sábado, 21 de maio de 2011

CANNES 2011: NO FESTIVAL, SER PREMIADO NÃO GARANTE, NEM ESPECTADORES, NEM BOA BILHETERIA

Todos sabemos que o Festival é um grande negócio para as empresas que juntam sua marca e para os grandes filmes que têm no tapete vermelho de Cannes um lançamento de primeira.

Porém, mesmo que a obra leve a cobiçada Palma de Ouro, que será entregue amanhã no Palais des Festivals, isso não necessáriamente significa dinheiro jorrando nas bilheterias.

Passado um ano do prêmio entregue a "Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas", a produção do tailandês Apichatpong Weerasethakul arrecadou no mundo todo cerca US$ 1 milhão - no Brasil, o filme fez 180 mil espectadores, e na França, foi visto por 128 mil pessoas -, valor irrisório quando se pensa nas cifras astronômicas do mercado cinematográfico.

ReutersA cobiçada Palma de Ouro será entregue neste domingo (22)

Mas o distribuidor francês Philipe Legrand ressalva:
"Pode parecer pouco, mas é cinco vezes mais do que qualquer outro filme do Apichatpong já fez na França" - e a França é, ao lado do Japão, o país que mais valoriza a Palma de Ouro.

No Japão, os títulos que passaram por Cannes - e não só os que levaram a Palma - quase sempre voltam ao cartaz, na volta das férias de agosto.
Já os norte-americanos, sempre olhando só para seu próprio umbigo, não dão quase nenhuma importância ao que acontece no festival francês.

Na última década, o único ganhador da Palma de Ouro que estourou nos cinemas americanos foi "Fahrenheit 9/11", de Michael Moore, e o segundo filme mais bem sucedido em termos comerciais foi "O Pianista", de Roman Polanski.

"Dançando no Escuro", que deu a Palma ao agora "persona non grata" Lars von Trier, teve lançamento de filme de arte nos Estados Unidos, e o que salvou sua bilheteria foi a boa média de espectadores em diversos países.

"A primeira coisa que a Palma faz com um filme é mudar a distribuição dele no mundo", diz Jonathan Taylor que, em 2010, adquiriu os direitos de "Tio Boonmee" para alguns mercados pequenos.
"Só consegui ficar com o filme porque o havia comprado antes do anúncio do resultado. Mesmo um filme assim, se ganha a Palma, muita gente quer comprar."

E isso acontece porque, com a Palma de Cannes carimbada no pôster, o filme ganha uma chancela crítica e tem, além disso, espaço praticamente garantido na mídia.

BILHETERIA DOS GANHADORES DAS 10 ÚLTIMAS DAS PALMAS DE OURO EM CANNES
DANÇANDO NO ESCURO (2000)
US$ 42,2 mihões

O QUARTO DO FILHO (2001)
US$ 16 milhões

O PIANISTA (2002)
US$ 120 milhões

ELEFANTE (2003)
US$ 10 milhões

Fahrenheit 9/11 (2004)
US$ 222,5 milhões

A CRIANÇA (2005)
US$ 5,8 milhões

VENTOS DA LIBERDADE (2006)
US$ 22,6 milhões

QUATRO MESES, TRÊS SEMANAS E DOIS DIAS (2007)
US$ 5 milhões

ENTRE OS MUROS DA ESCOLA (2008)
US$ 27 milhões

A FITA BRANCA (2009)
US$ 22,6 milhões

TIO BOONMEE (2010)
US$1,1 milhão

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Matéria de Ana Paula Sousa, da Folha de S.Paulo

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