Teses de mestrado, geralmente são uma das coisas mais chatas de terceiros lerem, já que tudo o que está contido nelas interessa muito mais ao mestrando, aos orientadores da tese e da banca examinadora, do que nosotros.De minha parte, de uns anos para cá, procuro encarar essas leituras muito específicas como contribuições importantes à sociedade e às pessoas.
E foi assim que virei um leitor asíduo de teses de mestrado, principalmente relacionadas aos temas dos quais eu mais gosto, como biografias, novas descobertas científicas, orgulho, diversidade e direitos humanos - selo dessa postagem.
Acabei ontem à noite de ler mais uma tese de mestrado transformada em livro - e com direito a uma festiva noite de autógrafos na Livraria da Vila em 11 de dezembro último.
Eu, pegando autógrafo da autora, no último dia 11.12A autora - Vanda Nascimento - foi minha psicóloga anos a fio.
Pegou esse que vos escreve só o pó da rabiola, e o devolveu à sociedade muito mais consciente, responsável e humano. Isso não tem preço algum nessa vida que pague, e eu sou e serei eternamente grato à Vanda por isso.
AIDS E DIREITOS HUMANOS - PRÁTICAS SOCIAIS EM SITUAÇÕES DE DISCRIMINAÇÃO é uma tese escrita de forma segura e consistente, onde a autora - que dedicou 14 anos de sua vida no atendimento público e gratuito do HC/SP - contextualiza, historifica e aborda, de maneira clara e objetiva, toda a discriminação, estigmatização e sofrimento pelo qual os soropositivos passaram, e surpreendentemente, ainda passam hoje, em pleno ano de 2010.
Vanda demonstra que a discriminação em relação aos portadores do HIV é uma coisa muito mais complexa do que a maioria dos mortais pensa, e que essa carga emocional interfere diretamente na prevenção à infecção, e no cuidado aos soropositivos.
Ela acontece, na sua grande maioria, de forma velada, sutil, sem que a vítima - já fragilizada, ou pelo diagnóstico ou pelas doenças oportunistas - na maioria das vezes consiga provar que foi discriminado.
A autora prova - com pesquisas e entrevistas - que a discriminação ao portador do HIV ocorre na família, no trabalho, na comunidade, e nas relações amorosas.
Muitas vezes, os soropositivos são discriminados em lugares onde nunca deveria ocorrer, como nos serviços de saúde,com médicos, enfermeiros e recepcionistas despreparados - e que quebram na maior cara de pau suas éticas, ao revelar a sorologia dessas pessoas a terceiros, sem o consentimento dos pacientes que chegaram até eles confiando na ética e no sigilo do diagnóstico, numa das mais clássicas maneiras de discriminação.
Vanda aborda ainda a abominável falta de caráter, decência e ética dos famigerados médicos peritos do INSS, que na maioria das vezes não encostam no soropositivo - que já chega lá fragilizado, e passou anteriormente pela demora na marcação da perícia pelo INSS -, pedem que eles se mantenham à distância, e nem se dão ao trabalho de ler os laudos médicos que os pacientes trazem dos serviços de saúde onde se tratam, laudos esses que são completos, com todos os Códigos Internacionais de Doença e atestam fielmente a situação clínica do paciente e mostra que eles estão aptos a receber o Auxílio Doença.
Como complemento, digo aqui que os soropositivos se constituem atualmente no maior número de excluídos do Auxílio Doença do INSS, já que os despreparados médicos peritos dizem, na maioria das vezes, que "Aids, hoje em dia, não mata mais ninguém, e você está apto para trabalhar".
A obra procura entender os caminhos dessa discriminação, e de como os soropositivos podem recorrer à Justiça e outros meios, na busca pelos seus direitos civis e humanos aviltados, bem como entender as razões de não recorrerem, seja pela desinformação ou medo de ter a sua sorologia revelada, entre vários outros fatores.
Uma grande obra, escrita por uma grande mulher e profissional.
Capa do Livro
Obra: Aids e Direitos Humanos - Práticas Sociais em Situações de Discriminação
Editora: Juruá
Páginas: 229
Quanto: R$ 47,40 - nas Livrarias Cultura e da Vila
A Autora: Vanda Lúcia Vitoriano do Nascimento é Doutora em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP; Psicóloga pela Universidade de Fortaleza; membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Práticas Discursivas e Produção de Sentidos da PUC/SP; membro da Diretoria Nacional da ABRAPSO, entre outras láureas
AIDS E DIREITOS HUMANOS - PRÁTICAS SOCIAIS EM SITUAÇÕES DE DISCRIMINAÇÃO é uma tese escrita de forma segura e consistente, onde a autora - que dedicou 14 anos de sua vida no atendimento público e gratuito do HC/SP - contextualiza, historifica e aborda, de maneira clara e objetiva, toda a discriminação, estigmatização e sofrimento pelo qual os soropositivos passaram, e surpreendentemente, ainda passam hoje, em pleno ano de 2010.
Vanda demonstra que a discriminação em relação aos portadores do HIV é uma coisa muito mais complexa do que a maioria dos mortais pensa, e que essa carga emocional interfere diretamente na prevenção à infecção, e no cuidado aos soropositivos.
Ela acontece, na sua grande maioria, de forma velada, sutil, sem que a vítima - já fragilizada, ou pelo diagnóstico ou pelas doenças oportunistas - na maioria das vezes consiga provar que foi discriminado.
A autora prova - com pesquisas e entrevistas - que a discriminação ao portador do HIV ocorre na família, no trabalho, na comunidade, e nas relações amorosas.
Muitas vezes, os soropositivos são discriminados em lugares onde nunca deveria ocorrer, como nos serviços de saúde,com médicos, enfermeiros e recepcionistas despreparados - e que quebram na maior cara de pau suas éticas, ao revelar a sorologia dessas pessoas a terceiros, sem o consentimento dos pacientes que chegaram até eles confiando na ética e no sigilo do diagnóstico, numa das mais clássicas maneiras de discriminação.
Vanda aborda ainda a abominável falta de caráter, decência e ética dos famigerados médicos peritos do INSS, que na maioria das vezes não encostam no soropositivo - que já chega lá fragilizado, e passou anteriormente pela demora na marcação da perícia pelo INSS -, pedem que eles se mantenham à distância, e nem se dão ao trabalho de ler os laudos médicos que os pacientes trazem dos serviços de saúde onde se tratam, laudos esses que são completos, com todos os Códigos Internacionais de Doença e atestam fielmente a situação clínica do paciente e mostra que eles estão aptos a receber o Auxílio Doença.
Como complemento, digo aqui que os soropositivos se constituem atualmente no maior número de excluídos do Auxílio Doença do INSS, já que os despreparados médicos peritos dizem, na maioria das vezes, que "Aids, hoje em dia, não mata mais ninguém, e você está apto para trabalhar".
A obra procura entender os caminhos dessa discriminação, e de como os soropositivos podem recorrer à Justiça e outros meios, na busca pelos seus direitos civis e humanos aviltados, bem como entender as razões de não recorrerem, seja pela desinformação ou medo de ter a sua sorologia revelada, entre vários outros fatores.
Uma grande obra, escrita por uma grande mulher e profissional.
Capa do LivroObra: Aids e Direitos Humanos - Práticas Sociais em Situações de Discriminação
Editora: Juruá
Páginas: 229
Quanto: R$ 47,40 - nas Livrarias Cultura e da Vila
A Autora: Vanda Lúcia Vitoriano do Nascimento é Doutora em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP; Psicóloga pela Universidade de Fortaleza; membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Práticas Discursivas e Produção de Sentidos da PUC/SP; membro da Diretoria Nacional da ABRAPSO, entre outras láureas
Nenhum comentário:
Postar um comentário