Pessoal:
Abaixo, os indicados e uma curta análise dos indicados desse ano ao oscar de Melhor Filme Estrangeiro:
"A Fita Branca" - Alemanha
"A Fita Branca" foi o grande vencedor do circuito do cinema europeu, e já levou como o melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro, a Palma de Ouro no último festival de Cannes, e prêmios dos críticos de Chicago, Los Angeles, Toronto e Nova York.
O filme aborda uma difícil história, que se desenvolve em um povoado da Alemanha pouco antes da Primeira Guerra Mundial. Filmado em preto e branco, mostra as relações cruzadas e envenenadas entre os diferentes membros de uma comunidade de aparência perfeita.
Amores, ódios, rancores, invejas, tudo acontece em um estudo quase antropológico da maldade humana, realizado através de um frio distanciamento eleito pelo diretor para não tomar nenhum posicionamento e deixar o espectador sozinho diante de uma crueldade que permite entender as origens do nazismo.
É o grande favorito.
"O PROFETA" - França
"O Profeta", de Jacques Audiard, é o candidato que mais ameaça a "Fita Branca", depois de conquistar o Grande Prêmio do Júri de Cannes, o prestigioso Nacional Board of Review, da associação de críticos dos Estados Unidos, e o Bafta, no Reino Unido.
Os prêmios, aliados ao triunfo no francês César - com nove estatuetas, incluindo melhor filme, diretor e ator -, fazem com que a dura experiência carcerária de uma jovem árabe narrada por Audiard chegue ao Oscar com grande confiança e otimismo.
Audiard narra com crueza a história de Malik el-Djebena - interpretado com uma credibilidade dolorosa pelo quase estreante Tahar Rahim -, um jovem árabe de 19 anos condenado a seis anos de prisão por um pequeno crime.
O filme e os espectadores assistem impotentes à transformação de Malik, que do jovem inocente e analfabeto que entra na prisão passa a ser um delinquente que se movimenta com facilidade pelo submundo da máfia.
"O LEITE DA AMARGURA" - Peru
Foi no Festival de Berlim de 2009 onde levou o Urso de Ouro - que começou a bem-sucedida trajetória de "O Leite da Amargura", que narra a violência sofrida pelas mulheres peruanas durante os anos do terrorismo no país, entre 1980 e 2000. Além de Berlim, levou prêmios em Guadalajara (México), Havana, Lima e Montreal.
Em seu segundo longa-metragem, Claudia Llosa se centra em uma dura realidade e nas consequências ainda hoje vividas pelas mulheres que sofreram violações de forma quase sistemática e seus familiares.
Com a imprescindível ajuda da protagonista, Magaly Solier, a cineasta faz da câmera um elemento quase invisível para permitir a evolução de uma história rodada em grande parte em quíchua e que é tão dura em sua realidade histórica como em seu presente quase vazio de perspectivas.
Solier interpreta Fausta, a filha de uma dessas mulheres estupradas, e vive com o pavor de passar pelo mesmo que passou sua mãe.
Um medo que a paralisou durante toda a vida e que lhe impediu de levar uma vida normal, especialmente nas relações - inexistentes - com os demais.
Um grande filme.
"O SEGREDO DOS SEUS OLHOS" - Argentina
"O Segredo dos Seus Olhos", de Juan José Campanella, reúne uma bela história de amor misturada com uma investigação de assassinato.
A produção foi vencedora de vários prêmios do cinema argentino e levou o Goya, da Espanha, de melhor filme hispano-americano e de atriz revelação, para Soledad Villamil.
O sucesso levou "O Segredo dos Seus Olhos" a se transformar na maior bilheteira da Argentina dos últimos 34 anos.
Na segunda indicação de um filme seu ao Oscar - em 2001 concorreu na mesma categoria com "O Filho da Noiva" - Campanella tem de torcer contra o favoritismo de "A Fita Branca", e lembra, com esperança, de que nas últimas edições os mais cotados não levaram a estatueta.
O argentino Ricardo Darín, protagonista do filme,confirmou que, apesar da indicação assistirá à premiação do próximo domingo pela televisão.
"AJAMI" - Israel
"Ajami" entra na briga tentando acabar com um tabu do cinema israelense, que em nove indicações na maior prêmio do cinema nunca conseguiu levar uma estatueta.
E o retrospecto negativo pode, segundo críticos, acabar ajudando o estreante diretor árabe-israelense Scandar Copti a levar para casa seu primeiro Oscar.
"Ajami" conta sem contemplações ou julgamentos os enfrentamentos entre os diferentes grupos religiosos que compõem a sociedade israelense e que se misturam no bairro de "Ajami", no sul de Yafa, perto de Tel Aviv.
Choques culturais e religiosos, tensões entre policiais e militares, diferenças entre gerações, imigração ilegal, pobreza, tudo com o drama da ocupação dos territórios palestinos como pano de fundo.
"Ajami" conseguiu uma menção especial em Cannes, foi o filme mais premiado este ano em Israel e venceu diversos festivais, como os de Montpellier (França) e Tessalônica (Grécia).
É o grande azarão dessa categoria.
O brasileiro "Salve Geral", de Sérgio Rezende, foi o escolhido para representar o país no Oscar, mas não ficou entres os finalistas selecionados para disputar a estatueta.
E não é que, mesmo sem nenhum brasileiro, a América Latina emplacou dois fortes competidores nesse ano?
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