quarta-feira, 17 de março de 2010

ZÉ BONITINHO, O "PERIGOTE DAS MULHERES", FAZ 50 ANOS!

O ator Jorge Loredo nasceu em 7 de maio de 1925, na cidade do Rio de Janeiro.
Adolescente, tinha muitas dúvidas sobre qual profissão iria seguir, mas já sabia que gostava de teatro.

"Garotas do meu Brasil varonil: vou dar a vocês um tostão da minha voz...!"

O ator Jorge Loredo

Trabalhava num banco e estudava Direito, quando viu um anúncio em um jornal que mudou a sua vida.

"Câmera, close! Microfone, please! Está chegando o perigote das mulheres"

O anúncio chamava para uma seleção de candidatos ao Teatro do Estudante de Paschoal Carlos Magno.

Foi lá, e se inscreveu-se no teste para comédia -e foi o único a fazer um monólogo de riso.

Gostaram tanto da sua apresentação, que ele foi selecionado.

"Zé Bonitinho, aquele que não é chuveiro, mas adora deixar as mulheres molhadinhas."
Temendo o desemprego como artista, continuou os estudos e formou-se em direito em 1957, trabalhando como advogado especializado em previdência social e direito do trabalho durante todo o tempo de carreira.É o advogado preferido dos artistas, quando eles buscar a aposentadoria.

"Zé Bonitinho, aquele que não é vaga de estacionamento, mas a mulherada está sempre disputando."

O primeiro filme em que Loredo apareceu foi "Um caso de Polícia" (1959). Em 1960, contracenou com Ankito em “Sai Dessa Recruta”, onde fazia um recruta doido, que ficava preso e tinha delírios dentro da prisão. Fez a seguir “Testemunhas Não Condenam” (1962), de Zélia Costa, e “A Espiã que Entrou Numa Fria!” (1967), com Agildo Ribeiro, e direção de Sanin Cherques. “Sem essa, Aranha” (1970, de Rogério Sganzerla é considerado o seu melhor filme. Apareceu ainda em “O Abismo” (1977)- também de Sganzerla - e “Tudo Bem” (1978), de Arnaldo Jabor.

"Zé Bonitinho, aquele que não é telefone, mas quando a mulher pega, não larga mais."

Seu primeiro personagem famoso não tem nome! O mendigo aristocrata e filósofo que surgiu no fim dos anos 50 na TV Rio, no programa ‘Rio Cinco Para as Cinco’, durante a tarde.

Foi a sua mãe - de Loredo! - quem deu a dica para ele imitar um mendigo elegante que, na sua infância, ia à sua casa. Ele exigia mesa montada na garagem e toalha de renda. Era um mendigo que se vestia como um inglês, todo rasgado, mas usava monóculo e luvas. O figurino foi tirado de um filme de Charles Laugthon, onde o ator britânico fazia o papel de um mendigo aristocrata.

O personagem fez um sucesso absurdo, tanto que o ex-presidente Juscelino Kubistcheck foi o padrinho de casamento de Loredo por causa do bordão com que ele terminava o quadro do mendigo: ‘agora vou encontrar com aquele menino, o Juscelino...’.

"Zé Bonitinho, aquele que não é sal grosso, mas tá sempre em cima de uma carne seca."

Depois, o personagem apareceu no programa “Praça da Alegria” - de Manoel da Nóbrega, a quem se dirigia com “como vai, meu nobre colega?”.

E os tipos foram aparecendo: um italiano que não podia ver televisão porque queria quebrá-la, o profeta Saravabatana que andava com uma cobra que dava consultas a mulheres, e o professor de português que tinha a voz do Ary Barroso.

"Zé Bonitinho, aquele que não é barata embaixo da pia, mas a mulherada quando vê, logo se arrepia."

E foi exatamente a cinquenta anos é que chegou na vida de Jorge Loredo o seu personagem mais famoso, o

Zé Bonitinho.

Jorge Loredo, na pele de Zé Bonitinho, "o perigote das mulheres"

O personagem surgiu de uma imitação que Loredo fazia de um colega de adolescência, o Jarbas - conhecido como ‘o perigote das mulheres’, e que ficava se olhando nos espelhos dos bares, dizendo “Alô, Garota” e cantando ‘Strangers in the Night’. Ele se gabava de conquistar todas as mulheres.

"Zé Bonitinho, aquele que não é o Chapolin, mas também tem uma marreta biônica."

O irresistível Zé Bonitinho é dono de bordões inesquecíveis - sempre ditos com a voz grave dos conquistadores e que você vê espalhados por essa postagem, em destaque, letras grandes na cor laranja.

Ostentando um enorme topete, imensos óculos escuros e um bigodinho finíssimo, Zé Bonitinho caminha com requebros e trejeitos de galã hollywoodiano. Inclusive o personagem foi utilizado no cinema por Rogério Sganzerla em "Sem Essa, Aranha" e "O Abismo”.

Zé Bonitinho marcou definitivamente a carreira de Loredo, a tal ponto que ainda hoje é confundido com o personagem. "Houve uma época em que me incomodava ficar tão preso a ele. Até que um amigo me disse: "Chaplin morreu Carlitos, Mario Moreno morreu Cantinflas, e você vai morrer Zé Bonitinho". Então, paciência, né...".


O YouTube está recheado com atuações memoráveis de Loredo como Zé Bonitinho por todos os programas por onde o personagem passou, e algumas entrevistas. Algumas atuações, muito boas, são da década de 60.

Separei para essa postagem uma cena da "A Praça é Nossa", onde ele contracena com uma surpreendente Kelly Key:


Em 2003,Loredo foi convidado pela atriz Andréa Beltrão para atuar na peça infantil “Eu e Meu Guarda-Chuva”, e foi ovacionado pelas crianças da platéia.

Em 2005 ganhou o documentário “Câmera, Close!” do produtor musical Tito Lopes, e da jornalista Susanna Lira. O documentário envolveu um livro, um especial para TV e um curta-metragem. Imagens de arquivo de cinema e TV e recursos de computação gráfica também fizeram parte do documentário, muito, muito bom!

"Minha beleza é mais absurda que a minhoca, não tem pé e nem cabeça."

Em 2006, o ator voltou ao cinema em um curta-metragem dirigido por Selton Mello, "Quando o Tempo Cair". Por esse trabalho, Jorge Loredo foi premiado com o troféu Marlin Azul, por sua volta ao cinema após 28 anos, no 13º Vitória Cine Vídeo. Em 2008, atuou ainda em “Chega de Saudade”, de Laís Bodanzky, e da série de TV “Alice”.

Prestes a completar 85 anos - em 7 de maio - Loredo continua atuando com prazer, mas não é em tom de piada que afirma ser um comediante por acidente.

Ele conta que, até a idade adulta, sua vida mais parecia um dramalhão mexicano do que uma chanchada da Atlântida (influência confessa de seu trabalho).

Ainda criança, machucou seriamente a perna esquerda. A dor constante, só curada na década de 70, fez dele um garoto introvertido e tristonho.

Apesar do meio século de convívio com Zé Bonitinho, Loredo conta que nunca foi galanteador. Depois de três casamentos, vive hoje com uma companheira, e se diz um homem recatado. "O artista só pode representar aquilo que não é, no máximo aquilo que gostaria de ser. Se tivesse algo do Zé, não faria o personagem."

Confessa, no entanto, que já recebeu muitas cantadas por causa do personagem. Certa vez, depois de um show, uma fã convidou-o para uma noitada, mas com uma condição: que fosse de Zé Bonitinho. "Claro que não fui, né. Já imaginou, o Bonitinho e eu dividindo a mesma mulher no motel?", ri.

"Zé Bonitinho, aquele que não é Ave Maria, mas também é cheio de graça."

Hoje, está no elenco do programa "A Praça é Nossa", no SBT, onde o Zé Bonitinho é, sem dúvida, um dos destaques.

Que Deus continue protejendo você, grande Jorge Loredo.

E obrigadíssimo por todos esses anos de bom humor e alegria.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sempre...gostei muito do Personagem Zé Bonitinho...lembro que enquanto criança comprei um caderninho que a capa era ele,,e quando ele aparece na telinha deixo o que estou fazendo para assisti-lo....hoje mesmo morri de rir no quadro em que ele aparece com o nosso Chico na escolinha...muito obrigado Jorge Loredo (Zé Bonitinho)por muitas risadas.Deus Abençoe você.

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