foto: divulgação
logo do festival
Criado em 1992, os encontros, cursos, palestras, oficinas ligadas ao teatro e espetáculos que já passaram pelo festival já foram vistos por mais de 1,5 milhão de pessoas.
Nessa edição, a mostra principal recebe 27 espetáculos selecionados pela curadoria do evento.
foto: divulgação
Essa edição parece ter se reaproximado de seu próprio lema: ser uma espécie de "vitrine" do teatro brasileiro - ou, ao menos, do teatro produzido nas regiões Sul e Sudeste do país.
Como em outros anos, ainda faltam na programação da Mostra Oficial do evento opções de espetáculos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o que para mim ainda soa como inconcebível.
Para compensar a edição passada, em que nem mesmo Rio ou São Paulo foram bem representados, este ano o festival apresenta uma seleção robusta, que abre o leque para linguagens variadas.
Segundo o diretor geral do festival, Leandro Knopfholz, "as restrições" da programação anterior foram reflexo da crise econômica mundial.
O festival não paga produção de espetáculos, apenas cachês para montagens alheias.
Seu orçamento este ano fechou em R$ 3,2 milhões -no ano passado foram R$ 2,4 milhões.
Mesmo com esse orçamento ínfimo, a curadoria conseguiu trazer um ótimo espetáculo internacional: "Dulcinea's Lament", que vem do Canadá, é uma espécie de exercício cênico multimídia, com a musa de Don Quixote, personagem de Miguel de Cervantes, no centro de uma narrativa.
E como destaque, a produção carioca "Um Navio no Espaço ou Ana Cristina César" faz também incursão digital com vídeo. A cenografia de Fernando Mello da Costa trabalha projeções sobre uma espécie de coleção de livros. Quem dirige o espetáculo - sobre obra da poetiza Ana Cristina César, que se matou aos 31 anos - é o maravilhoso Paulo José.
O festival também se caracteriza pelas estréias: nesse ano,seis espetáculos estreiam durante o evento, a exemplo de "Música para Ninar Dinossauros", de Mário Bortolotto, e "Travesties", da Companhia de Ópera Seca, que retorna ao festival depois da problemática participação no ano 2000.
Naquele ano, Gerald Thomas, diretor da companhia, parou a apresentação do espetáculo "Tragédia Rave" para fazer um discurso/pití contra a (des)organização do evento.
A companhia, de qualquer forma, vai ao evento encabeçada não por Thomas - ainda bem! - , mas por um de seus parceiros de longa data, o diretor e iluminador Caetano Vilela. A linguagem do grupo permanece na esfera dos beckettianos, tecendo imagens num terreno do absurdo, para repaginar texto do britânico Tom Stoppard.
Para o produtor Roberto Malta, esta edição ainda traz um outro recorte curatorial que considera "surpreendente". "Fizeram escolhas populares, mas sem vulgaridades", diz. "Notei a presença de farsas, que fazem rir, mas também levam o espectador a uma reflexão." O produtor cita como exemplo a "Farsa da Boa Preguiça", de Ariano Suassuna. Também chama atenção para os musicais e revistas, gêneros que ganharam força no Rio.
A curadora Tânia Brandão distingue o teatro carioca como "mais irreverente" e "menos experimental" do que o paulista. Também avalia a mostra como representação de um cenário inflado por políticas culturais. "O teatro brasileiro está mais profissional, ainda que não tenha perdido as boas características do artesanato."
As produções menores, por tradição, ficam no Fringe, que este ano divide sua programação de 358 espetáculos por gêneros, em espaços diferentes. A mostra paralela ganha ainda, pela primeira vez, dois espaços com seleção de curadores.
Se você tiver disponibilidade, ou se você morar em Curitiba, vá!
O programa completo com horários, locais das apresentações e preços pode ser verificadas no site oficial do evento: www.festivaldecuritiba.com.br
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