sexta-feira, 27 de maio de 2011

"UM NOVO DESPERTAR" É MEL GIBSON RESSURGINDO DAS CINZAS, PELA MÃO AMIGA DE JODIE FOSTER


Nos começo dos anos 80, eu simplesmente adorava Mel Gibson: me encantei com sua estreia nas telonas em Mad Max (1979), e continuei achando que ele era um bom ator, seja na saga Máquina Mortífera (a partir de 1987), até ele arrebentar em Maverick (1994) e Coração Valente (1995), para mim seu melhor filme.

Deve ser por tudo isso que eu fiquei chocadíssimo com suas declarações anti-semitas e homofóbicas,e mais ainda, quando deu de fazer filmes estranhíssimos, como A Paixão de Cristo (2004), falado em aramaico, e Apocalypto (2006), falado numa língua que até hoje não sei o que era...

A partir daí, me foi ficando muito difícil separar o Mel Gibson ator do Mel Gibson que, fora das telonas, vive falando asneiras e se envolvendo em confusão e bebedeiras, inclusive espancando namoradas.


Seu novo filme, Um Novo Despertar, nem se dá ao trabalho de pedir ao público que faça essa separação, porquê o protagonista tem muito mais do homem do que do ator.


A diretora Jodie Foster - amiga pessoal de Gibson desde que protagonizaram Maverick, e que além de dirigir, aqui interpreta a mulher do protagonista - foi de uma coragem ilimitada.
Por seus constantes escândalos, não é qualquer um que escalaria o ator atualmente, mas amigos fiéis servem para isso mesmo e ela pagou o preço de resgatar o bom ator das cinzas, lhe dando o papel principal.


Resultado: o filme foi mal de bilheteria nos EUA e Foster admitiu no Festival de Cannes, há alguns dias, que a presença de amigo pode ter tido alguma influência neste mau resultado.


Mas vamos ao filme:


Gibson é Walter Black, pai de família, proprietário de uma fábrica de brinquedos que está em seu limite e, depois de uma tentativa frustrada de suicídio, começa a se comunicar usando apenas um castor de pelúcia que acha no lixo.


A partir daí, a família toda, inclusive seus dois filhos - o adolescente Porter, interpretado por Anton Yelchin e o caçula Henry, papel de Riley Thomas Stewart -, passa por uma transformação junto com o pai.

Divulgação
Riley Thomas Stewart, Mel Gibson e o castor, em cena do filme


O roteiro do estreante Kyle Killen acredita na mudança dessa instituição chamada família, e a cura da depressão de Walter é tão poderosa que erradica também o mesmo mal da vida do filho mais velho por consequência, e, assim, o filme é o veículo perfeito para explicar o comportamento de Gibson fora das telonas, já que o castor se torna o porta-voz de Walter e o acompanha a todos os lugares - inclusive no banho ou a um jantar romântico com a mulher, Meredith.


Se no início é engraçado, o castor, onipresente em quase todas as cenas, torna tudo muito cansativo -  mesmo assim, o bicho de pelúcia rouba a cena, porque é mais interessante do que todos os personagens juntos.


É como se ganhasse vida própria e passasse a mandar em seu dono, dando ordens, guiando suas ações e falas.


O filme sai ganhando quando se concentra mais na trama do filho mais velho, também depressivo,quando ele se envolve com Norah - papel de Jennifer Lawrence, de Inverno na Alma -, que também tem problemas emocionais, e com a mãe dela,deixando de lado Walter e seu castor.


Transitando entre o trágico e o bizarro de toda a situação, o subtexto do filme nos pede para que tenhamos compaixão com Mel Gibson - o que, aqui, é pedir demais de um filme que não oferece muito em troca.
Como renascimento de um grande ator, porém, Um Novo Despertar merece uma olhada.

Confira o trailer do filme:

*****
UM NOVO DESPERTAR
Título original:
The Beaver
Diretora:
Jodie Foster
Elenco:
Mel Gibson
Jennifer Lawrence
Anton Yelchin
Jodie Foster
Paul Hodge
Michelle Ang
Riley Thomas Stewart
Kris Arnold
Ernest E. Brown
John Bernhardt
Produção:
Steve Golin
Keith Redmon
Roteiro:
Kyle Killen
Fotografia:
Hagen Bogdanski
Trilha Sonora:
Marcelo Zarvos
Duração:
Cansativos 93 min.
Ano:
2010
País:
EUA
Gênero:
Drama
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Paris Filmes
Estúdio:
Anonymous Content
Classificação:
Livre
COTAÇÃO DO KLAU:

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