domingo, 22 de maio de 2011

CANNES 2011: FILME MAIS AGUARDADO LEVA A PALMA DE OURO


VITÓRIA SEM ROSTO

Coube ao mais esperado filme da seleção, "A Árvore da Vida", o grande prêmio do 64ª Festival de Cannes.

O quinto longa do diretor americano Terrence Malick, interpretado e produzido por Brad Pitt, saiu da Croisette com a Palma de Ouro.

Há 32 anos, Malick ganhara, aqui, o prêmio de melhor diretor por "Dias de Paraíso" - depois disso, ficou 19 anos sem filmar - desde então, nunca mais participou de entrevistas ou eventos.

"Quase todos nós achamos que esse era o grande filme", disse Robert de Niro, presidente do júri. "A decisão foi difícil, porque havia outros filmes muito bons. Mas Malick fez um filme incrível."

AFPOs membros do juri posam para fotos antes do encerramento do festival: Jude Law, Nansun Shi, Robert De Niro, Linn Ullmann, Mahamat-Saleh Haroun, Martina Gusman, Olivier Assayas e Uma Thurman

O memorável trabalho do cineasta, um poema visual sobre a perda e a fé, protagonizara, durante a projeção para a imprensa, uma guerra entre vaias e aplausos.

Era, porém, o grande favorito na bolsa de apostas dos críticos da revista "Le Film Français", que circulava diariamente no festival.

Enquanto aumentavam as expectativas em torno da premiação do filme, cresciam os rumores de que Malick, apesar de não ter participado de nenhuma cerimônia oficial, estava em Cannes.

No entanto nem mesmo Brad Pitt, rosto célebre do filme no festival, apareceu para receber o prêmio, entregue aos também produtores Bill Pohland e Sarah Green.

Também previsíveis foram os prêmios de melhor atriz e ator, entregues a
Kirsten Dunst e Jean Dujardin.

Dunst teve, indiscutivelmente, no filme de Lars von Trier, seu grande papel no cinema.

Ao subir ao palco, fez questão de agradecer ao diretor, que a colocou em "Melancholia" - antes, porém, respirou fundo e brincou: "Que semana esta!".

APKisten Dunst recebe seu prêmio de melhor atriz em Cannes 2011

Quando Trier, na coletiva de imprensa sobre seu filme, declarou-se "nazista", a atriz deixou claro seu constrangimento.

Como bom gato escaldado, ela foi a única dentre os premiados a não comparecer à conferência de imprensa que se seguiu à cerimônia de premiação.

Esta edição coroou também o destino de invictos dos irmãos belgas Jean-Pierre e
Luc Dardenne.

Todos os filmes deles que vieram a Cannes foram laureados - dois com a Palma de Ouro.
Desta vez, receberam o Grande Prêmio do Júri, por "O Garoto de Bicicleta".

Os Dardenne dividiram o reconhecimento com o turco Nuri Bilge Ceylan, de
"Era uma Vez em Anatólia", definido, por ele mesmo, como "longo, difícil".

O prêmio de direção ficou com o dinamarquês Nicolas Winding Refn, por "Drive".
Já "A Pele que Habito", que arrancara elogios para Pedro Almodóvar, foi esnobado pelo júri e teve de se contentar com o Prêmio da Juventude, outorgado pela imprensa estrangeira.


NA ATMOSFERA SISUDA, DE NIRO ARRANCA RISADAS

Cannes, o festival dos protocolos e dos smokings, caiu na gargalhada durante a cerimônia de premiação, no Grand Théâtre Lumière.

Emocionado pela ovação de dois minutos, recebida no momento em que entrou no palco, o ator Robert de Niro quis ser simpático - e resolveu arranhar um francês.

O "merci" - obrigado - foi perfeito, mas aí ele tentou agradecer os integrantes do júri e, para espanto da plateia, chamou-os de "champinhons".

Ao ouvir as risadas, o ator fez cara de "não entendi" - a mestre de cerimônias teve de socorrê-lo: "Compagnons, non? Compagnons" - companheiros, não?.

Durante a conferência de imprensa do júri, a atriz Uma Thurman fez questão de dizer que De Niro foi um presidente "muito democrático e amigável".

Ele não perdeu a piada.
Enquanto ela falava, De Niro fez uma expressão, entre a vaidade e o sarcasmo, que fez os presentes se lembrarem do quanto é bom ator.

Após a premiação, os oito integrantes do júri participaram de uma recepção mais que vip em pleno mar da Côte d'Azur, dentro de um barco.

Durante o dia, tinham ficado todos isolados, numa cidade vizinha a Cannes - deixaram seus hotéis de manhã e tiveram de carregar o smoking e os vestidos de gala, mas não puderam levar celulares.

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Matéria de Ana Paula Sousa, enviada da Folha de S.Paulo em Cannes

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