terça-feira, 17 de maio de 2011

CANNES 2011: A TERÇA TEVE CHINÊS ERÓTICO EM 3D, IRANIANO LIBERADO, JODIE FOSTER, IMIGRANTES E ALESSANDRA NEGRINI

Confira os destaques da terça (17 de maio) do Festival de Cannes:

ERÓTICO CHINÊS EM 3D FATURA ALTO EM CANNES
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ALEGRIA EM CANNES:MOHAMMAD RASOULOF PODE DEIXAR IRÃ E PARTICIPAR DO FESTIVAL¨
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COM FOCO NOS IMIGRANTES QUE VIVEM NA FRANÇA, "LE HAVRE" ARREBATOU A PLATEIA
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BASEADO EM CANÇÃO DE CHICO BUARQUE, "O ABISMO PRATEADO" É APRESENTADO EM CANNES
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JODIE FOSTER ACREDITA QUE AMIGOS SÃO PARA SEMPRE, E REITERA AMIZADE COM MEL GIBSON
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E agora, curta as matérias, com muita informação, fotos e trailers:


ERÓTICO CHINÊS EM 3D FATURA ALTO EM CANNES

Longe dos holofotes do tapete vermelho, “3D Sex and Zen: Extreme Ecstasy” faz sucesso no mercado de Cannes, porquê está sendo vendido como o primeiro filme erótico em 3D da história do cinema.

Produzido em Hong Kong, passou com folga a bilheteria de “Avatar” no fim de semana de estreia no país - custou US$ 4 milhões e já faturou US$ 7 milhões.

DivulgaçãoO pôster do filme

Baseado num livro da dinastia Ming escrito há 200 anos, “Sex and Zen” mistura comédia pastelão e cenas eróticas inacreditáveis de tão absurdas.

Wei, um discípulo da dinastia, acredita que a vida é curta e deve ser aproveitada com muito sexo, Apaixona-se pela filha de um sábio chinês, mas antes resolve aproveitar a vida.

Duas cenas inacreditáveis: Wei tansplantando seu membro pelo de um cavalo, e um rival que transa com uma de suas discípulas voando pelo ar pendurado por uma corrente, como Tarzan!

O 3D serve como arma de propaganda, mas não muda grande coisa no filme - a não ser talvez no close nos peitos - pequenos - de uma das concubinas.

Confira o trailer do filme:


Mesmo com tema impróprio para salas “normais”, “Sex and Zen” já garantiu algumas vendas no festival.

Depois de estrear em Taiwan, Austrália e Nova Zelândia, em Cannes já foi vendido para distribuidores do Peru, Turquia e Tailândia.


O povo, realmente, adora uma sacanagem diferente, né?



ALEGRIA EM CANNES:MOHAMMAD RASOULOF PODE DEIXAR IRÃ E PARTICIPAR DO FESTIVAL

O Festival manifestou nesta terça (17) a sua "satisfação" com a notícia da autorização de deixar o Irã concedida ao cineasta iraniano Mohammad Rasoulof, que teve sua última obra, "Adeus", exibida em Cannes.

As autoridades iranianas retiraram a proibição de deixar o país imposta ao cineasta de 37 anos, que era mantido em prisão domiciliar por propaganda hostil ao regime, anunciou nesta terça-feira seu advogado.

Getty Images

O diretor iraniano Mohammad Rasoulof

Mas os diretores do Festival ressaltaram que "só ficarão felizes" se a apelação de sua condenação de 6 anos de prisão der resultado.
"Estamos satisfeitos, se for confirmado, que Rasoulof pode vir, e voltaremos a exibir seu filme, mas apenas ficaremos felizes quando seu recurso em apelação e o de Jafar Panahi derem resultado", declarou à AFP o delegado geral do festival,
Thierry Frémaux.

O festival ainda não tem "confirmação" de sua chegada a Cannes, disseram as fontes.

Rasoulof foi condenado a seis anos de prisão em dezembro, junto com seu compatriota Jafar Panahi, de 50 anos - a ditadura iraniana também proibiu Panahi de dirigir filmes por 20 anos, e o diretor iraniano mais conhecido do mundo atualmente permanece em prisão domiciliar em Teerã.

Os dois cineastas apelaram da decisão da justiça, foram liberados, mas não podem deixar o Irã.

Nesta terça-feira, o advogado de Rasoulof, Iman Mirza Zadeh, declarou à agência de notícias Isna que tinha recebido a confirmação oficial de que as autoridades haviam retirado a proibição imposta ao cineasta de deixar o país.

"Adeus", de Rasoulof, foi apresentado no domingo e será exibido novamente se o diretor for a Cannes.

O longa-metragem de Jafar Panahi "In Film Nist/Este não é um Filme" -, filmado "em condições quase clandestinas", deve ser exibido na sexta (20).


COM FOCO NOS IMIGRANTES QUE VIVEM NA FRANÇA, "LE HAVRE" ARREBATOU A PLATEIA

Com o mérito de estar à altura do que se espera dele, o finlandês Aki Kaurismäki apresentou nesta terça (17) em Cannes outra porção do humor estático e do romantismo residual que o caracterizam, mas com um adicional de conteúdo social.

O diretor de "O Homem sem Passado" e "Nuvens Passageiras" concorre pela quarta vez à Palma de Ouro com este filme protagonizado por um engraxate da estação de Le Havre, na França, que, enquanto sua mulher está internada em um hospital, acolhe um adolescente africano perseguido pela Polícia.
"A imigração é um problema muito grande para dar respostas. Tudo vem da colonização e é um pouco tarde para resolver isso, mas se os políticos saíssem de seus quartos de hotel e de seus Mercedes, talvez as coisas começassem a mudar um pouco", disse o mais famoso dos produtores finlandeses.

"Le Havre", embora apresente uma guinada rumo à trama social, se sobrepõe aos gêneros.

Apesar de ser filmado na França e em francês, tudo nele remete à Finlândia, graças ao trabalho de iluminação tênue e parcial e o código de conduta dadaísta dos personagens - o universo de Kaurismäki, mais uma vez, está acima das coordenadas de espaço e tempo.
"A cidade de Le Havre era minha última esperança e a verdade é que é um lugar triste, embora não o suficiente para o que eu queria fazer. Mas era o mais longe que minha cabeça podia estar da Finlândia", explicou em entrevista coletiva o diretor que poderia ser um personagem de seus próprios filmes.

Francois Durand/Getty ImagesO diretor Aki Kaurismäki em Cannes

Em "Le Havre", o cineasta constrói esse microcosmo pausado e cômico no qual, apesar do ambiente gélido, um coração frágil bate dentro de cada personagem.
"Finlândia e Suécia são os únicos países que não poderiam ter sido cenário deste filme, porque ninguém ficaria tão desesperado para ir para lá", afirmou Kaurismäki.

A partir desta observação, a entrevista coletiva se transformou em um tipo de extensão de "Le Havre".

Quando Karuismäki foi repreendido pelo moderador por acender seu cigarro elétrico, disse:
"Não posso apagá-lo, precisaria um cinzeiro elétrico", para em seguida enfiá-lo na boca do lado contrário.

Quando um jornalista começou a perguntar "Te parece irônico...", ele cortou para responder: "Tudo!". E quando acabou a pergunta com um "... que a esperança exista só nos filmes e não na vida?", o diretor ainda contra-atacou: "Se a vida te parece decepcionante terá que perguntar a ela, não a mim".

Confira o trailer de "Le Havre":


Ao lado de Kaurismäki estavam os integrantes do elenco do filme: sua musa habitual, Kati Outinen, que volta a emprestar seu físico de governanta para a heroína romântica, e os atores franceses Jean-Pierre Darroussin - figura carimbada do cinema de Robert Guédiguian - e André Wilms, com o qual volta a trabalhar após
"La Vie de Bohéme".
"O personagem também se chama Marx. É um flerte do filme que ninguém viu com este que ninguém verá", prosseguiu o diretor, que também colocou no elenco a cadela Laika, "atriz canina" de quinta geração.

Com ela e os atores franceses, Kaurismäki não pôde se comunicar abertamente, já que não domina o idioma deles - nem o canino, nem o francês -, mas disse: "Sou burro, mas não idiota" em cristalino português, para depois acrescentar que sabe "reconhecer quando um ator está atuando bem em qualquer idioma".

Mas o cineasta, que já levou a Palma de Ouro com "O Homem sem Passado", volta com vontade de vencer.
"Agora quem fala é o Kaurismäki produtor. O diretor e o roteirista foram pescar. Estou muito contente de estar em Cannes", afirmou.


Ao fim da entrevista coletiva, os presentes aplaudiram quase tanto quanto no próprio filme.



BASEADO EM CANÇÃO DE CHICO BUARQUE, "O ABISMO PRATEADO" É APRESENTADO EM CANNES

O diretor brasileiro Karim Ainouz apresentou nesta terça (17) "O Abismo Prateado", a história de uma separação amorosa inspirada na canção "Olhos nos olhos", de Chico Buarque, na Quinzena dos Realizadores, mostra paralela do Festival.

Violeta - interpretada por uma sensual Alessandra Negrini - é uma dentista moradora do Rio de Janeiro, casada e mãe de um menino de 15 anos.

O casal parece viver bem no novo apartamento que acabou de comprar e a paixão parece estar acesa, uma vez que o filme começa com uma tórrida cena de amor.

Porém, pouco tempo depois um "terremoto" abala a vida de Violeta, quando seu marido - interpretado por Otto Jr - envia a ela de Porto Alegre uma mensagem dizendo:
"Meu amor, já não te amo mais. Sinto que estou sufocado ao teu lado e vou embora para a Patagônia".

O filme conta as 24 horas que se seguem na vida de Violeta, sua peregrinação, seu desespero, seu desejo de partir imediatamente até Porto Alegre para buscar o marido.

A roteirista Beatriz Bracher disse que o filme "não pretende explicar as razões psicológicas da separação. Ele começa com uma forte cena de amor para que logo seja sentida a ausência do homem", explicou.


Já Ainouz falou da canção de Chico Buarque que o inspirou a pensar na história.
"Uma certa noite, quando eu estava num trecho de Copacabana onde o mar bate muito forte e a onda já levou muita gente, notei esse perigo, o abismo", explicou.

"A separação para ela é como um terremoto e a canção é a partida do processo. Talvez dentro de algum tempo, quem sabe daqui a uns 10 anos, será melhor. A personagem da qual trata 'Olhos nos olhos' também é uma mulher abandonada", analisa.

"Chico Buarque é um dos maiores compositores do Brasil, muitas de suas músicas têm a ver com o Rio de Janeiro, onde há esse forte contraste entre a natureza e a civilização. Queria que o Rio fosse como um personagem, como um espelho da personagem de Violeta", considerou.

"Venho do Nordeste do Brasil, onde existe uma estrutura matriarcal muito forte, uma vez que muitos homens abandonam suas mulheres. Queria falar dos maridos que se vão. Este me parece ser um tema muito importante para as mulheres brasileiras", acrescentou.

Na sua solidão, Violeta se encontra com um jovem pai e sua filha, abandonados pela mulher.
"Isso a faz sair de dentro de si mesma e se dar conta de que outras pessoas vivem a mesma situação que ela", afirma o diretor.

Alessandra Negrini disse que "a separação ocorre após uma ligação telefônica, só se escuta a voz, enquanto a canção de Chico Buarque entoa algo como 'se voltar e olhar nos meus olhos, verá que terei rejuvenescido".

"O importante para mim era entrar nesse estado de espírito da mulher abandonada, onde não há um enredo, tudo se dá através da emoção, do sentimento",
afirmou a atriz.

Numa das cenas do filme, vê-se Violeta dançando sozinha em uma boate ao som da música "Maniac", da trilha sonora de Flashdance.

"Esta música acessa a memória, é uma música muito importante para a nosaa geração. E quando Violeta a escuta, entra como que em um transe, como se acessasse uma época de 15 anos atrás, da última vez em que foi a uma boate", disse Ainouz.


JODIE FOSTER ACREDITA QUE AMIGOS SÃO PARA SEMPRE, E REITERA AMIZADE COM MEL GIBSON

No pior momento da carreira de Mel Gibson, sua amiga Jodie Foster o dirige em
"Um novo despertar", filme apresentado nesta terça (17) fora de competição em Cannes e onde o ator australiano faz um 'striptease' emocional, com seu personagem deprimido que encontra salvação em um fantoche de castor - daí o título original, "The Beaver".

"O castor é um animal que constrói coisas e depois as destrói",
explicou Jodie em entrevista coletiva, um paralelo vivido por Gibson na atualidade - o ator construiu um duradouro estrelato em Hollywood e agora parece empenhado a jogar por terra o prestígio conquistado com sua vida pessoal.

"Para este personagem não pensei em mais ninguém. Mel é alguém que entende o humor, a luz e o encantamento do personagem, mas também conheço profundamente sua luta para continuar em frente", afirmou Foster, que no filme também interpreta a esposa do protagonista - a obra tem também os talentos juvenis de Jennifer Lawrence e Cherry Jones.

Essa mudança será, ao menos, curiosa, já que o empresário de sucesso que está imerso em uma depressão há dois anos, começa a recuperar o entusiasmo pela vida ao comunicar-se única e exclusivamente - inclusive durante suas relações sexuais - por meio do castor fantoche.

Getty Images






A diretora se mostrou radiante e feliz no festival francês após o fracasso registrado nos Estados Unidos, onde arrecadou apenas US$ 300 mil desde o dia da estreia em 6 de maio.

Confira o trailer de "Um Novo Despertar/The Beaver":


Para "salvar" Mel Gibson após seus problemas com álcool e suas polêmicas declarações antissemitas, Jodie Foster aplicou a medicina que com ela funciona muito bem em seu amigo.
"Os filmes são para mim uma viagem de sobrevivência. Para mim é difícil admitir que algo me incomoda. Os filmes são uma forma de tratamento emocional e intelectual", explicou.

“Mel influenciou na má bilheteria”, admitiu Jodie.
“Mas não me preocupei com a vida pessoal dele. Mel sempre foi o primeiro na minha lista para o papel”.

Desde julho do ano passado, o ator é acusado de agredir sua ex-namorada, Oksana Gregorieva e, em março último, ele decidiu se entregar à polícia para ser fichado e interrogado – na mesma noite em que “Um Novo Despertar” estreava num festival de cinema americano.

Pelo mesmo motivo, Gibson não participou da coletiva de imprensa - segundo a produção do filme, ele tinha compromissos em Los Angeles, mas chegará a tempo para a sessão de gala na noite desta terça.
“Mel virá sim. Ele não vai falar, mas virá”, admitiu Jodie, sorrindo.

Mesmo com a vida turbulenta, Gibson tem uma boa atuação em “Um Novo Despertar”, e, em seu terceiro filme como diretora, Foster faz uma aposta arriscada: Walter Black, o personagem de Gibson, é um executivo que entra em crise de depressão, se recusa a se comunicar com a família e passa a falar através de um fantoche de castor que achou no lixo e que nunca mais tira de sua mão.

Poderia ser ridículo, mas Jodie segura bem o tom do drama familiar, e se mostra uma amiga dedicada.
“Mel é um amigo de muitos e muitos anos. Nunca trabalhei com alguém que fosse mais adorado pelos colegas em Hollywood. É um homem complexo, e leva isso pro seu trabalho. Acho que ele queria muito mostrar esse seu lado na tela.”

Mas, como boa amiga e colega, não culpou só Gibson pelo fracasso.
“É um filme especial. Não foi feito para agradar todo mundo. Tenho que ficar feliz só pelo fato de ter feito um filme que amo. Eu não sou a bilheteria do meu filme”, desabafou.

“Um Novo Despertar”, segundo ela, aborda a depressão, mas quer trazer outros temas.
“Não é um filme sobre a doença da semana. Fala sobre perda, a relação entre pais e filhos, a necessidade de conexão de todo ser humano. Os filmes que falam sobre só doença ficam melhor na TV do que no cinema.”

No ano que vem, Jodie volta como atriz no novo filme de Roman Polanski,
“Deus da Carnificina”,
e depois deve contracenar com Matt Damon e Wagner Moura em “Elysium”, ficção científica do mesmo diretor de “Distrito 9”, Neill Blomkamp.

Jodie Foster
é uma das personalidades de Hollywood que mais admiro, Mel Gibson é um bom ator e, pelo trailer e a receptividade da obra no Festival, parece que vem coisa boa aí.

Vamos aguardar.

Em tempo:
Como previsto pela diretora, "Um Novo Despertar" pode mesmo ser mais bem-sucedido na Europa.
Ele começou sua trajetória no continente sendo aplaudido de pé por dez minutos em Cannes, na noite desta terça (17), segundo o Hollywood Reporter.
Algumas das pessoas próximas a Foster estavam chorando ao fim da sessão.
Mel Gibson, que não compareceu à coletiva de imprensa e nem esteve presente para a foto oficial do filme, apareceu à noite para a sessão - conforme a diretora tinha prometido - mas o ator, muito elogiado no Festival por sua performance, não falou com jornalistas.

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Com Folha de S.Paulo, AFP, EFE, UOL e Getty Images

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