sábado, 4 de setembro de 2010

JOHN WOO RECEBE HOMENAGEM, MEXICANOS, RUSSOS E ITALIANOS PARTICIPAM, E A DIVA DENEUVE VOLTA COM TUDO

Homenagem a John Woo; a volta da Diva Catherine Deneuve às comédias; drama russo e italiano; curta mexicano.

Confira os destaques de sábado do Festival de Veneza:


DIRETOR JOHN WOO É HOMENAGEADO

O Festival de Veneza homenageou o cineasta John Woo, 64 anos, um dos poucos diretores asiáticos a fazer sucesso tanto em Hollywood, quanto na sua Hong Kong natal.

Woo recebeu um Leão de Ouro pelo conjunto da obra, no mesmo dia em que exibiu seu novo filme, "Reign of Assassins", que ele produziu e codirigiu com Su Chao-Pin.

O cineasta, conhecido por suas maravilhosas sequências coreografadas de lutas, atuou em Hong Kong nas décadas de 1970 e 80 até chamar a atenção de Hollywood com "O Matador."

Foto: Arquivos do Klau
O cineasta John Woo

"Como trabalho em Hollywood há mais de 16 anos e aprendi muito ... acho que é hora de levar o que aprendi em Hollywood para a Ásia", disse Woo em Veneza.

"Por outro lado, acho que temos muito boas histórias na nossa cultura.
Trabalho em vários países estrangeiros e acho que as pessoas em geral não sabem muito da nossa cultura.
Algumas pessoas só são familiarizadas com os nossos filmes de kung fu.
Por isso decidi fazer um filme como 'Red Cliff' e produzir um filme como 'Reign of Assassins'".

"Não significa que desisti de Hollywood. Ainda tenho vários projetos em Hollywood e adoraria trabalhar tanto na China quanto nos Estados Unidos."

Eu a-do-ro John Woo!

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DIVA DENEUVE FLANA PELO LIDO, E VOLTA EM ACLAMADA COMÉDIA

Pelo tapete vermelho do Lido passam menos estrelas que pelos tapetes do Oscar ou do Festival de Cannes.

Ainda assim, não foram poucas as possibilidades para os flashes nos últimos dias: Quentin Tarantino, Natalie Portman, Vincent Cassel, Sofia Coppola...

Mas todas as luzes pareceram mais foscas depois da passagem, pelo Palazzo del Cinema, de Catherine Deneuve.

Às vésperas de completar 67 anos, a atriz, quatro décadas depois de "A Bela da Tarde", mantém o andar, o olhar e a postura de quem se sabe mito, Diva.

Cabelos esvoaçantes, sorriso de quem está levemente ausente, ela chegou a dar alguns autógrafos para o público que se acotovelava do lado de fora da sessão de "Potiche", de François Ozon.
Mas o que fez foi, basicamente, "passar".

Alberto Pizzoli/AFP
A Diva, o diretor e elenco de "Potiche"

Gérard Depardieu, que divide a cena com Deneuve, teve o nome divulgado na lista dos artistas que iriam a Veneza , mas não deu o ar da graça.

"Potiche" - uma comédia sobre a liberação de uma dona de casa nos anos 70 - provocou gargalhadas, foi aplaudido tanto pelo público como pela crítica, e foi elogiada pela ironia e inteligência com que retrata a transformação de Suzanne Pujol (Deneuve) depois de assumir o controle da fábrica de guarda-chuvas do marido, que sofre de um problema cardíaco.

Ambientada em 1977 - quando as donas de casa eram obrigadas a cuidar apenas das tarefas domésticas - o filme, que disputa o Leão de Ouro, aborda de maneira engenhosa o feminismo de muitos pontos de vista, e lembra às novas gerações a batalha iniciada pelas mulheres há mais de 40 anos para obter um lugar na vida social, fora da família e mais igualitário.

"A situação das mulheres está melhorando, mas lentamente", reconheceu Denueve, que tem uma - segundo a crítica - atuação magistral.

A esposa do autoritário senhor Pujol forma uma grande dupla com Depardieu, no papel de deputado comunista e ex-sindicalista defensor dos trabalhadores.

A "comédia à francesa" tem o mesmo tom autoirônico da "comédia à italiana" dos anos 70, e, como os filmes de 30 anos atrás, diverte e denuncia com canções, roupas e situações graciosas para abordar temas espinhosos.

Deneuve, antes de atravessar o tapete, participou de uma entrevista coletiva sobre o filme, que fechou a programação do dia.

A Diva voltou!

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RUSSOS E ITALIANOS TAMBÉM PRESENTES EM VENEZA

Completamente distinto é o filme russo em competição, "Ovsyanki" de Alekse¯ Fedortchenko, também exibido neste sábado.

A morte, o luto, as tradições de um povo que corre o risco de desaparecer, a etnia Mari - ao leste de Moscou, sobre o rio Volga -, viram um hino poético às culturas esquecidas.

A longa viagem de um personagem para se despedir da esposa recém falecida serve de pretexto para mostrar paisagens, costumes e hábitos.

"As personagens parecem simples e comuns, mas na realidade têm uma grande riqueza interior", afirmou o cineasta.

O cinema italiano também teve destaque neste sábado, com "La passione" (A Paixão), de Carlo Mazzacurati, sobre a crise criativa de um diretor de cinema, encarnado pelo renomado Silvio Orlando, ator fetiche do cineasta Nanni Moretti.

O desencanto com o trabalho, a falta de ideias, as glórias e fracassos de quem trabalha com o cinema são narradas pelo protagonista, que aceita dirigir uma representação teatral de "A Paixão de Cristo" em pequena cidade da Toscana para tentar resolver os próprios problemas.

"Nasce de uma experiência vivida, de quando você sofre um bloqueio criativo que depois consegue superar", admitiu o cineasta.

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Guillermo Arriaga agrada o público em Veneza

O curta-metragem "El Pozo", do mexicano Guillermo Arriaga, foi recebido com aplausos na sessão paralela "Horizontes" do Festival.

Muito estimado na Itália, tanto como diretor quanto como roteirista, Arriaga cativou o público que se reuniu no sábado para assistir à sua produção, de apenas oito minutos.

Vincenzo Pinto/ AFP
O cineasta mexicano Guillermo Arriaga e a atriz Ingeborga Dapkunaite posam com o Presidente do Juri do Festival de Veneza, Quentin Tarantino

"El Pozo" conta a história de um avô que assiste, impotente e desesperado, a morte de um neto que caiu em um poço.

Encomendado pela TV Azteca para celebrar os 200 anos da independência e os 100 anos da Revolução Mexicana - datas comemoradas neste ano - o curta, ambientado na fase mais tumultuada desse período, "mostra as vítimas silenciosas desse conflito, os inocentes descartados ou sacrificados pelos poderes constituídos, observados à distância", esclareceu o cineasta.

Em uma época de crise mundial, "onde cada vez é mais difícil encontrar financiamento para um projeto de longa-metragem, um curta é a solução ideal para continuar criando", complementou Arriaga, que já analisa as próximas produções para retornar a Veneza como diretor, como fez há dois anos com sua obra "Vidas que se Cruzam" (2008).

Sobre o bicentenário, o mexicano afirmou que é uma comemoração "útil para celebrar o que somos e reafirmar nossa identidade. Todos os países tiveram que enfrentar em sua história momentos dolorosos e cruéis. Recordá-los é ajudar a ter uma visão verdadeira de nós mesmos".

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Confira as imagens do dia a dia do Festival de Veneza 2010 no link:


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