domingo, 12 de setembro de 2010

CLAUDE CHABROL: O MESTRE PARTIU, NOS DEIXANDO UM POUCO MAIS INFELIZES

O cineasta francês Claude Chabrol morreu neste domingo (12) aos 80 anos, segundo informaram fontes da Prefeitura de Paris citadas pela emissora "France Info".

Chabrol - um dos produtores-chave da cinematografia francesa- , e foi, além de diretor, produtor e crítico do "Cahiers Du Cinéma" - considerada ainda a mais importante revista de cinema de todos os tempos.

Entre os filmes de Chabrol, estão alguns dos mais destacados do cinema francês, como "Beau Serge", "Violette Nozière", "La Cérémonie" e "Merci Pour Le Chocolat".

Em 2009 dirigiu "Bellamy", e suas últimas obras foram dois capítulos de "Au Siècle de Maupassant: Contes et Nouvelles du XIXème Siècle".

Amigo íntimo de lendários diretores da New Wave, como François Truffaut e Jean-Luc Godard, que romperam com a tradição do cinema francês, foi um diretor prolífico, tendo feito cerca de 60 filmes, entre eles "Hell" e "The Butcher".

A notícia da morte de Chabrol, um ano depois dele ter lançado seu último longa metragem, "Bellamy", com Gerard Depardieu, foi recebida com manifestações de tristeza pela elite cultural e política francesa.

"A França e o cinema francês perderam um dos seus gigantes", disse Martine Aubry, líder do Partido Socialista. "O cinema de Claude Chabrol foi uma das obras que construiu a visão da nossa sociedade sobre si mesma."

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, descreveu Chabrol como "um grande autor e cineasta" e disse: "Tenho certeza que vamos sentir a sua falta."

Nascido ha 80 anos em Paris, onde seus pais eram donos de uma farmácia, Chabrol teve uma infância confortável de classe média. Estudou arte na Sorbonne e passava o tempo conversando sobre cinema com os jovens Godard e Truffaut.

Mais tarde, na década de 50, os três se tornaram críticos de cinema da influente revista de cinema "Cahiers du Cinema", antes de começarem suas carreiras como diretores. Eles romperam com o foco do cinema francês - de trabalhar com dramas históricos - para produzir temas contemporâneos, com protagonistas comuns e com estruturas de narrativa fragmentada.

"Le Beau Serge", filme que Chabrol produziu em 1959 com o dinheiro da herança da sua mulher, costuma ser citado como o primeiro longa metragem da era New Wave. O filme lidava com temas existenciais, inclusive o isolamento e o absurdo da vida moderna e a obsessão da classe média com as aparências.

"Temos frequentemente a tendência de enfatizar o lado trágico da vida, mas eu olho para o seu lado engraçado. Acredito demais na natureza humana", disse Chabrol numa entrevista em 2005.

Filmes New Wave - que fizeram bastante sucesso internacional, tanto de crítica quanto comercial, no fim da década de 50 e no começo dos anos 60 - exerceram forte influência em Hollywood, como por exemplo, em "Bonnie e Clyde", de Arthur Penn.

Os novos diretores de Hollywood - como Robert Altman, Martin Scorcese e Brian de Palma - foram inspirados por Chabrol e seus contemporâneos. O vencedor do Oscar Quentin Tarantino dedicou seu filme "Reservoir Dogs", de 1992, à Godard.

Claude Chabrol descreveu com bom humor os defeitos da burguesia provinciana francesa.

Nascido na capital francesa, ele passou a adolescência - vivida em plena Segunda Guerra Mundial - em Creuse, de onde só saiu para cursar as faculdades de Letras e Farmácia em Paris.

Ainda como crítico de cinema, participou do lançamento da "Nouvelle Vague", escrevendo na revista "Cahiers du Cinéma" (1952-57) junto com François Truffaut e Jacques Rivette.

Em pouco tempo, Claude Chabrol se impôs como autor, realizador e produtor de seus filmes.

"Nas garras do vício"/"Le Beau Serge" (1957), con Jean-Claude Brialy, recebeu o prêmio Jean Vigo e o grande prêmio do Festival de Locarno em 1958. Já "Os primos"/"Les Cousins" conquistou em 1959 o Urso de Ouro do Festival de Berlim.

Chabrol se divorciou para casar-se novamente com a atriz Stéphane Audran, sua atriz musa, que interpretou papéis marcantes em filmes como "A mulher infiel"/"La femme infidèle" e "O açougueiro"/"Le Boucher" de 1969, além de "Ao anoitecer"/"Juste avant la nuit" (1970).

Chabrol pintou com crueldade e sem recato o comportamento e os hábitos da burguesia provinciana, com seus escândalos encobertos por uma fachada de respeitabilidade, sem hesitar na hora de forçar as situações até o limite da queda absoluta.

Com "Violette" (1978), célebre envenenadora parricida dos anos 30, o cineasta contribuiu para revelar o talento da atriz francesa Isabelle Huppert, a quem escalou para estrelar cinco outros filmes, entre os quais "Um assunto de mulheres"/"Une Affaire de femmes" (1988), "Mulheres diabólicas"/"La Cérémonie" (1995) e "A teia de chocolate"/"Merci pour le chocolat" (2000).

Outros filmes mais leves, como "Deleagdo Lavardin"/"Inspecteur Lavardin" (1986) e "Frango ao vinagrete" /"Poulet au vinaigre" (1985), que contam histórias policiais estreladas pelo ator Jean Poiret, foram grandes sucessos de bilheteria.

O conjunto de sua obra, com mais de 80 filmes para o cinema e a televisão, foi coroado com o Prêmio René Clair da Academia Francesa (2005) e o Grande Prêmio 2010 de autores e compositores dramáticos.

Chabrol se casou pela terceira vez em 1983 com Aurore Pajot, e era pai de quatro filhos.



******
Fontes: Agências Internacionais e Arquivos do Klau

Essa postagem é dedicada ao meu amigo JOSÉ FERNANDO LEITE.
Cinéfilo como eu, certamente, deve estar tristíssimo hoje.

Nenhum comentário:

Postar um comentário