A maior qualidade do francês Minhas Tardes com Margueritte - que estreia hoje nas telonas brasileiras - é o desempenho excepcional dos seus protagonistas - a lenda Gérard Depardieu e a nonagenária Gisèle Casadesus - simplesmente porque eles tornam absolutamente verdadeiros dois personagens que, fosse em outra obra, cairiam fácil no clichê.
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Gérard Depardieu e Gisèle Casadesus, em cena do filme
Mostrando um tema caro ao cinema - a amizade entre estranhos - o longa, dirigido e roteirizado por Jean Becker a partir de um romance de Marie-Sabine Roger, se aproxima bastante de um dos filmes mais famosos do diretor, Conversas com meu Jardineiro.
Germain - Depardieu - é um "faz-tudo" numa pequena cidade e Margueritte - Gisèle - , uma velhinha apaixonada por livros; a amizade entre os dois surge de um encontro numa praça onde ela sempre se senta para ler, e ele para fazer o seu lanche.
Primeiro, conversam sobre os pombos - Germain dá nome a todos eles - e são capazes de identificar um a um.
Depois, Margueritte sugere compartilhar com ele um romance, e lê em voz alta para Germain "A Peste", de Albert Camus e, a partir daí, a amizade estabelece novos padrões para suas vidas.
Germain é semi-analfabeto - e metralha toda sorte de bobagens verbais sem pensar - mas tem um enorme coração, o que acaba compensando muitas de suas falhas e, assim, se torna a companhia ideal para a vida solitária de Margueritte, que mora numa casa para idosos e recebe visitas bem esporádicas de um sobrinho que vive na Bélgica.
O reflexo da amizade também acontecerá na conturbada relação de Germain com sua mãe, interpretada por Claire Maurier, e Anne Le Guernec, nos flashbacks: Germain nunca conheceu o pai, nem recebeu muita atenção da mãe, situação que só piora com a esclerose da mulher que, mais do que nunca, vê no filho um inimigo, ou algo parecido.
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Depardieu e Casadesus, em outra cena do filme
Aqui, o que há de mais belo é como o filme vai renegando, um a um, clichês até seu final pois, construindo personagens humanos e com dramas verdadeiros, o diretor Becker cria um trabalho delicado e bastante verossímil até o fim, sem ceder ao batido recurso das lágrimas fáceis.
Confira o trailer do filme:
*****
MINHAS TARDES COM MARGUERITTE
Título original:
La tête en friche
Diretor:
Jean Becker
Elenco:
Gérard Depardieu
Gisèle Casadesus
Maurane
Patrick Bouchitey
Jean-François Stévenin
François-Xavier Demaison
Claire Maurier
Sophie Guillemin
Produção:
Louis Becker
Roteiro:
Jean Becker
Jean-Loup Dabadie
Fotografia:
Arthur Cloquet
Trilha Sonora:
Laurent Voulzy
Duração:
Maravilhosos 82 min.
Ano:
2010
País:
França
Gênero:
Drama
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Imovision
Estúdio:
ICE3
Classificação:
12 anos
12 anos
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