Confira os destaques do Festival de Cannes deste sábado (21):
PARA CATHERINE DENEUVE, ESTRELA DO FILME DE CHRISTOPHE HONORÉ EXIBIDO HOJE, A MÍDIA "FEZ USO CHOCANTE DAS DECLARAÇÕES DE VON TRIER"
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FILME SOBRE GREVE DE SEXO ENCERRA EXIBIÇÕES
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COMPETIÇÃO OFICIAL É ENCERRADA
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E agora, leia as matérias:
PARA CATHERINE DENEUVE, ESTRELA DO FILME DE CHRISTOPHE HONORÉ EXIBIDO HOJE, A MÍDIA "FEZ USO CHOCANTE DAS DECLARAÇÕES DE VON TRIER"
A polêmica em torno das declarações nazistas de Lars Von Trier continuaram neste sábado, último dia da competição no Festival.
Catherine Deneuve, estrela do filme de encerramento do festival, “Les Bien Aimés”, se irritou quando uma repórter lhe perguntou o que achou das declarações do cineasta.
“As declarações de Lars foram chocantes, mas é ainda mais chocante a maneira como vocês da imprensa fizeram uso dela. Sei como essas coisas funcionam: de tudo o que estou falando aqui, duas ou três frases fora de contexto podem ser usadas, e a coisa se espalha ainda mais rápido com a internet”, declarou.
Getty ImagesCatherine Deneuve prestigia a sessão do filme "Les Bien-Aimes", do qual é protagonista
A Diva e Von Trier trabalharam juntos no filme “Dançando no Escuro” (2000), Palma de Ouro em Cannes.
O ator Louis Garrel, que também atua no filme, aproveitou para criticar a postura dos franceses quanto às questões da Segunda Guerra.
“A questão do colaboracionismo (os franceses que colaboraram com os nazistas durante a Segunda Guerra) é uma neurose e um trauma na França. As pessoas não falam abertamente sobre isso. Por que hoje a Alemanha lida melhor com a xenofobia? Porque eles trabalharam essa questão. Enquanto a França ainda recebe críticas pelo tratamento dado aos ciganos, por exemplo”, disse.
Polêmicas à parte, Deneuve e Garrel estão muito à vontade em “Les Bien Aimés”, um filme muito parecido com “Canções de Amor”, que o mesmo diretor, Christophe Honoré, dirigiu em 2007.
O novo filme começa nos anos 60, quando a jovem Madeleine se apaixona por um tcheco e se muda para Praga.
Já nos anos 90, Madeleine - agora interpretada por Deneuve - voltou à França, casou-se com outro homem, mas não resiste a algumas escapadas com o ex-marido.
A filha Vera - interpretada por Chiara Mastroianni, filha de Deneuve com Marcello Mastroianni - vive então os seus próprios conflitos de amor, quando se apaixona por um rapaz gay.
O elenco ainda reúne a francesa Ludivigne Seigner, o americano Paul Schneider e o tcheco Milos Forman - diretor de “Um Estranho no Ninho” (1975), ganhador dos Oscars de filme, ator - Jack Nicholson -, atriz - Louise Fletcher -, diretor e roteiro.
Como em “Canções de Amor”, todos os personagens cantam seus sofrimentos em cena, mas com uma diferença: o primeiro filme foi escrito a partir de músicas que já tinham sido compostas por Alex Beaupain - em “Les Bien Aimés”, Beaupain pegou o roteiro e a partir daí escreveu as músicas.
Getty ImagesO diretor Christophe Honoré - de camisa azul -, a Diva Deneuve e o ator Louis Garrel - à sua esquerda, e o elenco de “Les Bien Aimés”, hoje em Cannes
A Diva francesa adorou voltar a cantar – lembro aqui que um de seus papéis mais famosos e mais lembrados é no musical “Os Guarda-Chuvas do Amor” (1964), de Jacques Demy.
“Cantar é muito liberador, é um meio de expressão para além do natural. Produz um efeito físico imediato, é muito agradável”, comentou.
Musa de “A Bela da Tarde” (1967), a atriz entende as escapadas da personagem.
“Há casais infiéis que são fiéis a eles mesmos. A fidelidade é interessante, mas também muito difícil.”
E comentou uma frase de seu personagem:
“Acredito na vida, e não na felicidade. A frase é justa. A felicidade não é um estado constante; temos apenas momentos de felicidade. Mas a vida é a vida”, filosofou.
Confira o trailer de "Les Bien Aimés":
Ao filmar “Les Bien Aimés”, o diretor Christophe Honoré quis confrontar o amor com a passagem do tempo.
“Comecei a comparar a minha vida com aquilo que eu imagino que foi a vida amorosa dos meus pais nos anos 60. Temos a ideia de que aquela foi a época de ouro das histórias de amor.”
E defendeu o direito de fazer musicais nostálgicos no século 21.
“Nunca acreditei que o cinema foi feito para filmar a vida. Mas ao mesmo tempo, quero que ele seja muito vivo.”
FILME SOBRE GREVE DE SEXO ENCERRA EXIBIÇÕES
O júri do 64º Festival de Cannes começou a deliberar neste sábado, após a exibição do último dos 20 filmes que disputam a Palma de Ouro, e que conta a história de uma aldeia muçulmana no Marrocos onde as mulheres declaram greve de sexo para conseguir água.
"La source des femmes", do cineasta francês de origem romena Radu Mihaileanu, abriu o último dia da competição recebendo aplausos da imprensa, mas também críticas de alguns especialistas, que acharam a história "muito piegas".
Mihaileanu decidiu abordar no filme a questão do machismo, do islamismo radical e das dificuldades da mulher para ter acesso à educação, sendo submetidas ao poder dos homens - após ler uma reportagem no jornal francês Libération.
"Pareceu-me uma história incrível sobre a falta d'água e sobre o que as mulheres estavam dispostas a fazer para consegui-la", disse o cineasta em uma coletiva de imprensa ao final da exibição do filme.
Getty ImagesO diretor Radu Mihaileanu, hoje em Cannes
"Quis contar essa história do nosso tempo, marcada pela mudança climática, as secas, a desertificação. É uma história específica de sucesso numa aldeia do norte da África", acrescentou.
"Mas é ao mesmo tempo uma história universal sobre o precário acesso à educação, o que pode acontecer em qualquer país do terceiro mundo", lamentou.
Confira o trailer de "La source des femmes":
Apesar de não falar o árabe, o cineasta se esforçou para que o filme fosse produzido nesta língua.
"Estava claro que o filme deveria ser contado em árabe para ser autêntico. Passei muito tempo na aldeia de Warielt, numa região montanhosa a uma hora de viagem de Marrakesch. Eu queria mostrar a vida na aldeia, o cotidiano dessas mulheres cheias de luz", explicou.
Questionado acerca das revoluções que recentemente agitaram esta região do mundo, Mihaileanu salientou que vê as mulheres como "geradoras da mudança, da abertura democrática e das conquistas na educação".
"Acredito que muitas mulheres participaram da revolução nas ruas da Tunísia. Elas estão se movendo em busca da direção certa", considerou o cineasta, que em seu filme apresenta uma versão do Islamismo sem radicalismos. "Há um Islã cheio de luz", ressaltou.
COMPETIÇÃO OFICIAL É ENCERRADA
A competição oficial do Festival de Cannes encerrou com a exibição de "La source des femmes".
Os membros do júri oficial, presidido pelo ator Robert de Niro, serão levados para uma mansão e lá ficarão até decidir sobre a Palma de Ouro, o Grande Prêmio, o Prêmio do Júri, as melhores interpretações masculina e feminina, o melhor roteiro e melhor diretor.
Getty ImagesO presidente do júri de Cannes 2011, Robert de Niro, na abertura do Festival
Será também decidido quem levará a Câmera de Ouro, prêmio dado ao melhor curta-metragem, sem falarmos em outros eventuais prêmios excepcionais, que poderão ser concedidos por de Niro.
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Com Reuters, AP e Getty Images
redação Final: Cláudio Nóvoa
PARA CATHERINE DENEUVE, ESTRELA DO FILME DE CHRISTOPHE HONORÉ EXIBIDO HOJE, A MÍDIA "FEZ USO CHOCANTE DAS DECLARAÇÕES DE VON TRIER"
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FILME SOBRE GREVE DE SEXO ENCERRA EXIBIÇÕES
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COMPETIÇÃO OFICIAL É ENCERRADA
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E agora, leia as matérias:
PARA CATHERINE DENEUVE, ESTRELA DO FILME DE CHRISTOPHE HONORÉ EXIBIDO HOJE, A MÍDIA "FEZ USO CHOCANTE DAS DECLARAÇÕES DE VON TRIER"
A polêmica em torno das declarações nazistas de Lars Von Trier continuaram neste sábado, último dia da competição no Festival.
Catherine Deneuve, estrela do filme de encerramento do festival, “Les Bien Aimés”, se irritou quando uma repórter lhe perguntou o que achou das declarações do cineasta.
“As declarações de Lars foram chocantes, mas é ainda mais chocante a maneira como vocês da imprensa fizeram uso dela. Sei como essas coisas funcionam: de tudo o que estou falando aqui, duas ou três frases fora de contexto podem ser usadas, e a coisa se espalha ainda mais rápido com a internet”, declarou.
Getty ImagesCatherine Deneuve prestigia a sessão do filme "Les Bien-Aimes", do qual é protagonista
A Diva e Von Trier trabalharam juntos no filme “Dançando no Escuro” (2000), Palma de Ouro em Cannes.
O ator Louis Garrel, que também atua no filme, aproveitou para criticar a postura dos franceses quanto às questões da Segunda Guerra.
“A questão do colaboracionismo (os franceses que colaboraram com os nazistas durante a Segunda Guerra) é uma neurose e um trauma na França. As pessoas não falam abertamente sobre isso. Por que hoje a Alemanha lida melhor com a xenofobia? Porque eles trabalharam essa questão. Enquanto a França ainda recebe críticas pelo tratamento dado aos ciganos, por exemplo”, disse.
Polêmicas à parte, Deneuve e Garrel estão muito à vontade em “Les Bien Aimés”, um filme muito parecido com “Canções de Amor”, que o mesmo diretor, Christophe Honoré, dirigiu em 2007.
O novo filme começa nos anos 60, quando a jovem Madeleine se apaixona por um tcheco e se muda para Praga.
Já nos anos 90, Madeleine - agora interpretada por Deneuve - voltou à França, casou-se com outro homem, mas não resiste a algumas escapadas com o ex-marido.
A filha Vera - interpretada por Chiara Mastroianni, filha de Deneuve com Marcello Mastroianni - vive então os seus próprios conflitos de amor, quando se apaixona por um rapaz gay.
O elenco ainda reúne a francesa Ludivigne Seigner, o americano Paul Schneider e o tcheco Milos Forman - diretor de “Um Estranho no Ninho” (1975), ganhador dos Oscars de filme, ator - Jack Nicholson -, atriz - Louise Fletcher -, diretor e roteiro.
Como em “Canções de Amor”, todos os personagens cantam seus sofrimentos em cena, mas com uma diferença: o primeiro filme foi escrito a partir de músicas que já tinham sido compostas por Alex Beaupain - em “Les Bien Aimés”, Beaupain pegou o roteiro e a partir daí escreveu as músicas.
Getty ImagesO diretor Christophe Honoré - de camisa azul -, a Diva Deneuve e o ator Louis Garrel - à sua esquerda, e o elenco de “Les Bien Aimés”, hoje em Cannes
A Diva francesa adorou voltar a cantar – lembro aqui que um de seus papéis mais famosos e mais lembrados é no musical “Os Guarda-Chuvas do Amor” (1964), de Jacques Demy.
“Cantar é muito liberador, é um meio de expressão para além do natural. Produz um efeito físico imediato, é muito agradável”, comentou.
Musa de “A Bela da Tarde” (1967), a atriz entende as escapadas da personagem.
“Há casais infiéis que são fiéis a eles mesmos. A fidelidade é interessante, mas também muito difícil.”
E comentou uma frase de seu personagem:
“Acredito na vida, e não na felicidade. A frase é justa. A felicidade não é um estado constante; temos apenas momentos de felicidade. Mas a vida é a vida”, filosofou.
Confira o trailer de "Les Bien Aimés":
Ao filmar “Les Bien Aimés”, o diretor Christophe Honoré quis confrontar o amor com a passagem do tempo.
“Comecei a comparar a minha vida com aquilo que eu imagino que foi a vida amorosa dos meus pais nos anos 60. Temos a ideia de que aquela foi a época de ouro das histórias de amor.”
E defendeu o direito de fazer musicais nostálgicos no século 21.
“Nunca acreditei que o cinema foi feito para filmar a vida. Mas ao mesmo tempo, quero que ele seja muito vivo.”
FILME SOBRE GREVE DE SEXO ENCERRA EXIBIÇÕES
O júri do 64º Festival de Cannes começou a deliberar neste sábado, após a exibição do último dos 20 filmes que disputam a Palma de Ouro, e que conta a história de uma aldeia muçulmana no Marrocos onde as mulheres declaram greve de sexo para conseguir água.
"La source des femmes", do cineasta francês de origem romena Radu Mihaileanu, abriu o último dia da competição recebendo aplausos da imprensa, mas também críticas de alguns especialistas, que acharam a história "muito piegas".
Mihaileanu decidiu abordar no filme a questão do machismo, do islamismo radical e das dificuldades da mulher para ter acesso à educação, sendo submetidas ao poder dos homens - após ler uma reportagem no jornal francês Libération.
"Pareceu-me uma história incrível sobre a falta d'água e sobre o que as mulheres estavam dispostas a fazer para consegui-la", disse o cineasta em uma coletiva de imprensa ao final da exibição do filme.
Getty ImagesO diretor Radu Mihaileanu, hoje em Cannes
"Quis contar essa história do nosso tempo, marcada pela mudança climática, as secas, a desertificação. É uma história específica de sucesso numa aldeia do norte da África", acrescentou.
"Mas é ao mesmo tempo uma história universal sobre o precário acesso à educação, o que pode acontecer em qualquer país do terceiro mundo", lamentou.
Confira o trailer de "La source des femmes":
Apesar de não falar o árabe, o cineasta se esforçou para que o filme fosse produzido nesta língua.
"Estava claro que o filme deveria ser contado em árabe para ser autêntico. Passei muito tempo na aldeia de Warielt, numa região montanhosa a uma hora de viagem de Marrakesch. Eu queria mostrar a vida na aldeia, o cotidiano dessas mulheres cheias de luz", explicou.
Questionado acerca das revoluções que recentemente agitaram esta região do mundo, Mihaileanu salientou que vê as mulheres como "geradoras da mudança, da abertura democrática e das conquistas na educação".
"Acredito que muitas mulheres participaram da revolução nas ruas da Tunísia. Elas estão se movendo em busca da direção certa", considerou o cineasta, que em seu filme apresenta uma versão do Islamismo sem radicalismos. "Há um Islã cheio de luz", ressaltou.
COMPETIÇÃO OFICIAL É ENCERRADA
A competição oficial do Festival de Cannes encerrou com a exibição de "La source des femmes".
Os membros do júri oficial, presidido pelo ator Robert de Niro, serão levados para uma mansão e lá ficarão até decidir sobre a Palma de Ouro, o Grande Prêmio, o Prêmio do Júri, as melhores interpretações masculina e feminina, o melhor roteiro e melhor diretor.
Getty ImagesO presidente do júri de Cannes 2011, Robert de Niro, na abertura do Festival
Será também decidido quem levará a Câmera de Ouro, prêmio dado ao melhor curta-metragem, sem falarmos em outros eventuais prêmios excepcionais, que poderão ser concedidos por de Niro.
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Com Reuters, AP e Getty Images
redação Final: Cláudio Nóvoa
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