segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

SAIU O SILVIO SANTOS, ENTROU A OPHAH

Pessoal:

Quero aproveitar o primeiro "País Puteiro" de 2011, para desejar a você, que me vê ou me lê agora, um excelente ano novo.

E 2011 começou com Dilma Rousseff, no seu discurso de posse, no último sábado, destacando o "significado histórico" de ser a primeira mulher presidente do Brasil: "Venho para abrir portas".

No final, se emocionou ao lembrar dos que estiveram com ela na luta armada contra a ditadura militar: "Muitos da minha geração, que tombaram pelo caminho, não podem compartilhar a alegria deste momento. Divido com eles essa conquista, e rendo-lhes minha homenagem".

Na abertura, o elogio da condição feminina, projetando o futuro; no encerramento, a memória dos radicais da sua geração, reparando o passado: foi o molde que Doutora Dilma - e agora vou passar a chama-la sempre assim em homenagem ao estupendo jornalista Elio Gaspari - escolheu ao vestir a faixa presidencial.

Nem por isso a nova presidente se desviou do seu eixo pragmático.

O discurso passou em revista a pauta já conhecida do "melhorismo" - o que já fizemos e o que ainda falta fazer - tudo com bom senso e equilíbrio, sem rancores nem radicalismos.

O destaque, como ela já tinha prometido, ficou reservado ao combate à miséria: "A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema".
Afinal, é um governo "de esquerda".

Se Doutora Dilma começou bem, o ex-presidente Luiz Inácio poderia ter terminado sua passagem pelo planalto em companhia melhorzinha, né?

O presidente do senado, coroné Sarney, foi o convidado de honra para acompanhar Luiz Inácio no avião de Brasília até São Bernardo do Campo, um ato oportunista e patético.

Um dinossauro populista e retrógado, criado nos porões da ditadura, travestido de democrata-presidente do congresso nacional deu posse a Doutora Dilma, e foi prestigiado horas mais tarde no ABC por Luiz Inácio.

Afinal, este é o Brasil.

Ainda no sábado, muitos observaram a abordagem menos emocional dos discursos da nova ocupante do Palácio do Planalto em comparação ao seu antecessor.

O agora ex-presidente comportou-se como uma estrela pop durante a maior parte de seus dois mandatos.

Sua origem humilde, a pouca educação formal, e o fato de ser o primeiro operário a ter ocupado a presidência da República, deu ao Luiz Inácio uma certa licença para transgredir protocolos, e petistas e puxa sacos sortidos passaram a enxergar como normais as suas grosserias, seus discursos sem noção e suas piadinhas sem graça.

Críticas, mesmo as mais leves, eram interpretadas como puro preconceito.

Essa blindagem em torno do petista impediu maiores repercussões, quando, num evento recente, ele sugeriu que um repórter fosse se tratar ; disse o sem noção: "...quem sabe fazer uma psicanálise".

Esse foi apenas um exemplo das muitas grosserias indesculpáveis de Luiz Inácio.

Para que se possa medir o tamanho da grosseria, imagine qual seria o impacto se Barack Obama nos EUA sugerisse em uma entrevista que um jornalista procurasse um médico;
teria de passar pelo constrangimento de se desculpar em público.

Desde a sua eleição e até a posse, no sábado, Doutora Dilma seguiu de forma obstinada o figurino traçado.

Não produziu ações fora do estabelecido pela liturgia do cargo, e parece pretender conferir à presidência mais dignidade, serenidade e nobreza, o que é altamente positivo.

A função de presidente da República exige do seu ocupante muito mais que a capacidade de se comunicar com as massas como se o Planalto fôsse o SBT, e o povo brasileiro as colegas de trabalho do Silvio Santos.

Afinal, se até a Hebe não aguentou e puxou sua limusine - chique, a Diva jamais "puxaria o carro" - um pouco de simancol fará bem ao país e à política.

Até segunda!

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E você pode conferir essa coluna em vídeo HD, já postado no YouTube e no Facebook:

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