domingo, 16 de janeiro de 2011

SUMMER SOUL FESTIVAL: MAYER HAWTHORNE, JANELLE MONAE E AMY WINEHOUSE EMBALARAM SP

A primeira edição do Summer Soul Festival, que começou na capital catarinense e passou pelo Recife, terminou em São Paulo com pouco atraso entre os shows, problemas nos bares internos - como falta de bebidas, principalmente cerveja - e dificuldades na saída para deixar a Arena Anhembi - eu, que moro ao lado, demorei mais de uma hora para chegar em casa.

Os brasileiros Miranda Kassin & André Frateschi, e a banda Instituto subiram primeiro ao palco, mas foram vistos por poucos, ainda no final da tarde de sábado.

Mas o som foi de primeira, e Frateschi sabe como prender a atenção do público.

Gostei.

Quem abriu a programação internacional do festival foi Mayer Hawthorne, um elegante rapaz de Michigan, cheio de suingue.

Soulman afinado, Mayer aqueceu o público que pouco conhecia sua escassa discografia de apenas um álbum, "A Strange Arrangement", de 2009.

Entre uma canção e outra, como "Maybe So, Maybe No" e "Just Ain't Gonna Work Out", Mayer contou a história de quando foi confundido no aeroporto de Florianópolis, na semana passada, com o ator Tobey Maguire, e falou sobre uma namorada.

Desconhecido por parte da multidão, o simpático Mayer conseguiu entreter e pediu aplausos, não para ele, mas para o próprio público.

Fez boa figura.

COTAÇÃO DO KLAU:
Logo depois, Janelle Monae deu ao público do festival um espetáculo teatral, montado em cima de seu álbum conceitual indicado ao Grammy, "The ArchAndroid".

O show da voz revelação tem poucas pausas entre as músicas - como seu disco - ocupadas com dança, dramaturgia, artes plásticas e imagens de "Metropolis" (1927), de Fritz Lang, e cenas de "Guerra nas Estrelas"(1977), de george Lucas, no telão.

Ao vozeirão de Janelle somaram-se influências diversas que vão do soul e R&B ao hip-hop, funk e rock and roll, que ela cantou em músicas como "Dance or Die", "Faster", "Locke Inside", "Cold War" e "Tightrope".

Elétrica e com um visual característico - a nêga tem um inconfundível topete - ela se jogou no chão e saiu descabelada do palco, e, mesmo com pouca melodia para cantar, e abusando dos excessos, Janelle fez um espetáculo sob medida para grandes palcos e plateias.

COTAÇÃO DO KLAU:
Confira trechos do show de ontem:


Nessa altura, só faltava a imprevisível Amy Winehouse no palco da arena Anhembi.

A Diva britânica é uma bomba de sentimentos e atitudes excessivas prestes a ser detonada, mas em seu último show da turnê brasileira, Amy transformou seu universo tão intenso em um mundo de poucas emoções.

Flávio Florido/UOLAmy Winehouse ontem à noite, na Arena Anhembi em SP

Distante ao cantar uma vida de desilusões e derrotas, ela encerrou neste sábado (15), um ciclo de cinco shows numa única semana - fato inédito em sua carreira.

Em pouco mais de uma hora, Amy dividiu com cerca de 30 mil pessoas um coração dolorido em melodias inebriantes e letras autobiográficas.

Das dez faixas do disco "Back To Black" apenas uma - "He Can Only Hold Her" - ficou de fora.

Do seu primeiro álbum, "Frank" (2003), "I Heard Love Is Blind" entrou para preencher o repertório, que incluiu sua regravação de "Valerie", do Zutons, a versão tango para o clássico dos anos 30 "Boulevard of Broken Dreams", e um cover de "Stagger Lee", de Lloyd Price.

Reconstruindo sua carreira após um hiato de dois anos em um inferno particular que alcançou dimensões exageradas graças à mídia, Amy ainda não mostrou voz em sua melhor forma: precisou dos afinados cantores de apoio para moldar suas canções durante quase toda execução.

E nos momentos em que mais expressava sua voz era fácil cantar, tão fácil que ela aparentemente não sentia as lástimas que entoava: com o olhar vazio, e alheia à mensagem que passava, Amy permaneceu no automático.

Até mesmo a mais dramática de suas composições passou como uma canção leve por ela, como um "nem confiança" a seu passado tão recente.

De poucas palavras, a tímida e sorridente cantora, que reencarnou com talento memórias envelhecidas da música pop negra de 40 anos atrás, se limitou a entregar largos sorrisos à multidão e a manter o bom humor ao tropeçar em algumas frases e compassos.

Sua maior interação foi quando apresentou toda a competente banda, e cedeu um momento solo a cada músico: o performático Zalon Thompson, seu "boy" - como o apresentou ao público - ganhou atenção especial e assumiu o vocal principal de "What a Man Going to Do" e "The Click".

Pelo público, Amy foi recebida como um mito da nova geração: fãs dedicados - que vibravam a cada destreza vocal que superava em sua performance -, e uma plateia afoita por consumir a imagem de seu processo de autodestruição - que a aplaudia todas as vezes que ela coçava o nariz ou levava à boca uma caneca cheia de algum líquido que usava ainda para gargarejar - dividiam o mesmo espaço.

Com uma hora de show, Amy saiu de cena, deixando sua banda encerrar "You Know That I'm No Good", cantada em coro pela multidão.

Para surpresa da plateia, que já se dispersava pelo local, a cantora trouxe seus músicos de volta ao palco para um bis: além de "Me And Mr. Jones", Amy cantou "Love is a Losing Game", completando uma espécie de experimentação do que pode trazer de volta ao seu público com um possível reestabelecimento de sua carreira.

Se para ela o amor é um jogo perdido, ao menos sua primeira turnê brasileira foi uma partida vencida.

Que ela, sua vida e sua voz continuem assim.

COTAÇÃO DO KLAU:



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