sábado, 4 de setembro de 2010

SOFIA COPPOLA MOSTRA "SOMEWHERE", E ANTONY CORDIER, "HAPPY FEW"

Ontem, o Festival de Veneza acompanhou uma disputa muito boa, travada entre dois jovens cineastas: Sofia Coppola, norte americana de 39 anos, traça em "Somewhere" o retrato existencial de uma estrela de cinema, enquanto Antony Cordier, francês de de 37, explora os meandros de uma relação entre quatro pessoas com "Happy Few".

"SOMEWHERE"

Johnny Marco tem tudo para ser feliz: ator de sucesso, com mulheres aos seus pés, vivendo em um hotel de luxo em Hollywood onde circula em uma Ferrari.
Mas esta doce vida é tumultuada com a chegada de sua filha Cleo, fruto de um casamento fracassado.
"É um ator que vive a cem por hora e que muda com a chegada de sua filha de 11 anos", resumiu o ator Stephen Dorff, que vive Johnny, durante a coletiva de imprensa do filme.

Foto: Divulgação - Arte Final: Cláudio Nóvoa
Cena de "Somewhere"

Para Sofia Coppola, "o personagem de Cleo representa alguma coisa de real, distante do universo superficial de seu pai, que, quando sua filha chega, deve mudar".

"O que me interessa são esses momentos de transição e de isolamento na vida, e acredito que em um momento de transição, o hotel é o local ideal", acrescentou ela, para justificar sua escolha de concentrar a ação no famoso Chateau Marmont.

Entre vaidade e redenção, "Somewhere" é uma marcha existencial sobre o sentido da vida.
"Eu sou nulo, não sou ninguém", exclama em um dado momento Johnny, que no início do filme anda em círculos a bordo de sua Ferrari preta.

Protagonista do filme, o carro dita o ritmo da narração com os roncos de seu motor, como uma espécie de respiração na vida caótica de Johnny.

Para ilustrar algumas cenas de Edward Hopper (pai e filha imóveis à beira da piscina), uma trilha sonora original escolhida cuidadosamente, como um sucesso de Gwen Stefani que acompanha a patinação de Cleo.
"A música me ajuda a criar uma atmosfera", disse Sofia Coppola.

Na disputa pelo Leão de Ouro, a exibição foi muito aplaudida.

Confira o trailer do filme:



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Já seu concorrente francês, o ácido "Happy few", teve que enfrentar algumas vaias.

"Esse filme fala do amor no plural", segundo Antony Cordier, que mostra dois casais de trinta anos - Marina Fo¯s e Roschdy Zem de um lado, Elodie Bouchez e Nicolas Duvauchelle do outro - , que se encontram, apaixonam-se perdidamente e se lançam em um troca-troca.

"É uma coisa que pode acontece com qualquer um, em todos os meios sociais. É uma história muito banal", declarou o diretor, que emplacou um sucesso com "Duchas frias/Douches froides" (2005).

Aos poucos, esse relacionamento a quatro atravessa algumas turbulências:
"São personagens que tentam viver uma utopia, mas eles são como todo mundo: são ciumentos, sofrem..." ressaltou o cineasta.
"A maior perversão é quando eles sentem um desejo conjugal, a vontade de ir além do sexo, com seu amante".

"Acho que as questões que o filme coloca - sobre a família, a sexualidade, o casal - são universais", considerou Marina Fo¯s, cujo personagem se pergunta em um certo momento do filme: "É possível amar duas pessoas ao mesmo tempo? Se for, podemos deixar ser assim?"

Visivelmente incomodados com algumas cenas de sexo, alguns espectadores optaram por abandonar a sala de exibição.

Confira o trailer do filme:


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O céu também fez a sua parte: no final da manhã, um verdadeiro dilúvio se abateu sobre o Lido, inundando o subsolo de um prédio do festival - confira postagem anterior - mas a situação rapidamente voltou ao normal.

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Confira as imagens do dia a dia do Festival de Veneza 2010 no link:

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