O compositor britânico John Barry foi laureado com cinco prêmios Oscar por diferentes trilhas sonoras, mas ficou conhecido pelo grande público como o autor de trilhas musicais e de músicas inesquecíveis para 11 dos 22 filmes de James Bond.Barry começou a dar forma ao inconsciente musical coletivo da saga Bond em "Moscou Contra 007" (1963) - no ano anterior, ele já havia feito arranjos para a trilha de "O Satânico Dr. No", filme inaugural da série.
Barry nasceu em 1933 em York, norte da Inglaterra, e numa entrevista há quase dez anos contou ter testemunhado os efeitos dos bombardeios nazistas de 1942 sobre a cidade inglesa - experiência que teria um profundo impacto na sua música.
"Tenho uma forte atração por temas que lidem com a perda", disse ele, comentando seus trabalhos para o cinema.
"Entre Dois Amores" (1985), "Dança com Lobos" (1990), "Em Algum Lugar do Passado" (1980) - todos esses filmes são sobre uma sensação de perda. Não sei se isso vem da Segunda Guerra Mundial. Isso deixa uma marca, não sei como poderia não deixar."
Barry estudou piano clássico, mas logo foi seduzido pelo jazz e aprendeu trompete.
No final da década de 1950, formou um septeto com o seu nome, e chamou o guitarrista Vic Flick - autor dos clássicos acordes que identificam o personagem James Bond, e que depois foram desenvolvidos pelo também compositor inglês Monty Norman, e que se transformaram no "The James Bond Theme", eleita pela BBC como uma das músicas mais conhecidas do mundo, em todos os tempos.
Nessa eleição, uma música composta por John Barry também foi muito votada: "Goldfinger" - composta para o filme do agente 007 em 1964 - é ainda hoje incensada pelos bondmaníacos - eu inclusive - como a mais perfeita tradução sonora de James Bond.
Relembre "Goldfinger", na voz da Diva que a imortalizou, a inglesa Shirley Bassey:
Barry começou a fazer arranjos para cantores numa série de TV, e estreou no cinema com a trilha de "Beat Girl" (1960).
Ganhou Oscars por "Dança com Lobos" (1990), "Entre dois Amores" (1985), "O Leão no Inverno" (1968), e "A História de Elza" (1960), "Perdidos na Noite" (1969) e "Cotton Club" (1984).
Recebeu também quatro Grammy e uma homenagem da Bafta - Academia Britânica de Artes Cinematográficas e Televisivas - em 2005.
John Barry morreu no domingo (30), aos 77 anos, segundo nota divulgada pela família por intermédio da EON Procuctions - responsável pela produção de todos os filmes da saga Bond.
Ele deixa a esposa Laurie, com quem foi casado por 33 anos, além de quatro filhos e cinco netos.
A causa da morte não foi divulgada, mas a BBC informou agora a pouco que ele sofreu um ataque cardíaco.
O enterro será fechado ao público, e uma cerimônia em memória de Barry está prevista para dentro de alguns meses.
Grande compositor, grande maestro.
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