sexta-feira, 20 de maio de 2011

CANNES 2011: A SEXTA TEVE SEAN PENN GÓTICO, CRÍTICA FAVORÁVEL A ALMODÓVAR, ARREPENDIMENTO DE VON TRIER E "LARANJA MECÂNICA"

Confira o que foi notícia no Festival de Cannes, nesta sexta (20):

O FESTIVAL SE APROXIMA DO FINAL, SEM FAVORITOS
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E VON TRIER?
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SINCERO COMO SEMPRE, SEAN PENN CRITICA REAÇÃO DOS NORTE-AMERICANOS À MORTE DE BIN LADEN E ARRANCA APLAUSOS COMO CANTOR GÓTICO
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EM FILME DIRIGIDO POR DINAMARQUÊS, RYAN GOSLING TEM ATUAÇÃO IMPECÁVEL EM "DRIVE"
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OLHA A JANE FONDA GENTE!
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"LARANJA MECÂNICA" VOLTA A CANNES APÓS 21 ANOS E SEU PROTAGONISTA DÁ UMA SENHORA AULA DO QUE É SER UM ATOR
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E agora, leia as matérias:


O FESTIVAL SE APROXIMA DO FINAL, SEM FAVORITOS

Após centenas de exibições, festas extravagantes frente ao mar e até um escândalo político, protagonizado pelo dinamarquês Lars von Trier, o Festival está próximo do fim sem nenhum claro favorito, embora esteja sendo muito mencionado o nome do finlandês Aki Kaurismaki, e seu filme "Le Havre".

O filme de Kaurismaki - que aborda com humor e fraternidade o polêmico tema da imigração clandestina - está entre os favoritos dos críticos, frente a filmes como "Árvore da Vida" - do americano Terrence Malick, que dividiu a plateia em Cannes - e "A Pele que Habito", de Pedro Almodóvar - um thriller que arrancou aplausos, assim como críticas muito favoráveis.

Esta edição do Festival de Cannes "se politizou", comentou um crítico de cinema nesta sexta (2), após o escândalo de von Trier, que causou comoção na quarta-feira ao afirmar que sentia "certa simpatia" por Adolf Hitler.

As frases, ditas em tom de gozação pelo diretor, uma das personalidades do cinema mais interessantes dos últimos anos, fizeram os diretores do Festival considerá-lo "persona non grata", apesar do pedido de perdão do cineasta, que continua na disputa pela Palma de Ouro.

Graças às excelentes críticas internacionais, "A Pele que Habito", de Almodóvar, está entre os favoritos para receber a Palma de Ouro, depois das vaias a Malick e da declaração de Trier .

Os aplausos foram moderados e os risos durante a projeção em momentos dramáticos mostravam que a impressão não era unânime, mas alguns meios de comunicação internacionais já apontam que esta 64ª edição pode ser, finalmente, a de Almodóvar.

O "Daily Telegraph" diz que o novo filme do diretor "é o trabalho de um mestre no mais alto de sua arte", enquanto a revista americana especializada em cinema "Hollywood Reporter" também se manifestou encantada com face mais lúgubre do outrora luminoso Almodóvar, dizendo que "só alguém com tanto talento como Almodóvar poderia ter misturado esses elementos sem arruinar o filme (...) ninguém como ele é capaz de ajustar o imaginário às emoções".

Peter Bradshaw, crítico do "The Guardian", dá ao filme quatro estrelas - de um máximo de cinco - e diz que "apresenta algo hipnótico à cirurgia-pornô ascética de seu teatro cirúrgico da crueldade: o látex, o aço frio e a carne. É retorcido e insano e sua coreografia da autopossessão é magnífica".

Almodóvar também foi recebido com honras em sua segunda casa, a França: o
"Le Monde" descreve "A Pele que Habito" como "a deslumbrante experiência do dr. Almodóvar".
Embora a publicação reconheça o desconcerto pelos riscos nem sempre bem ordenados, "a maestria do diretor encoraja o espectador a reconsiderar o filme não como uma história, mas como um estranho e magnífico objeto visto pela primeira vez após tirar as vendas".

Já o "Le Figaro" é menos entusiasta e classifica o filme como "um Almodóvar menor" e, embora destaque a interpretação de Elena Anaya e o aspecto visual da obra, considera que ele tem "um roteiro totalmente confuso", e que não é "habitado" pelo gênio espanhol.

Assim, maior vitrine mundial do cinema se encerra no domingo com a glamurosa cerimônia de premiação, na qual serão revelados os ganhadores da cobiçada Palma de Ouro de melhor filme e os outros prêmios dados a filmes da competição principal, que engloba 20 trabalhos.

Mas os filmes foram reduzidos a uma atração secundária desde a quarta (18), quando Von Trier provocou o escândalo.

Mesmo assim, seu filme - "Melancolia", estrelado por Kirsten Dunst e Charlotte Gainsbourg nos papéis de irmãs que enfrentam a aniquilação em uma colisão cósmica - permanece na competição, o que significa que, pelo menos teoricamente, pode receber prêmios, incluindo a própria Palma de Ouro.

Para muitos cinéfilos, o escândalo gerou um clima sombrio em um festival que deveria ter sido lembrado por sua seleção ousada de filmes, pelos astros de primeira linha que passaram pelo tapete vermelho e pelo mercado de compra e venda de filmes em plena atividade.

"Como sou amante de vinhos, direi que Cannes 2011 está sendo uma safra boa, com muita diversidade", disse Annette Insdorf, professora de cinema na Universidade Columbia.

Angelina Jolie, Brad Pitt, Sean Penn, Penelope Cruz, Johnny Depp, Marion Cotillard, Woody Allen e Robert de Niro, este presidente do júri, percorreram o tapete vermelho, onde se juntaram a eles uma multidão de outros grandes nomes da música e do cinema que participam do circuito de festas agitadas de Cannes.


E VON TRIER?

Em entrevista para um pequeno grupo de jornalistas hoje em Mougins, a apenas 7 quilômetros de Cannes, o diretor dinamarquês Lars Von Trier brincou sobre a expulsão.
“Fiquei sabendo que tenho que manter uma distância de 100 metros do Palácio dos Festivais. No domingo, acho que vou ficar do lado de fora fazendo sinais para saber se o filme foi premiado.”

O cineasta reiterou mais uma vez que não tem convicções nazistas e que fez as declarações em tom de brincadeira, sem querer ofender ninguém.

Francois Mori/APO diretor Lars Von Trier em Mougins, hoje

Para não correr o risco de novas polêmicas, ele decidiu que não quer mais participar de entrevistas coletivas.
“Acabo de descobrir o que significa a expressão ‘estraguei minha própria festa’ - I pissed on my chips, em inglês. Eu fico nervoso e me ponho a falar o que não devo. Não falei isso pra machucar as pessoas. Essa situação está prejudicando meu filme e minha produtora.”

Depois da notícia de que os distribuidores argentinos de "Melancolia" haviam desistido de lançar o filme no país por conta das declarações nazistas - a Argentina é um dos países do mundo onde mais se encontram judeus - , a empresa responsável pelo lançamento do título no Brasil fez questão de dizer que o filme deve estrear nos cinemas brasileiros em 5 de agosto.

Na entrevista, todo mundo achou que era mais uma de suas piadas, mas Von Trier está realmente engajado em fazer de seu próximo filme um pornô.

A ideia é ter diversas atrizes de idades variadas encenando as experiências sexuais de uma mesma personagem da infância à velhice - a história será narrada pela mulher já mais velha, recordando suas lembranças.
“Não consigo falar de erotismo sem mostrar penetração, acho que essa é uma parte fundamental da experiência erótica. Mas prometo que não será chato como os filmes eróticos que vemos na TV”.

Segundo ele, seu desafio será envolver o espectador numa atmosfera de excitação diferente e mais forte do que os filmes pornôs comuns.

Outra grande diferença: misturar o sexo carnal com reflexões sobre o mundo espiritual, entre elas um questionamento sobre as Igrejas no Ocidente e no Oriente, com “lampejos do Espírito Santo que transmitem uma sensação de satisfação espiritual”.

Nem Deus sabe o que virá por aí, mas agora é só aguardarmos mais uma obra do gênio pela frente.


SINCERO COMO SEMPRE, SEAN PENN CRITICA REAÇÃO DOS NORTE-AMERICANOS À MORTE DE BIN LADEN E ARRANCA APLAUSOS COMO CANTOR GÓTICO

Ao contrário de boa parte dos atores norte-americanos, que costumam encarar as entrevistas coletivas como uma extensão de seu trabalho e fazem de tudo para "entreter" os jornalistas, Sean Penn, em Cannes, não se esforçou em fazer graça.

Na conversa que se seguiu à exibição de "This Must Be the Place" , filme que compete pela Palma de Ouro, o ator, estrela da mesa, limitou-se a dar respostas curtas ou a, simplesmente, dizer "sim" ou "não".

O único tema que o fez sair dos monossílabos foi o sentimento de vingança que, supostamente, move seu personagem, um ex-roqueiro de batom de cabelos longos, chamado Cheyenne.
"Acho que o personagem, mais do que de vingança, está em busca dele mesmo, ele quer tentar se entender", definiu o ator, para emendar: "Mas eu tenho que admitir que a noção de vingança é, hoje, um tema norte-americano. É só a gente pensar nas reações emocionais dos americanos à morte Bin Laden... Acho que o filme toca nisso".

Getty Images
Sean Penn em Cannes, hoje

"This Must Be the Place",
que traz também Frances McDormand no elenco, foi dirigido e produzido por italianos, mas tem locações e tema norte-americanos.

No filme, Penn representa um roqueiro gótico catatônico, uma história estranha que acompanha o popstar aposentado Cheyenne, de uma vida de luxo na Irlanda para uma caçada a um guarda de campo nazista da Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos.

Dirigido pelo italiano Paolo Sorrentino, Penn usa base branca pesada sobre o rosto, além de batom vermelho manchado e delineador preto nos olhos.

Com a maquiagem e seu cabelo preto frisado, o personagem lembra os roqueiros Ozzy Osbourne e Robert Smith, vocalista do The Cure.

Além do visual incomum, o personagem de Penn é marcado por um andar afetado e fala em voz aguda e afeminada, na qual lança frases curtas que exprimem sua desilusão com o mundo.

O clima de desesperança e inércia só é aliviado quando ele deixa sua vida doméstica tranquila em Dublin ao lado de sua mulher, representada por Frances McDormand, e parte em uma jornada para vingar-se do homem que humilhou seu pai, judeu, em um campo de concentração.

Indagado o que levou a aceitar o papel de Cheyenne, Penn respondeu:
"Os filmes de Sorrentino têm um quê de esdrúxulo. Há uma apreensão do mundo que me parece certa, mas eu ainda não a tinha visto ser articulada como ele a articula."

A participação do ator, que alterna sua carreira nas telonas igualmente com produções de grande orçamento efilmes independentes, foi fruto de um encontro do ator com Sorrentino em Cannes três anos atrás, quando o ator duas vezes premiado com o Oscar presidiu o júri do festival e o filme "O Divo", de Sorrentino, recebeu o prêmio do júri.

"Sorrentino faz filmes acelerados sobre pessoas lentas e filmes engraçados sobre pessoas tristes. Ele possui um humanismo que faz com que seus filmes valham a pena ser vistos", disse Penn.

"Para mim, ele é um dos poucos mestres do cinema da atualidade. Quando você trabalha com ele, como ator, você também é apreciador. Ele tocava o piano e eu virava as páginas", acrescentou.

O ator não quis comparar Cheyenne com seu breve personagem em “A Árvore da Vida”, outro forte candidato à Palma.
“Os dois são completamente diferentes, e filmei-os com anos de distância”.

Já o diretor, depois de fazer quatro filmes na Itália, disse que curtiu a experiência de filmar nos Estados Unidos.
“Éramos crianças filmando num mundo novo”.

A crítica presente ficou impressionada com o desempenho de Penn no filme que retoma em seu título, "This must be the place", uma música do grupo Talking Heads.

A história aborda a questão da vingança pela humilhação, mas desvinculada da violência.
"Acho que o rock and roll tem um lugar muito importante, porque se contrapõe ao que acredito que se transformou em 'a doença' de uma classe", disse Penn.

O personagem de Penn vive as consequências de uma vida excêntrica típica de um rock star já decadente - já sem música e rodeado de luxo superficial, retorna a seu país, os Estados Unidos, após a morte de seu pai com quem não mantinha contato há 30 anos.

DivulgaçãoSean Penn em cena de "This Must Be the Place" dirigido pelo italiano Paolo Sorrentino

A viagem exterior para encontrar quem humilhou seu pai acompanha a viagem interior que permite ao músico continuar a busca de uma vida inteira por vingança.

O filme aborda a questão do genocídio nazista e a procura por seus principais responsáveis, em uma diferente versão dos típicos caça-nazistas do tipo Simon Wiesenthal.

Confira o trailer de “This Must Be The Place”:


Frances McDormand interpreta a esposa compreensiva, divertida e apaixonada do protagonista, e Eve Hewson - filha de Bono Vox - vocalista do "U2" - interpreta uma fã punk que é amiga do personagem de Penn.


“This Must Be The Place” já tem estreia garantida no Brasil, mas a data ainda não foi definida.


EM FILME DIRIGIDO POR DINAMARQUÊS , RYAN GOSLING TEM ATUAÇÃO IMPECÁVEL EM "DRIVER"

Outro longa apresentado no Festival nesta sexta (20) foi "Drive", do dinamarquês Nicolas Winding Refn e estrelado por Ryan Gosling, que encarna um motorista discreto que faz ronda nas noites de Los Angeles, e que divide seu tempo entre uma oficina mecânica e os freelas como dublê de filmes de ação.

O cineasta citou os irmãos Grimm como leituras relacionadas à sua obra com a tradição europeia dos contos, e narra de maneira muito divertida como convenceu Gosling a interpretar o papel.

Segundo o dinamarquês, foi algo que denominou como "praticamente um encontro às cegas", que começava mal e de repente atingiu um "orgasmo mental".

Getty Images


O diretor Winding Refn e o ator Ryan Goslin, hoje em Cannes

A ideia era criar um personagem que destroça automóveis quando trabalha como dublê no cinema, os conserta durante o dia em uma oficina mecânica e participa de assaltos como taxista de delinquentes, e tudo isso sem quase abrir a boca.

É um "cavalheiro" solitário que encontra uma dama em perigo - a vizinha Irene vivida por Carey Mulligan - por quem se apaixona silenciosamente, e que o faz arriscar ainda mais o pescoço.

O motorista interpretado por Gosling carrega um passado misterioso e, aparentemente, negro, tão negro como a evolução do personagem, inevitavelmente metido em uma espiral de violência e sangue.

Confira um teaser de "Drive":


Tanto nas cenas violentas, tranquilas e as de perseguição, Gosling - candidato ao Globo de Ouro por "Namorados Para Sempre" e em Cannes com "Tolerância Zero" em 2001, prêmio do Júri - não diz quase uma palavra, mas não é preciso, pois sua interpretação é impecável.


OLHA A JANE FONDA GENTE!

Quando falei aqui sobre Peter Fonda em Cannes, perguntei onde andaria sua irmã - e uma das minhas divas favoritas - Jane Fonda.

E não é que ela surgiu, linda de viver em Cannes na quinta (19) à noite?

Aos 73 anos, a atriz exibiu sua boa forma e até fez uma dancinha, durante o evento amfAR Cinema Against Aids, aquele baile anual indealizado por Liz Taylor que arrecada fundos para a luta contra a aids.

BrainpixA Diva americana Jane Fonda no baile de caridade de Cannes, na quinta (19)

Tia Jane ainda está bem lindona! Adoro ela!


"LARANJA MECÂNICA" VOLTA A CANNES APÓS 21 ANOS, E SEU PROTAGONISTA DÁ UMA SENHORA AULA DO QUE É SER UM ATOR

O mostra Cannes Classics, uma das mais charmosas seleções do festival, trouxe de volta, na quinta (19), o impactante "Laranja Mecânica" (1971), adaptação de um romance de Anthony Burgess, e o nono longa-metragem do mestre Stanley Kubrick.

Quando foi lançado, 40 anos atrás, a obra chocou muita gente, pela ultra violência mostrada numa Londres futurista.

O ator Malcom McDowell, que interpretou o protagonista Alex Delarge, líder de uma gangue sádica, acompanhou a projeção da cópia restaurada.

DivulgaçãoO ator Malcom McDowell como Alex Delarge, em "Laranja Mecânica" (1971)

O restauro de "Laranja Mecânica" deu origem também a uma edição Blu-ray que terá, como charme extra, o selo comemorativo do 40º aniversário de lançamento do filme.

Confira o trailer original de "Laranja Mecânica":


As qualidades que levaram Malcolm McDowell a interpretar um dos personagens mais perturbadores da história do cinema não transpareceram na calma e bem-humorada conversa que ele manteve com o crítico francês Michel Ciment, ontem, na tradicional Leçon du Cinéma - aula de cinema - do Festival.

A aula de McDowell, 68, fez parte de um quadro de homenagens ao diretor
Stanley Kubrick, que incluiu exibições especiais da versão restaurada de
"Laranja Mecânica" e do documentário
"Il Était une Fois Orange Mecanique/Era uma Vez Laranja Mecânica" - na seção Cannes Classics.

McDowell esteve pela primeira vez em Cannes com "Se...", de Lindsay Anderson, que terminou levando a Palma de Ouro em 1969, e foi justamente ao ver "Se..." que Kubrick escolheu o ator para protagonizar "Laranja Mecânica".

"Foi Christiane
- viúva de Kubrick, presente na plateia - quem me contou essa história. Stanley tinha uma cabine de cinema em casa e havia sempre um projecionista de plantão. Ele pediu para ver "Se...", e, logo na minha entrada, apertou a campainha que se comunica com a cabine, pedindo para repetir a cena. Fez isso mais duas vezes e, depois, disse: "Acho que encontramos nosso Alex"."

The Guardian
O ator Malcolm McDowell, em Cannes nessa sexta

McDowell pisou num palco pela primeira vez aos 11 anos.
"Fui escolhido para estrelar um musical na escola e, quando me vi no palco, com as luzes cegando meus olhos, me senti em casa."

Depois de fazer um pequeno papel no filme "Poor Cow", de Ken Loach - participação que acabou sendo cortada na montagem - McDowell teve sua grande chance no cinema como protagonista de "Se...", conto de rebeldia estudantil que se tornou uma marca da época.

"Filmamos "Se..." em 1968. Certo dia chegou ao set um exemplar do "London Times" trazendo na primeira página uma foto de estudantes em fúria na frente da Sorbonne, e lembro-me de Lindsay Anderson dizer:
"Estamos fazendo um filme atualíssimo"."

Apaixonado por cinema, McDowell tomou como modelo o ídolo James Cagney.
"O maior ator do mundo. Amo sua energia. Era imprevisível e perigoso, você nunca sabia o que viria em seguida."

Essa mesma energia McDowell invocou para viver Alex em "Laranja Mecânica" - outro filme que se tornaria um marco da época, retrato brutal da delinquência juvenil e crítica severa à violência do Estado.

McDowell conta que Kubrick era obsessivo, mas também divertido.

"Ficamos quase um ano trabalhando juntos, ele era uma figura adorável. Certo dia, depois de repetir o mesmo plano pela 20ª vez, falei para ele: "Agora entendo por que você gosta tanto de trabalhar com Peter Sellers. Ele pode te oferecer 40 opções de uma mesma fala de forma totalmente diferentes, para que você possa escolher depois". Não sei se tinha essa capacidade."

"Uma vez me disseram que eu era um ator de teatro muito cinematográfico",
disse McDowell, para completar:
"Talvez tenham razão. Se você quiser que a plateia faça um close-up, basta falar mais baixo ou pausadamente. Se você quiser um "plano médio", basta fazer um pequeno gesto. E se quiser um plano à distância, pode fazer um grande movimento. Acredito que um ator pode montar sua performance no palco."

Uma senhora aula, de um soberbo ator.

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Com Reuters, UOL, AP, Folha de S.Paulo, The Guardian, Brainpix e site do Festival
Redação Final: Cláudio Nóvoa

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