O Mestre Bernardo Bertolucci, diretor de filmes como "Antes da Revolução" (1964), "O Último Tango em Paris" (1972), "Novecento" (1976), "O Último Imperador" (1987) e "Os Sonhadores" (2003), chegou a Cannes numa cadeira de rodas - operou a coluna recentemente.
O medo dos organizadores - de que a multidão que se aglomera em torno do tapete vermelho e possíveis perguntas inconvenientes de jornalistas irritassem o cineasta - felizmente foi infundado, mesmo porquê a entrevista que antecedeu a cerimônia de entrega da Palma honorária por sua obra, ontem à noite, foi uma senhora aula de cinema, ministrada por um mestre.
Martin Bureau/AFPO mestre italiano, ontem em Cannes
Bem disposto, o cineasta de 71 anos falou sobre a alegria de receber a Palma pelo conjunto da obra - apesar de ter concorrido por quatro vezes em Cannes, nunca foi premiado - e disse que, apesar das dificuldades físicas, vai realizar um filme em 3D.
Confira os melhores momentos:
"Não foi um júri que me deu este prêmio, mas sim o festival. Estive aqui quatro vezes e nunca ganhei nada. Se me dão este prêmio agora é porque meus filmes, todos juntos, devem merecer alguma coisa" - Sobre receber a Palma de Ouro honorária
"Não sei quem escolheu esse filme. Fico contente porque é um filme que não é visto há muito tempo. Não vi essa cópia ainda, mas confio completamente nos restauradores da Cinemateca de Bologna. Eles são formidáveis. Agora, neste momento, eu me pergunto se alguma Cinemateca, no lugar de restaurar meus filmes, não poderia me restaurar (risos). Gosto de 'O Conformista'. É um filme que envelheceu bem. O personagem principal é um homem que escolhe ser fascista apenas para ser como os outros" - Sobre a exibição de "O Conformista", em cópia restaurada
"Todas as vezes me senti muito gratificado aqui. O primeiro filme que trouxe a Cannes foi 'Páginas da Revolução', que passou na Semana da Crítica. Os críticos italianos tinham assassinado o filme, criticando-o de maneira violenta. E então, aqui, os franceses adoraram. Vem daí minha ideia de que eu deveria ser um cineasta francês. Depois trouxe 'Novecento', que eu achei que não deveria estar em competição porque era um monstro, um filme grande. Não era justo que competisse com filmes menores. Ao fim do festival, o então presidente do júri, o [cineasta] Costa Gravas, me perguntou por que o filme não estava em competição. Disse que teria me dado a Palma de Ouro" - Sobre suas passagens por Cannes
"Quando fizemos 'Novecento' éramos todos jovens. Vamos ver esta noite se ele dirá alguma palavra. Se disser, será um milagre (risos)" - Sobre sua relação com Robert de Niro
"Esse filme só é o que é pela incrível presença de Brando. Ele me deu tanto, tanto... Ao fim do filme, ele não quis me ver por muito tempo. Ele estava fazendo um filme como ele nunca tinha feito antes. Ele colocou ali todas as suas memórias. A essência dele foi para a tela" - Sobre o desempenho de Marlon Brando em "O Último Tango em Paris"
"Essa foi a maior aventura da minha vida. Fui pela primeira vez à China, para pesquisar o país, em 1982. Voltei lá em 1986, 1987 e vi o país mudar. Nas ruas de Pequim, em quatro anos, eu vi, aos poucos, um sorriso surgindo na face dos chineses. Quando penso na China, eu penso no seguinte: esse povo tem 5 mil anos. A cultura chinesa é mais extraordinária" - Sobre a China que conheceu em "O Último Imperador"
"Há seis anos, tive a certeza de que não poderia mais fazer cinema. Eu pensava que era o fim. Mas aí comecei a perceber que meus movimentos são como os de uma boneca. E pensei numa história. E pensei no 3D. Então perguntei: 'Será que não poderíamos ter "8 e 1/2" ou "Persona" em 3D? Comecei a fazer testes e então eu vi 'Pina', do Win Wenders, e soube também da existência do filme do documentário do [Werner] Herzog em 3D. Eles são mais novos, mas vêm da mesma escola de cinema que eu. Então, decidi que vou fazer um filme em 3D. Um filme de uma só locação e três personagens" - Sobre sua volta ao set, agora usando o formato 3D
Cannes 2011 começou bem!
O medo dos organizadores - de que a multidão que se aglomera em torno do tapete vermelho e possíveis perguntas inconvenientes de jornalistas irritassem o cineasta - felizmente foi infundado, mesmo porquê a entrevista que antecedeu a cerimônia de entrega da Palma honorária por sua obra, ontem à noite, foi uma senhora aula de cinema, ministrada por um mestre.
Martin Bureau/AFPO mestre italiano, ontem em Cannes
Bem disposto, o cineasta de 71 anos falou sobre a alegria de receber a Palma pelo conjunto da obra - apesar de ter concorrido por quatro vezes em Cannes, nunca foi premiado - e disse que, apesar das dificuldades físicas, vai realizar um filme em 3D.
Confira os melhores momentos:
"Não foi um júri que me deu este prêmio, mas sim o festival. Estive aqui quatro vezes e nunca ganhei nada. Se me dão este prêmio agora é porque meus filmes, todos juntos, devem merecer alguma coisa" - Sobre receber a Palma de Ouro honorária
"Não sei quem escolheu esse filme. Fico contente porque é um filme que não é visto há muito tempo. Não vi essa cópia ainda, mas confio completamente nos restauradores da Cinemateca de Bologna. Eles são formidáveis. Agora, neste momento, eu me pergunto se alguma Cinemateca, no lugar de restaurar meus filmes, não poderia me restaurar (risos). Gosto de 'O Conformista'. É um filme que envelheceu bem. O personagem principal é um homem que escolhe ser fascista apenas para ser como os outros" - Sobre a exibição de "O Conformista", em cópia restaurada
"Todas as vezes me senti muito gratificado aqui. O primeiro filme que trouxe a Cannes foi 'Páginas da Revolução', que passou na Semana da Crítica. Os críticos italianos tinham assassinado o filme, criticando-o de maneira violenta. E então, aqui, os franceses adoraram. Vem daí minha ideia de que eu deveria ser um cineasta francês. Depois trouxe 'Novecento', que eu achei que não deveria estar em competição porque era um monstro, um filme grande. Não era justo que competisse com filmes menores. Ao fim do festival, o então presidente do júri, o [cineasta] Costa Gravas, me perguntou por que o filme não estava em competição. Disse que teria me dado a Palma de Ouro" - Sobre suas passagens por Cannes
"Quando fizemos 'Novecento' éramos todos jovens. Vamos ver esta noite se ele dirá alguma palavra. Se disser, será um milagre (risos)" - Sobre sua relação com Robert de Niro
"Esse filme só é o que é pela incrível presença de Brando. Ele me deu tanto, tanto... Ao fim do filme, ele não quis me ver por muito tempo. Ele estava fazendo um filme como ele nunca tinha feito antes. Ele colocou ali todas as suas memórias. A essência dele foi para a tela" - Sobre o desempenho de Marlon Brando em "O Último Tango em Paris"
"Essa foi a maior aventura da minha vida. Fui pela primeira vez à China, para pesquisar o país, em 1982. Voltei lá em 1986, 1987 e vi o país mudar. Nas ruas de Pequim, em quatro anos, eu vi, aos poucos, um sorriso surgindo na face dos chineses. Quando penso na China, eu penso no seguinte: esse povo tem 5 mil anos. A cultura chinesa é mais extraordinária" - Sobre a China que conheceu em "O Último Imperador"
"Há seis anos, tive a certeza de que não poderia mais fazer cinema. Eu pensava que era o fim. Mas aí comecei a perceber que meus movimentos são como os de uma boneca. E pensei numa história. E pensei no 3D. Então perguntei: 'Será que não poderíamos ter "8 e 1/2" ou "Persona" em 3D? Comecei a fazer testes e então eu vi 'Pina', do Win Wenders, e soube também da existência do filme do documentário do [Werner] Herzog em 3D. Eles são mais novos, mas vêm da mesma escola de cinema que eu. Então, decidi que vou fazer um filme em 3D. Um filme de uma só locação e três personagens" - Sobre sua volta ao set, agora usando o formato 3D
Cannes 2011 começou bem!
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