, só posso ressaltar essa posição de Hoffman.
Quanto ao Hoffman diretor, pelas nuances espetaculares que ele imprime às suas personagens, muito dificilmente ele será um diretor ruim.
Aguardando o filme por aqui, ansiosamente.
*****
Matéria de:
Karl Rozemeyer
Hollywood Watch
Redação Final:
Cláudio Nóvoa
De minha parte, eu, que sempre afirmo aqui no blog que "se ter um bom roteiro já é meio caminho para um bom filme", e sempre incorformado com os abacaxis de roteiros bem embalados por efeitos especiais que nos enfiam toda sexta - dia das estreias - goela abaixo, só posso ressaltar essa posição de Hoffman.
Quanto ao Hoffman diretor, pelas nuances espetaculares que ele imprime às suas personagens, muito dificilmente ele será um diretor ruim.
Aguardando o filme por aqui, ansiosamente.
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Matéria de:
Karl Rozemeyer
Hollywood Watch
Redação Final:
Cláudio Nóvoa
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